#ExclusivoNOIZE | Francisco, El Hombre lança EP “La Pachanga!”

27/04/2015

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Divulgação

27/04/2015

Cores, culturas, acordes e amores. Esses elementos flutuam com harmonia no som da banda Francisco, El Hombre, criada pelos irmãos mexicanos Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte. A dupla vive há anos no Brasil e foi aqui onde nasceu, em 2012, a banda que hoje é completada por Andrei Martinez Kozyreff, Juliana Strassacapa e Rafael Gomes.

Apesar de Francisco, El Hombre ter os pés fincados em São Paulo, seu coração nômade pulsa mais forte quando vaga por las calles latino-americanas. A banda passou o último ano viajando pela América do Sul e voltou ao Brasil com um material pronto para gravar seu segundo EP, La Pachanga!.

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Lançado agora pela NOIZE, o material conta com a participação da cantora chilena Francisca Valenzuela e apresenta uma sonoridade menos agressiva do que o trabalho anterior, EP (2013). Ouça abaixo e veja o que Sebastián Piracés-Ugarte nos contou sobre esse tempo viajando, a gravação do EP e o convívio dessa banda que é uma família.

Para quem nunca ouviu falar sobre Francisco, El Hombre, como vocês se apresentam? Vocês são uma banda? Um coletivo? Uma ideia?
Eu diria que no palco somos uma banda, no rolê somos um coletivo, em casa somos família. Podemos também ser uma ideia, ou melhor, um conjunto de ideias em constante movimento. Sei lá, somos um grupo de amigos que vive juntos, que gosta de viajar e se mexer e tocar e aprender. E nessa movimentação a gente conhece um monte de gente incrível. Isso seria uma banda?

O novo EP apresenta um som mais acústico e menos pesado do que o anterior. Por quê?
O EP La Pachanga! foi escrito logo após nossa primeira “grande” turnê internacional, ainda processando toda a grande aventura de deixar de pagar o aluguel de casa para começar a viajar por ai. Colocamos tudo aquilo que cabia no carro, instrumentos e algumas roupas e discos e sacos de dormir e saímos. Como não cabiam baterias, amplis, e também porque tínhamos que tocar muito na rua e em eventos “espontâneos”, do jeito que a banda nasceu, decidimos focar nos shows acústicos. Nesse contexto o disco saiu assim, gravado em 4 dias e meio em São Paulo, uma mistura do show acústico e energetizado, do intimista até o bem movimentado.

Ouça aqui EP (2013): https://soundcloud.com/franciscoelhombreband/sets/ep-2013

Como rolou a participação da Francisca Valenzuela no EP?
O convite foi feito por meio da nossa produção, logo depois de voltarmos do Chile. Foi aquela típica situação cotidiana: “E se vocês gravassem com um artista chileno?”, “mas quem poderia ser?”, “ei, sou amigo da Francisca, bora lá?”, “sério?”, “sério”, “bora lá?”, “bora!”. E não é que rolou? E vai falar que ela não tem uma voz linda?

Quanto tempo vocês ficaram viajando nessa grande turnê?
No decorrer dos últimos 14 meses fizemos quatro turnês de quase 2 meses de duração cada: duas pelo sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Chile, uma pelo nordeste e uma nacional. Além disso fizemos constantes mini-tours. Então eu diria que esta enorme viagem já está durando algum tempo!

Vocês pensaram em uma estrutura mínima ou toda viagem foi sendo improvisada a cada passo?
Procuramos sempre uma estrutura decente que garanta nossa sobrevivência, ainda que às vezes a própria estrutura decente seja improvisada – se jogar na estrada, às vezes completamente ao azar, confiantes, tem nos ensinado muito.

Onde vocês foram mais bem recebidos? Teve algum lugar onde vocês se deram mal?
Sempre somos bem recebidos, mas algumas vezes são melhores ou mais intensas que outras. Não se compara tocar um show numa chácara com a nossa “família” do Rio Grande do Sul versus um hostel que marcamos de última hora em que o funcionário não nos conhece e francamente estava cansado demais; a questão é sempre agradecer igualmente pela oportunidade, seja festival seja quintal. É difícil que enfrentemos problemas nos shows. Uma vez num lugar que tocamos em Buenos Aires (que não vou citar) o gerente foi mega desrespeitoso e cortou nosso som na última música (terminamos a música no gogó a pedidos do público). Em outro lugar, outro momento, também já tentaram deixar de pagar o combinado, o que é relativamente comum para a infelicidade do músico. Mas enfim, pessoas serão pessoas, paciência no aprendizado.

Qual foi o maior problema que vocês enfrentaram nela?
O recorde nosso com certeza foi o “famoso” assalto na Argentina. De repente se encontrar num bairro desconhecido, num país que não o seu, de madrugada, sem um puto no bolso… Conseguir pagar nossas escovas de dente depois de 4 dias nunca foi tão comemorado. [Na metade de janeiro, o grupo foi assaltado na cidade argentina de Mendonza. Foram levados dois violões, uma guitarra, um baixo, percussão, roupas, 400 discos, mil pesos argentinos, US$ 300, dois celulares e duas câmeras fotográficas. A banda chegou a criar o site www.salvefrancisco.com para receber ajuda e seguir a viagem.]

Qual foi o maior aprendizado que tiveram?
Que no final das contas é sempre bom contar com a sua família de amizades para sobreviver tempos difíceis que podem vir.

O que vocês viram que há em comum em todos países que vocês passaram?
O que há de comum neste imensidão de mundo que é a América Latina? Não conseguiria definir sem comprometer a real experiência de estar em cada canto do continente. Ainda temos muito, muito que aprender, mas o sentimento que carregamos é de energia, de vibrações, quase um pulso constante, que muda conforme a estrada nos leva, mas se mantém ai, vivo.

“Pachanga Folk” e “transculturalismo transamericano ruidoso” são dois termos que vocês usam para falar do som da banda. Como vocês chegaram a esses conceitos?
O termo transculturalismo transamericano ruidoso surgiu numa entrevista embriagada depois de um show muito intenso, em meio a suores e movimentação de instrumentos – nossos vizinhos confirmarão que preferimos o barulho ao silêncio. É a questão de viver essa grande mistura cultural da qual somos formados, de diversos estilos de pensamento e de arte e música, energia que perpassa fronteiras e linguagens, numa grande comemoração.

Já Pachanga Folk surgiu num show acústico que fizemos em Santiago, Chile, quando nosso amigo Javier Barría, músico sensacional que por sinal estará na nossa casa esta semana, nos apresentou ao seu público. Foi espontâneo, sem pensar – e desde então desenvolvemos a ideia por trás de La Pachanga!. Revivendo Pachanga, sendo uma gíria um pouco menos nova que significa rolê, festa, para representar a vida e o pulso que sentimos pelas Américas.

Há quem diga que aqui não há cena, não há respeito, não há vida, e nossa resposta é: si piensas que aqui no hay pachanga (se você pensa que aqui não tem rolê), te pongo a bailar (te faço dançar/ te boto pra correr).

Veja as datas da turnê de lançamento do EP La Pachanga:

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27/04/2015

Editor - Revista NOIZE // NOIZE Record Club // noize.com.br
Ariel Fagundes

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