Exclusivo | Sara Não Tem Nome abre o peito nos bastidores de “Ômega III”

27/10/2015

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Ignacio Aronovich e Diego Xavier

27/10/2015

Sara pode até não ter nome, mas é difícil que se mantenha no anonimato por muito tempo. Seu disco de estreia, Ômega III, trouxe à cena independente uma melancolia desesperadamente linda que vem conquistando um público crescente desde que foi lançado, em setembro (baixe de graça aqui).

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Aos 22 anos, Sara Não Tem Nome mora em Belo Horizonte, onde está concluindo o curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais, que começou em 2010. Apaixonada por muitas formas de expressão, ela é incapaz de se limitar a apenas uma linguagem:

– Achei que as Artes Visuais seriam mais abertas do que o curso de Música para trabalhar com outras linguagens (no fim, não foi tão aberto assim). Porque não queria ser só uma musicista nem só artista plástica, queria que as coisas convergissem. Sempre tentei misturar a música e o teatro dentro do curso, mas tinha muita dificuldade, às vezes era tudo muito fechado. Agora, cada vez mais, tenho conseguido isso e ser mais aceita – conta.

Mas foi justamente o clima tenso da universidade o gatilho para a gestação da figura de Sara Não Tem Nome:

– Quando entrei pra Escola de Belas Artes, percebi que as pessoas dão muita importância pro seu nome, de onde você vem, pra sua família. Ainda mais em Minas, onde ainda existe a ideia de uma “tradicional família mineira”. Pessoas com sobrenomes espanhóis, alemães, eram vistas como se isso lhes desse uma superioridade em relação a quem tem sobrenomes latinos, mais comuns, como se esses não fossem nomes de artista. Isso já foi dito por professores! Aí o Sara Não Tem Nome veio por conta disso, pra colocar que o trabalho era mais importante do que a minha família, minha origem ou de onde eu vinha – explica a artista.

Assista ao novo clipe de “Solidão”:

Vale lembrarmos que Sara vem de Contagem, cidade da região metropolitana de BH que não se destaca pelo glamour. Foi nesse ambiente quadrado e cinzento que Sara escreveu a maior parte do Ômega III a partir dos seus 14 anos, quando começou a compor. “A maioria das músicas fala da adolescência, então o sentimento geral do disco é o que eu sentia mais no Ensino Médio. Algumas coisas mudaram, outras permanecem, mas o disco fala de várias coisas universais, é muito melancólico”, diz a cantora.

Em um mundo devastado pelo stress, pela solidão e pelo medo, a dor adolescente daquela menina de Contagem vem encontrando eco no íntimo de ouvintes de Norte a Sul do Brasil. Apesar da pouca idade, a artista faz parte do corpo de expositores da paulista Galeria Emma Thomas e foi convidada a gravar seu disco como parte da residência da Red Bull Station. De fevereiro a julho de 2015, Sara morou em São Paulo para fazer o Ômega III e a artista conta que isso não foi fácil: “Foi uma experiência de muita ansiedade. Eu não tinha muito tempo pra gravar, era meu primeiro disco gravado em estúdio e, nossa, era um estúdio muito incrível. Então fiquei muito ansiosa. Mas foi muito legal, ainda mais quando ficou pronto. Foi bem marcante esse processo”.

Veja abaixo o vídeo que lançamos com exclusividade mostrando os bastidores dessa gravação:

Atualmente, Sara está digerindo o redemoinho de palavras que têm circulado a seu respeito. “É bem difícil, tem sido um processo de muita aprendizagem. Entender como funcionam os veículos de comunicação, como as informações chegam nas pessoas, o que faz elas gostarem ou não, se é só o gosto pessoal ou se outras pessoas influenciam o seu gosto. Você gosta de algo porque você gosta mesmo ou porque outra pessoa falou que é legal? Pra você gostar, muitas pessoas têm que gostar ou poucas pessoas têm que gostar? Porque se muita gente gosta, você já acha que é ruim, por exemplo. Eu tenho pensado muito sobre isso”, reflete Sara.

Ainda que seja uma artista plural, é inevitável que a música tenha se tornado uma prioridade hoje. “A música é, na minha vida, como um esporte que, quanto mais você pratica, mais alcança outros patamares. Teve épocas em que eu trabalhei mais com fotografia, por exemplo, mas eu nunca abandono 100% uma coisa, sempre tento criar aproximações nos trabalhos. Recentemente, eu e um amigo dirigimos um clipe pro Tindersticks e eu apareci no vídeo. De vez em quando eu trabalho como atriz, são uns bicos que eu pego de vez em quando”, brinca.

Em termos estéticos, ninguém sabe o que acontecerá com Sara, nem ela mesma. “Hoje em dia, já tenho músicas em que eu falo de amor, de desilusões amorosas, que vão mais pro samba, outras tem uma coisa mais experimental, com letras mais non-sense. O próximo disco eu não sei como vai ser”, diz.

O que se sabe é que a artista quer espalhar sua música por aí. Com seis shows marcados entre São Paulo e Minas Gerais, Sara pretende ultrapassar as fronteiras da região Sudeste em breve. Quando você menos esperar, a artista sem nome chegará à cidade onde você mora. No dia em que isso acontecer, não perca a chance de vê-la de perto.

Confira abaixo as datas dos próximos shows da Sara Não Tem Nome:

29/10 – Petrolândia, Contagem (MG); Eletrônica Video Show
30/10 – Petrolândia, Contagem (MG); Eletrônica vídeo show
13/11 – Betim (MG); Portas Rock Bar
15/11 – Belo Horizonte (MG); Festival Shake Shake
17/11 – São Paulo (SP); Puxadinho da Praça
4/12 – São Paulo (SP); Bar Secreto
10/12 -Belo Horizonte (MG); Teatro Galpão Cine Horto

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27/10/2015

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Ariel Fagundes

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