Ser interrompido por Humbug na playlist que tocava pelos meus fones de ouvido foi impactante. Não pelo clima stoner das já conhecidas “My Propeller” e “Crying Lightning”, embora elas resumam o espírito e o potencial do disco e, não à toa, receberam o tratamento de singles. É que a surpresa se mantém no mecânico e lânguido verso de “Dangerous animals”, um duelo entre o som de Alex Turner e cia. e a produção de Josh Homme, com solos filhos de Black Sabbath. Poucos momentos interrompem o peso e a densidade do disco, o folk de “Secret Door” é um deles, “Cornerstone”, a única em que os tons maiores e alegres dominam, é outro. “Fire and the thud” funciona, com uma harmonização que os Klaxons esqueceram de criar, sobre um andamento letárgico. O Monkeys não resbala em Humbug. Justo “Pretty Visitors”, o mais perto que se chega dos álbuns anteriores, é a prova de que o Monkeys é uma banda em um momento diferente. Um Last Shadow Puppets e um produtor de raízes pesadas depois, o Arctic stoned da maioria de Humbug é bem diferente da maioria do Arctic de antes, ainda que a psicodelia folk apenas vista o clima raver de outrora.
Fernando Corrêa