Exclusivo | BIKE solta EP inédito e nova dose do seu próximo disco

04/10/2019

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Cassio Cricor/Divulgação

04/10/2019

Comemorando quatro anos de atividades intensas, o pessoal da BIKE viajou na proposta de que seu novo disco giraria em torno das divisões por quatro. Chamado Quarto Templo, o álbum produzido pelos célebres Apollo 9 e Renato Cohen contém oito faixas, mas foi picotado em quatro EPs de duas faixas que estão saindo um a um, em doses que devem ser administradas tendo consciência de que elas podem mexer com a sua cabeça.

“A ideia de dividir em quatro partes veio por ser o quarto álbum da banda, mas pode ser interpretado como os quatro elementos da natureza, quatro estações, os quatro cantos, ¼ de ácido, ou qualquer outra coisa que você quiser fracionar”, explica Julito Cavalcante, vocal e guitarrista da banda.

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Cada quartinho do disco será lançado separadamente no primeiro trimestre de 2020 em compactos em vinil de 7 polegadas. A primeira parte da viagem, com as faixas “Fogo anda comigo” e “Divinorum”, já havia sido lançada (confira mais abaixo ao longo do texto). Agora, a NOIZE lança com exclusividade a segunda parte da trip, que traz “O Velho Caminho das Nuvens Brancas” e “Vento Solar”. Dê play e mergulhe:

Vale apontar que o projeto Quarto Templo foi gravado no estúdio paulistano A9, um espaço construído pelo engenheiro Roy Cicala aos moldes do estúdio Record Plant, em NY. O local conta com equipamentos modificados pelo próprio Roy, que ficou famoso pelo seu trabalho com artistas como John Lennon, Jimi Hendrix, David Bowie e Lou Reed. Tudo isso, somado à colaboração dos produtores Apollo 9 (que trabalhou com Planet Hemp, Otto e Rita Lee) e Renato Cohen (referência na música eletrônica brasileira) trouxe uma atmosfera única para essas novas gravações da BIKE.

O novo EP da banda será lançado em um show no dia 24/10, em São Paulo, no projeto Quinta Mais Cedo do Mundo Pensante (mais informações aqui). A data dá sequência à turnê nacional que está em andamento e deve seguir até o ano que vem. Depois, a banda está planejando uma nova tour na Europa, conforme explica Julito em entrevista exclusiva que você lê abaixo. No papo, ele comenta a fase atual da BIKE, como nasceu o novo disco Quarto Templo e ainda aponta os próximos planos no horizonte do grupo.

Capa da parte 2/4 de Quarto Templo (Arte: Juli Ribeiro)

Após quatro anos de banda, qual sua avaliação do momento atual do grupo? Em termos de sonoridade e dinâmica de trabalho, o que mudou e o que se manteve? 

Acho que é o momento mais maduro da banda como banda. Já faz mais de dois anos que estamos nessa formação, as influências e direções que tomamos estavam bem alinhadas entre todos. O hype de ‘banda psicodélica que parece Tame Impala’ que é aplicado a qualquer banda psicodélica hoje já não cabe mais. No último trabalho, fizemos um disco mais calmo fugindo do que estava sendo feito no Brasil, mas que foi muito bem aceito lá fora. Acho que nossa sonoridade não mudou muito, só vamos abrindo o leque como sempre, experimentando cada vez mais e nunca deixando de compor e estudar. Acho que em tempos de King Gizzard, Ty Segall e outros artistas prolíferos, a gente tem mais é que produzir arte sem parar como era feito nos anos 60/70.

Comenta por favor o processo de criação do projeto Quarto Templo. Como vocês chegaram a esse conceito de fracionar o disco em quartos?

Quarto ano de banda e quarto disco, a gente ficou pensando sobre isso e uma maneira diferente de lançar o álbum físico, chegamos na ideia de lançar em quatro vinis de 7 polegadas com duas músicas em cada e, nas redes, em  videos com as duas faixas juntas.

O processo de criação foi livre, fizemos algumas sessões de gravação em trio (baixo, guitarra e bateria) no estúdio do Diego, depois de algumas sessões separamos as oito músicas principais e fomos pro estúdio do Apollo [9] com o Renato [Cohen] e começamos as gravações pra valer. Enquanto gravamos a parte instrumental,  as letras surgiram e o disco foi se completando. Seguindo essa ideia dos 4/4, a Juli [Ribeiro] criou as capas e os videos e o conceito fechou. Quando as quatro partes estiverem lançadas tudo vai fazer mais sentido, mesmo separado as partes se conectam se forem ouvidas de uma vez, 1/4 de cada vez, pra bater com calma.

Ouça o EP que lançou as primeiras duas faixas de Quarto Templo:

Como foi a contribuição do Apollo 9 e do Renato Cohen? O que cada um trouxe pro som do BIKE e como foi trabalhar com eles?

O Renato chegou a fazer um remix da ‘Montanha Sagrada’ e tivemos nosso primeiro contato positivo. Ele e o Apollo são amigos da adolescência e se reencontraram no ano novo e tiveram essa idéia de trabalhar juntos  com a gente em um disco. O Renato trabalhou nos beats e na produção das músicas, o Apollo atacou mais nas teclas e conselhos. Pra nós foi um grande aprendizado, pois foi a primeira vez que tivemos outras cabeças pensando e dando idéias num projeto. Acabamos chegando em resultados, timbres e experimentos que não chegaríamos sozinhos.

Tanto o Apollo 9 quanto o Renato Cohen tem um envolvimento com linguagens da música eletrônica. De que forma vocês sentem que se relacionam as tradições da música eletrônica e da música psicodélica e como essa relação inspira vocês? Vi que vocês citam o krautrock como referência. 

Não queríamos ser aquela banda que só bota um synth e diz que ficou mais eletrônico. Então, desde que fomos pra Alemanha, começamos a estudar e escutar bandas que experimentaram essa sonoridade mais eletrônica e acabamos caindo no krautrock. Além de ouvir muito CAN, acabamos conhecendo e tocando com muitas bandas mais novas que flertam com o estilo como Viagra Boys, Minami Deutch e Crack Cloud.

Em termos estéticos, me parece que há uma busca da banda por comunicar sentimentos muito a partir das sonoridades, indo além da compreensão convencional da letra de uma canção. Como vocês enxergam essa questão?

Essa pergunta definiu o que pensamos sobre a nossa música, as sensações e sentimentos que, na maioria das vezes, são transmitidos pelas letras e ideias claras, ficam subjetivas e deixam o ouvinte livre pra sentir o que quiser, as partes mântricas e as dinâmicas fazem esse papel.

Quais são os próximos passos da banda? O que imaginam para o ano que vem?

Vamos começar a turnê brasileira em outubro e devemos seguir até o meio do ano fazendo shows por aqui. Vamos lançar as quatro partes em vinis de 7 polegadas no primeiro semestre de 2020 e continuar o lançamento com mais três clipes. No segundo semestre, seguiremos pra outra tour européia e devemos lançar o quinto álbum na segunda metade do ano.

Confira as datas dos próximos shows da BIKE:

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04/10/2019

Editor - Revista NOIZE // NOIZE Record Club // noize.com.br
Ariel Fagundes

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