_por Tomás Bello
Foopalooza. Lollapafooza. Quem sabe Foo Fighters Br. Poderia ser algo assim o nome do festival que tomou conta do Jockey Club de São Paulo neste sábado, 07 de abril.
Claro que o line up do Lolla Brasil estampa nomes que agradam indies, pops, electros e roqueiros. Artistas que fizeram o povo cantar e dançar sob um sol forte, escaldante. No entanto, o primeiro dia de Lollapalooza no país já tinha dono antes mesmo de começar: Dave Grohl.
Era ele o principal assunto em toda e qualquer roda de conversa, o foco de todas as atenções, o rosto a estampar a grande maioria das black t-shirts a circular pelo gramado do Jockey.
O festival norte-americano foi criado em 1991 por Perry Farrell, vocalista do Jane’s Addiction. Virou marca reconhecida mundo afora, sinônimo de boa música. Em sua estreia no Brasil, Farrell fez questão de mesclar o novo com o velho, o tupiniquim com o gringo. Montou uma programação dinâmica, com um pé no indie ’00 e outro no rock noventista. Pelo que se viu durante às quase doze horas de shows, funcionou.
Agora, a verdadeira sensação que se tinha no decorrer da jornada era de que tudo não significava muito além de passatempo até que o relógio batesse 20h28.
Foi dois minutos antes do programado que Dave Grohl levou o Foo Fighters ao palco. Já na largada, uma sequência de perder o ar: “All My Life”, “Times Like These”, “Rope”, “The Pretender” e “My Hero”.
“Hi, I’m Dave. We’re the Foo Fighters”, anunciava Grohl ao microfone. Minutos antes, era preciso esforço pra ouvir sua voz em meio a 75 mil pessoas cantando cada palavra de cada uma das cinco músicas iniciais.
“So are you ready to rock?”, perguntou. A resposta foi “Learn To Fly”.
Exatas duas horas depois, os Foos davam seu primeiro bye bye com “Best Of You”. Telões desligados, palco no escuro, multidão à espera do bis. Até que surge Dave ao lado do baterista Taylor Hawkins.
Eles estão no backstage, cara a cara com uma câmera, climão voyeur. Brincam com o público indicando o número de tracks que tocariam ao retornar pra mais meia hora de show.
“Enough Space”, faixa do discaço The Colour and the Shape, abre o bis. “For All the Cows” e “Dear Rosemary” vêm na sequência. E aí vem o momento “prestação de contas roqueiro” da apresentação – Joan Jett é chamada ao palco, acompanha o Foo Fighters em “Bad Reputation” e na clássica “I Love Rock ‘n’ Roll”.
“Everlong” encerra a noite. Duas horas e meia de rock, de guitarras altas, hits gigantescos e um Dave Grohl mais carismático do que nunca. Duas horas e meia de euforia, devoção, idolatria.
Impressionante o que se tornou essa banda ao longo de seus dezessete anos.
Mas antes disso…
O Cage the Elephant mandou um set caótico, rocker com todas as forças. E com direito ao bom e velho mosh – ao final do show, o vocalista Matt Shultz quase se deu mal: mergulhou em meio a multidão e ali se perdeu. Com muito esforço fez seu caminho de volta.
Hits como “Ain’t No Rest for the Wicked” e “Aberdeen” foram cantados em coro pelo público. Aliás, nos pegou de surpresa ver tanta gente enlouquecida com o show dos americans. Coisa boa!
“Thank you for having us in your beautiful country.” Com essas palavras, o vocalista Ben Bridwell encerrou a apresentação do Band of Horses no palco Butantã. O que só veio a carimbar a simpatia do grupo, aparentemente felizaço por estar no Brasil.
O Band of Horses deixou o palco ovacionado, abaixo de palmas e multidão de mãos pra cima. Emocionou.
No palco Cidade Jardim, que mais tarde recebeu Dave Grohl, o TV On The Radio fez um show pra fãs. Tiveram a difícil tarefa do “pré-Foo Fighters”, mas deram um jeito de colocar um povo pra dançar com boas tracks como “Golden Age” e “Will Do”.
“Let’s see how this looks”, mandou o vocalista Tunde Adebimpe ao ver sua imagem no telão. “Oh, no one ever told me my ass was so nice!”
Sim, ela fez um duo bombástico com Dave Grohl ao final do primeiro dia de Lolla. Antes disso, porém, fez o rock ‘n’ roll à sua maneira do palco Butantã.
53 anos, uma vida dedica ao rock, e Joan Jett mostrou que deixa muito roqueirinho de plantão chupando o dedo.
Se os shows fizeram o povo deixar o Jockey com muito assunto pro boteco, a infraestrutura do Lolla Brasil pode levar pra casa algumas lições – esperar cerca de uma hora pra comprar uma cerveja, por exemplo, não é uma experiência muito bacana quando sua banda favorita está tocando no palco logo ali. Assim como não é nada legal enfrentar uma fila um tanto caótica já na chegada ao evento.
Neste domingo, dia 08, rola o segundo dia do Lollapalooza em Sampa. Entre as principais atrações estão Arctic Monkeys, MGMT, Friendly Fires e Jane’s Addiction.
Lolapalooza Brasil
Quando: Sáb. e dom., dias 07 e 08 de abril, à partir das 12h
Onde: Jockey Club – São Paulo (Av. Lineu de Paula Machado, 1263 | Fone: 11 2161-8300 )
Quanto: Ingressos esgotados para sábado. Domingo R$ 300.
Mais Info: www.lollapaloozabr.com
** Fotos por Rafa Rocha. Exceto Foo Fighters (Divulgação Lollapalooza)