Acompanhe a relação de Chico Buarque com o futebol ao longo das décadas

12/06/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos: Reprodução

12/06/2014

Chico Buarque completa 79 anos de amor ao futebol. Se fosse ano de Copa do Mundo, a seleção poderia dedicar a taça da vitória para o músico. Afinal, desde a Copa de 1950 ele espera por isso. Aos seis anos, o pequeno Francisco ficou inconsolável ao ouvir em seu radinho de pilha a trágica derrota do Brasil pelo Uruguai no Maracanã.

É preciso considerar que a bola adentrando a rede é um símbolo fundamental na constituição da psique de Chico Buarque. Quando criança, ele morava muito perto do estádio do Pacaembu e acompanhava toda a movimentação que havia ao seu redor. Em 1958, foi tietar a Seleção do Brasil que estava concentrada perto de sua casa. E, ainda adolescente, se inscreveu para jogar no Juventus de São Paulo – apesar de nem ter sido chamado para fazer o teste.

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Depois dessa, Chico desistiu da profissão de atleta. Resolveu ser músico na vida (ainda bem!) mantendo o futebol uma paixão que permanece nutrindo com carinho, aconteça o que acontecer. Em seus primeiros discos, o esporte é citado aqui e ali em várias faixas, mas só em 1968 Chico falou do seu time do coração na música “Bom Tempo”, presente em um LP compacto onde ele canta: “Satisfeito, a alegria batendo no peito/O radinho contando direito/A vitória do meu tricolor”, referindo-se ao amado Fluminense.

Quando chegou 1969, Chico já fazia um sucesso brutal, mas sua postura adversária à Ditadura Militar motivou um autoexílio na Itália. E lá o compositor ficou amigo de ninguém menos que Garrincha, com quem passava horas falando de música e futebol. “Eu era o chofer de Garrincha. Ele jogava umas peladas – algumas remuneradas – na periferia de Roma e eu é que levava Garrincha no meu Fiat”, contou Chico em entrevista ao repórter Geneton Moraes Neto, em 1998.

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De volta ao Brasil, Chico transformou o campinho no fundo da sua casa em um dos maiores templos do futebol informal da música brasileira. A quadra se tornou a sede oficial do Politheama, nome do time de futebol de botão da infância de Chico que acabou virando uma equipe de verdade. Foi nesse campo, em março de 1980, que ele formou um time junto com Bob Marley, Toquinho e Julian Marvin (guitarrista do The Wailers). A pelada foi contra o time de Alceu Valença, que perdeu de 3×0.

Essa constelação de artistas reunida em torno de uma bola que quica demonstra o quão profunda é a relação entre o futebol e a música e ilustra a tese de que o esporte em si não é sinônimo de alienação, mas sim um foco de vivências compartilhadas. Nas palavras de Chico, “é possível encontrar algo semelhante ao futebol no jazz”: “Há no ato da criação momentos em que você parece iluminado. São jogadas que acontecem sem que você tenha pressentido. De repente, vem uma ideia. É o que acontece com o futebol: é como se o corpo recebesse uma luz repentina inexplicável”, contou Chico a Geneton Moraes Neto.

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12/06/2014

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