Uma turma dizia que Vampire Weekend não era a principal atração do MECA Festival, e sim o Two Door Cinema Club. Outra acreditava não conhecer Two Door Cinema Club e garantia que só havia ido ao festival para ver Vampire Weekend. Mas foi só até o penúltimo show da noite começar para o segundo grupo cair rapidinho nos riffs felizes e dançantes e nas linhas de voz essencial e excessivamente melódicas, algumas até familiares, da banda norte-irlandesa. Claro que o tietismo majoritário da plateia contagiou os descrentes: a primeira música, “Cigarrettes in the Theatre”, foi cantada em coro pelo público. E as conhecidas “Something Good Can Work”, “I Can Talk” e “Undercover Martyn” também. Mas, se não era esperado que a primeira apresentação do trio (que ao vivo abandona a bateria sintética e torna-se um quarteto) seria considerada a melhor da noite para tanta gente, para os próprios, era menos ainda. Confira o papo que tivemos com Sam Halliday (guitarra) e Kevin Baird (baixo) um pouco antes do Vampire Weekend subir ao palco.
por Maria Joana Avellar / Fotos: Divulgação
Vocês são de um país onde a galera pira nos shows…
Sim, na Irlanda eles literalmente enlouquecem, provavelmente porque bebem demais.
O que acharam da recepção dos brasileiros?
O show foi incrível. Nós sabiamos que tinhamos fãs no Brasil graças à Internet, mas não faziamos ideia que seriamos tão bem recebidos logo na primeira apresentação por aqui. Acho que os brasileiros não veem bandas internacionais constantemente, por isso vibraram tanto conosco.
E, como comentaram no show, aproveitaram o dia na praia?
(Foram vistos usando calças jeans na beira da praia, fazendo castelos na areia…)
Sim, foi ótimo. Comemos uma coisa deliciosa com carne em um palito cujo nome esqueci (mas eu acredito se tratar de crepe), tomamos banho de mar… A única coisa ruim é que Kevin foi queimado por uma água viva e ardeu bastante.
Os últimos dias foram cansativos, certo?
Sim, praticamente não dormimos desde que voltamos dos Estados Unidos, depois fomos para o show na Argentina e agora estamos aqui, praticamente sem dormir, na sequência ainda vamos para a Austrália, e depois Japão! Na verdade, não sabemos como estamos vivos.
Vocês ainda estão morando em Londres, certo?
É… mais ou menos. Na verdade estamos em aviões o tempo inteiro. Além das turnês, oscilamos entre a Inglaterra e a Irlanda do Norte, onde estivemos pela última vez para passar os feriados de final de ano. Agora, vamos nos concentrar em Glasgow, na Escócia, para fazer o novo álbum.
Vocês vão fazer a gravação lá?
Não, ainda não sabemos onde vamos gravar. Na verdade, o Brasil estava cotado, sabia? Mas por algum motivo desistimos.
E o que vocês podem adiantar sobre o novo trabalho?
Na verdade tudo que podemos adiantar já fizemos, pois tocamos uma música nova hoje, “Hand Shake”. Mas já temos algumas ideias.
Vocês soam muito contemporâneos, escutam majoritariamente música do nosso tempo?
Realmente, gostamos muito de bandas como Modest Mouse, Death Cab For Cutie, Kylie Minogue, mas também ouvimos Stevie Wonder e John Denver. Todos temos gostos bastante variados.
Há um tempo vocês temiam “ser alcançados pela tendência” e fazerem canções com prazo de validade definido. Vocês ainda pensam sobre isso?
Sim, definitivamente. Mas ao mesmo tempo estamos mais tranquilos porque vamos fazer o próximo álbum em breve e esperamos que ele ajude a consolidar a posição que atingimos e a crescer, é claro. Estamos ansiosos, na verdade, apesar de cansados.
Set List do show:
Cigarrettes
Undercover Martyn
Hands Off My Cash
Do You Want It All
Something Good
Hand Shake
This is the Life
Kids
You’re not Stubborn
Costume Party
What You Know
Eat That Up
Come Back Home
I Can Talk
Mais:
TDCC também se apresentou no Rio de Janeiro no dia 30 do mesmo mês. Ironicamente, de acordo com a Folha, São Paulo ficou de fora do circuito de shows da banda no Brasil porque produtores temeram que ela competisse com o público do Vampire Weekend. A banda nova-iorquina se apresenta na capital paulista no dia 1 de Fevereiro.
A surpreendente quantidade de hits da banda de apenas um álbum, Tourist History (2010), colocou-a entre as cinco indicadas para a categoria banda nova no NME Awards, além de torná-la cotada para ficar ainda maior em 2011. A nós resta dizer: boa sorte.