Gal, Imortal

09/11/2022

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Por: Peu Araújo

Fotos: Rafael Rocha/Divulgação

09/11/2022

Gal Costa se foi. Fez a passagem nesta quarta-feira, 9 de novembro, sem nos dar nenhuma explicação. Sem nos preparar, sem dar tempo de nos despedirmos, sendo o que sempre foi: incrivelmente surpreendente. Aos 77 anos, a cantora teve a morte confirmada por sua assessoria, mas ainda sem causa, ainda sem justificativa, sem um último abraço, um até logo, nada. 

Maria da Graça Costa Penna Burgos sempre foi afeita aos mistérios, às reinvenções. E assim viveu por 57 anos de uma carreira vasta, densa. Por tantos caminhos que percorreu, viveu universos musicais variados.

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(Foto: Arquivo Nacional/Reprodução)

Ela respirava as letras de Jorge Amado, os versos mareados de Dorival Caymmi, mas também os arranjos psicodélicos de Rogério Duprat e a guitarra de Lanny Gordin. Gal era divina, maravilhosa. Era um tantão de Caetano, Gil, Bethânia. Era um amálgama da música brasileira sem limites ou fronteiras. Era simplesmente uma das mais inventivas artistas do país. 

Até parece que não, mas foi a mesma pessoa que gravou “Objeto Não Identificado”,  “Baby”, “Tuareg”, “Barato Total”, “Balancê”, “Festa do Interior”,  “Vaca Profana”, “Miami Maculelê” e uma infinidade de hits. A cantora que imortalizou músicas de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Roberto e Erasmo Carlos e mais tanta gente. 

As últimas notícias sobre Gal poderiam ter dado algum sinal de seu estado de saúde. Ela cancelou, de última hora, sua participação no Primavera Sound, que aconteceu no último fim de semana em São Paulo. Segundo sua equipe, ela precisava se recuperar de uma cirurgia em que retirou um nódulo da fossa nasal direita. Mas ninguém poderia prever um desfecho como esse. Ninguém gostaria de ter essa notícia assim. Mesmo que se tivesse 130 anos, sua partida ainda nos surpreenderia. 

Em fevereiro do ano passado, tivemos a Gal por aqui na edição #110 e ela nos encantou com sua presença, música, história e legado. O álbum Nenhuma Dor (2021) era todo de duetos com Seu Jorge, Criolo, Rodrigo Amarante, Jorge Drexler, Tim Bernardes, Zé Ibarra, Silva, Rubel e outros.

Foram 57 anos de carreira, 77 anos de vida, 31 álbuns de estúdio, 12 discos ao vivo, nove DVDs, um Grammy Latino, um filho, além de tantos outros méritos que nunca foram revelados por sua grande discrição da vida pessoal.

Seu nome é Gal. Seu nome é amor, é revolução, é música, é palco, é luz. Obrigado por tanto Gal Costa, obrigado por nos presentear com sua imensa presença, com toda sua potência e com sua bela voz. 

Gal Legal, Fa-tal, Tropical, Profana, Plural. Gal única, Gal Imortal.


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09/11/2022

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