Especial | The Wall: A grande cuspida do rock

23/03/2012

The specified slider id does not exist.

Powered by WP Bannerize

Avatar photo

Por: Revista NOIZE

Fotos:

23/03/2012

_por Nícolas Gambin

1979. 4 músicos. 11º álbum da carreira deles. 26 faixas. 81 minutos. 23 milhões de cópias vendidas. 23 “discos de platina”. 15 semanas no topo da lista da Billboard – e outros 6 meses entre os mais vendidos
(quantas cópias ainda saem por ano, atualmente? 100, 1.000, 10.000, um milhão? O chute de Waters é 4.000.000). E – quase escapou – 1 longa-metragem subsequente. Reza a história, tudo por causa de um cuspe.

*

Escarros e egotrips
Rebobinando a fita, vamos a dois anos antes – o Pink Floyd, no Canadá, em sua turnê do Animals (1977). Eis que, durante certo show, Roger Waters se incomoda com o comportamento petulante de determinado sujeito na plateia e lhe dá a devida punição: um bom banho de catarro é escarrado à fuça do fã-pentelho. Assim, sem mais nem menos, o enredo está tinindo: Waters, em crise com o que acontecera, pensa em sua mente de tormentos mil: “Que tal um… ‘murinho’, entre eles e eu?”. Egotrip, lenda, mito, mentira, se foi culpa de “umas a mais” no hotel ou de hectares fumados no camarim… O importante é que hoje você tem em mãos o The Wall. Precisa mais?

Álbum-conceito
Mesmo que a trilogia antecessora (Dark Side Of The Moon, Wish You Were Here e Animals) já apresentasse uma construção conceitual, assim como outros clássicos álbuns duplos do rock o fizeram anteriormente (The Who – Tommy, David Bowie – Ziggy…), é em The Wall que o “conceitualismo” se cristaliza e se populariza – principalmente devido ao estouro radiofônico de várias tracks presentes (vide “Another Brick In The Wall Pt. II”, tocada até a exaustão em pistas de dança, tal qual um sucesso disco music).

Para quem chegou de Marte: em The Wall o tema central é a fictícia vida de um astro pop, que arruinado pelo sucesso, pensa ter se tornado um líder fascista, recolhendo-se ao seu purgatório pessoal em forma de
distanciamento social, psicológico e emocional e através de autodestruição. Além da temática comum à todas faixas, um álbum-conceito também explora essa mesma unidade narrativa de maneira musical. Em The Wall,
os “temas” se repetem, com mudanças minimalistas ou pequenas alterações nos compassos, mas sempre imperando um forte traço-comum entre eles – como uma espécie de leitmotiv, que na dramaturgia ou
literatura quer simplesmente dizer “figura de repetição”.

(Momento enciclopédia: excluindo concertos clássicos e óperas, como as de Wagner, por exemplo, o primeiro álbum-conceito data de 1940: Dust Bowl Ballads, do compositor folk Woody Guthrie.)

Tá gostando? Calma. Tudo isso faz parte do nosso especial que comemora a vinda de Roger Waters ao Brasil. Amanhã você confere a continuação deste texto.

@nicolasgambin é jornalista freela e aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas.

Tags:, , ,

23/03/2012

Avatar photo

Revista NOIZE