Exclusivo | Bebé mapeia intersecções entre o onírico e o real em disco de estreia

15/07/2021

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Wallace Domingues/Divulgação.

15/07/2021

Fazendo da levada groovada com pitadas metálicas de indie pop o seu timoneiro, o disco homônimo de estreia da cantora e compositora Bebé ganha status de embarcação. Através dele, ela navega pelos marés do tangível e do que está em suspenso. Dilatando os significados de realidade, as dúvidas, incertezas e introspecção se transformam – pelo menos aqui – em chaves para a conexão com sonhos, visões, projeções, e tudo mais que habita o onírico. O álbum que tem lançamento oficial marcado para amanhã, dia 16, é antecipado hoje com exclusividade para a NOIZE, com direito a conversa com a artista. Deslize pelo papo já acompanhado por Bebé – basta soltar o player abaixo:

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O que você ouve é o resultado da união dos desejos artísticos de Bebé à super produção musical de Sérgio Machado Plim, que já trabalhou com nomes como Racionais MC’s, Milton Nascimento, Liniker e Negro Léo. Tudo isso se soma às trocas de Bebé com Bruno Rocha, que assina também a direção do clipe de “Saltos de Realidade”, e as participações especiais de Ana Frango Elétrico, Fabríccio, Vitor Milagres e Lello Bezerra. A cereja do bolo é a parceria entre os selos Bastet e Ori Records, que abrem os caminhos do projeto.

Dos seus 17 anos de idade, Bebé já soma 8 deles dedicados à carreira musical. Um currículo que envolve feitos tais como chamar atenção de Jô Soares, que a entrevistou em seu Programa do Jô em 2015, a participação de destaque no reality musical The Voice Kids Brasil no ano seguinte, e comparações às vozes de Billie Holiday e Sarah Vaughan. Se por um lado o retrospecto é auspicioso, por outro é marcado pelas fantasiosas expectativas sobre como uma jovem artista mulher pode ou deve soar. Sobre isso, Bebé Salvego analisa: “No aspecto [da] expectativa midiática, eu sempre fui tranquila, mas ao mesmo tempo exigente comigo mesma pela minha identidade de voz, como intérprete e hoje como compositora”. Ela adiciona: “Essas experiências vierem apenas para somar em minha vida e desde pequena enxerguei que são apenas meios de visibilidades”.

A sagacidade de buscar proteger a autenticidade vem da intuição e a fé no jazz: “Eu apenas não desviei os caminhos que me pertencem desde pequena, assim como o jazz. Nunca tive pretensões, só deixei tudo fluir ao todo no que eu acredito”, reforça. Vibrando nessa frequência, calhou de sintonizar um espaço seguro: “O Selo Bastet é um ambiente que me deu liberdade e desafio para encontrar essa autenticidade no som e composição. Me deixando confortável como mulher para trilhar meus próprios caminhos de liberdade de expressão no meu próprio som e assim valorizando esses processos”, saúda.

Em menos de 30 minutos, Bebé amplifica um universo entrecortados por espelhos e molduras vazadas, entre objeto e reflexo, num jogo não de enganações, mas de ilusionismo à favor da fantasia e da suspensão. As camadas sonoras se orientam por um R&B arejado, feito para espaço ao ar livre, arrojado, com timbragens sintéticas, reverbs, assumindo-se durante a progressão do álbum cada vez mais indie pop. Dream pop, chill, house e trap se combinam de forma minimalista e experimental, e estimulam referências a trabalhos de Solange, Mahmundi, Toro Y Moi, Arlo Parks, Noname e Liniker. Sobre esse processo, ela compartilha:

– Tudo começa no meu encontro com a direção e produção musical do Sergio, que me abriu a cabeça trazendo referências desafiadoras, assim me instigando com toda a liberdade na composição e aos novos sons. O álbum caminha sobre meus processos de amadurecimento, particulares. Em histórias oníricas a questionamentos densos e a filosofia sobre mim mesma.

Bebé por Wallace Domingues/Divulgação.

O álbum cresce ao proporcionar uma coesão sujeita a quebras de expectativas. Há um contraste fluído entre solavancos – marcados pelas distorções, fragmentações, graves e flows velozes – e deslizes – repetições, grooves arredondados e vocais amanteigados. O que essa coreografia quer provocar? Bebé é taxativa: “Quero expressar e comunicar os altos e baixos, tensões e resoluções que refletem a vida. Ou seja, mostrar a todes, de diversas idades, que passamos pelas mesmas merdas e questionamentos”.

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15/07/2021

Brenda Vidal

Brenda Vidal