Faixa a faixa | Os riffs entorpecidos de Foba

20/10/2015

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Divulgação

20/10/2015

Cerca de dois mil anos antes de Cristo, o rei sumério Gilgamesh inspirou umas das obras mais antigas da literatura mundial, a Epopeia de Gilgamesh. Cerca de dois mil anos depois de Cristo, um grupo de artistas paranaenses batizou seu segundo EP com o nome desse lendário governante.

Formado por Giuliano Batista, Wonder Bettin (do Esperanza), Thiago Busse, Yuri Vasselai (do Trem Fantasma) e Thiago “Trosso” Jorge (do LouDog e Abraskadabras), o projeto Foba faz um coquetel gostoso de acordes etílicos e compassos vintage.

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O grupo lançou há pouco Gilgamesh e o grupo nos contou de que fontes bebeu as referências usadas para compor cada uma das faixas. Pra ler dando play em cada uma delas.

#1 – Cão do Inferno (Composição: Giuliano Batista)
Em uma referência direta à definição de amor dada por Charles Bukowski (“Love is a dog from hell”), “Cão do Inferno” é uma canção de amor. Depois de dissipada a atmosfera psicodélica da introdução, a faixa cai em um folk desajeitado, se transforma em puro rock e não para mais. A letra trata com dureza a inexorabilidade de um amor não correspondido e suas consequências: “Ela não tem culpa/Ninguém tem” .

#2 – Ficando Velho (Composição: Giuliano Batista e Luiz Stefanuto AKA Zé Marrom)
Quem achou familiar o nome de Zé Marrom, volte ao primeiro EP de Foba, Coroados, ouça “Eu e Ela e o Amor” e preste atenção nos versos que antecedem o refrão: “Reclamou do som/Falou de Castañeda e do Zé Marrom”.

“Ficando Velho” retrata, em uma cruel edição, a vida de um casal que envelhece junto. A música inicia com ares bucólicos que se estendem até metade da música. Depois disso, a música cresce com uma guitarrada chorosa à la David Gilmour, executada pelos convictos dedos de Wonder Bettin, e se entrega a uma encarniçada psicodelia sem-fim. Dando ar sombrio à inesperadamente lúgubre faixa, ao final pode-se escutar a gravação de uma autópsia, gravada pelo amigo Dr. Kike Passos.

#3 – O Gato da Caixa (Composição: Giuliano Batista)
A última faixa do EP coloca em um caldeirão o gato vivomorto de Shrödinger, o épico sumério de Gilgamesh, referências a Castañeda, Jim Morrison, Rimbaud e ao próprio Foba (Não há pistola/E a viola, do meu lado, jaz).

Os arranjos colocam uma levada Sublime frente a frente com características de um prog alternativo, deixando esse caldeirão ainda mais diversificado.
E é nessa epopeia quântica, que, após um riff torto, o EP se encerra, sem deixar qualquer pista de qual será a próxima viagem de Foba.

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20/10/2015

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Ariel Fagundes

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