O Gorillaz de carne e osso

18/03/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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18/03/2014

O ano era 1998. Damon Albarn, eterno Blur, e Jamie Hewlett, co-criador da clássica HQ britânica Tank Girl, assistiam MTV (mais especificamente algum clipe com estrelas em versões animadas, como “Music”, da Madonna) quando tiveram uma epifania: se todos os artistas pop se tornam personagens eventualmente, por que não criar uma banda que já começa assim? Três anos depois surgiria o Gorillaz e o resto da história todo mundo conhece. O que surpreende, como mostram as recentes apresentações de Damon no SXSW 2014, é que mais do que fazer diferente, a banda fez o caminho inverso: começaram como personagens e terminaram como seres de carne e osso.

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Tudo porque os revivals promovidos por ele, já em clima de carreira solo, não envolveram os personagens desenhados por Hewlett. Além de previews do primeiro disco, Everyday Robots, previsto para o dia 28 de abril, Damon tem tocado Blur, Gorillaz, e canções do The Good, The Bad & The Queen ao vivo. No Texas, mais especificamente no tradicional palco que a Fader monta nos arredores de Austin, o tributo ao Gorillaz foi um pouco além. Aproveitando a nata do hip hop que o festival tradicionalmente reúne, o show contou com a participação do De La Soul em “Feel Good Inc”, hit de 2005, e com Dan the Automator e Del the Funky Homosapien na performance da primeira música de trabalho da banda, “Clint Eastwood”. Responsável pela gravação original, Del the Funky (com quem a NOIZE já bateu um papo) nunca tinha cantado a faixa ao vivo, o que já era o suficiente para tornar o show histórico. Como se não bastasse, o fim da canção ainda contou com um freestyle de Snoop Dogg (que já tinha dado o ar da graça em “Clint Eastwood” há três anos neste show aqui, no Glastonbury).

Na ausência dos personagens, a apresentação de Damon para a música não poderia ser mais irônica nem explícita: “Esta é a primeira vez que esta canção vai ser tocada na sua forma mais pura”. Assista:

 Quem viu o grupo nascer certamente se lembra do lançamento de “Clint Eastwood”, que ganhou as paradas das rádios e das MTVs do mundo inteiro em 2001. Antes do clipe, responsável por mostrar ao mundo quem eram seus quatro misteriosos e imateriais membros, ninguém sabia de fato identificar os envolvidos na empreitada. A voz inconfundível de Damon gerou boatos de que tudo não passava de um Blur animado. Mas o cara era bem mais do que a voz e a alma do integrante 2D: permanece até hoje como o único membro fixo da banda. Em entrevista à Rolling Stone este ano, confirmou: “deixando o visual de lado, eu sou o Gorillaz”. E se ele está vivo, a banda ainda não acabou.

Mas demorou um bocado até Damon incorporar o Gorillaz desse jeito. Para se ter uma ideia, foi apenas em 2010, no lançamento do álbum Plastic Beach, que eles tocaram pela primeira vez sem os disfarces. Até então, todas as apresentações ao vivo eram protagonizadas por projeções (no Grammy de 2006, por exemplo, os hologramas dividiram o palco com Madonna), e os músicos permaneciam escondidos atrás de telas gigantes. Depois de um dos momentos mais incríveis do SXSW de 2014, fica claro que todo o esforço em se manter fiel à proposta virtual pode ter colocado a banda no Guinness, mas não era nem de longe a maior qualidade do Gorillaz.

(Dá pra ver aqui as inéditas que Albarn mostrou no SXSW.)

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18/03/2014

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