_por Crib Tanaka
O sotaque francês é sedutor. Dizem alguns que é mais bonito vindo delas. Eu discordo, acho que a língua flui belamente, independente do sexo, e faz a gente pausar um pouco o pensamento, para ouvir os erres puxados e cheios de charme.
Ícones da música francesa reafirmam esse pensamento, ao virarem referências de um estilo atemporal, mas muito moderno, que endossa esse je nes sai quoi.
_para ler ouvindo:
Françoise Hardy é uma das maiores musas dos anos 60. Em 1961, com apenas 17 anos, ela estourou com o hit “Tous les garçons et les filles”, com mais de 2 milhões de cópias vendidas. Nicolas Ghesquiére, da Balenciaga, contou que Hardy foi uma de suas inspirações, pela modernidade atemporal.
O bacana é o contraponto entre o make e cabelos sempre super femininos – delineador + franja – e looks modernos, mas feitos a partir de itens essencialmente básicos e que atravessam gerações.
Adoro a imagem dela futurista, com um macacão metálico, como ela aparece nesses momentos:
Mas, na maioria dos registros fotográficos, a musa aparece com itens essenciais do guarda-roupa, como trench coat, tricôs, perfecto, listras, sapato bicolor.
Se Françoise representa bem esse jeito das francesas tornarem o despretensioso chique e charmoso, Serge Gainsbourg (que chegou a escrever músicas para Françoise) representa o francês sedutor e irresistível.
O cantor, ator e cineasta foi imortalizado pela música polêmica Je t’ aime moi nos plus, super erótica, onde ouvimos o diálogo de dois amantes, com muitos suspiros de prazer.
Originalmente, a sua ideia era gravá-la em um dueto com seu affair na época, Brigitte Bardot – a maior musa francesa, diga-se de passagem. Bardot negou, prevendo a polêmica em volta da canção. Serge não se fez de rogado e achou uma substituta para a história, Jane Birkin, que tinha acabado de gravar cenas de nudez para o filme Blow Up. Os dois gravaram e depois terminaram casando-se, vivendo juntos por 13 anos e tendo uma única filha: a também musa Charlotte Gainsbourg.
O casal, super interessante, apareceu em muitos editoriais incríveis, resultando em imagens como essas:
Sempre envolvido em histórias com mulheres, álcool e drogas, Serge personificou o francês sedutor e boêmio. Seu visual atemporal e clássico resiste como referência: alfaitaria, camisaria, tons sóbrios.
@Crib Tanaka é carioca-sansei, jornalista e trabalha com marketing. Acredita cada vez mais no ditado que diz “temos dois ouvidos, dois olhos e uma boca para vermos e ouvirmos duas vezes mais do que falamos.”