Exclusivo | Cuqui acolhe a bad vibe e lança o EP “Tristinha”

24/07/2020

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: Cuqui/Divulgação

24/07/2020

Todo o ano traz desafios, mas é fato que 2020 tá especialmente denso. Meio que “Tá Tudo Errado”, como classifica a artista Cuqui, conhecida por integrar o projeto Musa Híbrida, no título de uma das faixas de sua estreia solo: o EP Tristinha. Ouça já:

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Feito especialmente para as “tristinhas com pressão baixa”, como ela define, a novidade é norteada pela experimentação. Registro genuinamente contemporâneo, tanto lírica quanto sonoramente, e guiado pela filosofia “pega o que você tem e faça você mesmo”. A vontade de investigar possibilidades criativas de forma solo sempre existiu mas, segundo ela, faltava traquejo para a produção musical. “Fazer tudo é um aprendizado e tanto e a quarentena faz ser o novo normal utilizar os recursos que estão alcance pra fazer o possível. Minha voz foi gravada num celular da Quantum e toda a mix foi feita num MacBook branco daqueles muy old“, entrega.

Letrista das canções da Musa Híbrida, ela também reflete sobre uma certa dose de acomodação que a fez protelar em se aventurar pelo universo das camadas sonoras. “Sinto que a facilidade de ter a mão mágica do Vini Albernaz me fez levar todas as canções pra banda e durante muito tempo adiar a questão de finalizar sozinha”, elucida.

Cuqui 1/3 (Autoretrato)

Mais assertiva em realizar o EP lançado hoje de forma autônoma, Cuqui conta que Vini também a ajudou em diversos processos, entre eles a masterização. Tristinha leva o carimbo do selo Escápula Records. “A Escápula e, principalmente, a Ana Maia foram extremamente importantes nesse processo, e é por causa dela que o selo merece ter cada vez mais mulheres poderosas no catálogo”, afirma a musicista.

Nessa jornada de autoprodução musical e autoconhecimento, Cuqui se inspira em nomes como Adriana Calcanhoto, Saskia e Fiona Apple para se investigar em um período tão complicado, sobretudo para os que compõe o setor criativo. “Além de não ter a possibilidade de não fazer shows, minha principal atividade financeira é como tatuadora e, nesse momento, parei completamente, por entender que não é um item de primeira necessidade”, divide. Nesse cenário, ela tem abraçado trabalhos remotos – que você pode conferir e apoiar aqui e aqui, além do plano de adquirir uma impressora para a produção “desenfreada”, como ela sugere, de zines e prints ainda para este ano.

Cuqui 2/3 (Autoretrato)

Não tem como não abordar a temática escancarada no título “Tristinha”. Sobre seu relacionamento com os momentos tristes e seus aprendizados, Cuqui compartilha uma reflexão que dá vontade de transcrever e pregar com um imã na porta da geladeira:

Primeiramente, eu não acho que seja possível estar feliz nesse momento. Além do luto pelas mortes no mundo todo, nosso país enfrenta uma crise política extremamente inoportuna. Ficar tristinha muitas vezes, pra mim, significa tomar consciência do que tá acontecendo, olhar de frente para o caos. O maior problema da tristeza é ela conseguir te paralisar, o que muitas vezes acontece. Eu tento administrar a tristinha dentro de mim de um jeito bem Fiona Apple: pra que escrever canções se eu estou feliz? Mas dados os problemas atuais, também tenho tentado não me cobrar produtividade o tempo todo, que percebo que vem sendo uma questão latente para os artistas quarentenados e acaba sendo mais uma pressão entre tantas e gerando muita ansiedade. Comer bem, tomar banho e tentar não entrar em desespero são as atividades diárias que tenho prezado.

Cuqui 3/3 (Autoretrato)

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24/07/2020

Brenda Vidal

Brenda Vidal