Jacob Graham: “The Drums vai sempre ser meio deprê”

04/11/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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04/11/2014

Amanhã os nova-iorquinos do The Drums se apresentam no Cine Jóia, em São Paulo. O show faz parte do Popload Festival e da turnê inaugural do novo disco, Encyclopedia, lançado em setembro deste ano. O álbum é o sucessor de Portamento (2011), que não fez lá muito sucesso (seguindo a tradição da “maldição do segundo álbum”) e marca a segunda troca de gravadora da banda, que volta à formação original: apenas Jonathan Pierce (voz) e Jacob Graham (guitarra, contrabaixo, teclados, percussão), como um duo. No novo trabalho, buscaram descartar de vez as expectativas alheias para fazer algo o mais honesto possível. Conversamos com um Jacob bastante empolgado com essa nova fase da banda.

Vocês já começaram a mostrar o novo trabalho ao vivo nos Estados Unidos, certo? Como foram os shows da turnê americana?

*

Foram ótimos, é a primeira vez que estamos tocando as canções de Encyclopedia, e está sendo muito bom. Tocamos músicas de todos os nossos álbuns, claro, e está sendo bem louco. Na California, especialmente, as coisas ficam muito excitantes, quase comoventes…

Vocês ainda estão mantendo o público dançando?

Sim, acho que estamos. Contra todas as possibilidades.

O seu segundo álbum, Portamento, foi gravado na cozinha de um apartamento em Nova York, certo? O que deu ao disco um clima de gravação em segredo, em um lugar escondido… De alguma forma pensamos nisso novamente ao assistirmos o clipe de “Magic Mountain”. Como foi o processo de gravação deste álbum?

Foi longo, mas isso foi intencional. Gastamos realmente muito tempo nele porque no passado tivemos pressa. Quando nós mesmos não estávamos nos apressando, a gravadora estava, então um dos motivos de mantermos o álbum em segredo e não contarmos pra ninguém foi para nos dedicarmos a ele pelo tempo que quiséssemos. Então, sim, nós ficamos compondo, ensaiando e gravando e não paramos até que tivéssemos terminado. É sempre um processo diferente, e difícil, porque somos perfeccionistas, mas estamos realmente empolgados com a forma que Encyclopedia saiu. Achamos que é a melhor coisa que fizemos até agora.

Por que?

Por algumas razões. Nós de alguma forma realmente nos permitimos fazer aquelas coisas que nunca havíamos tentado. Quando começamos o The Drums, tínhamos uma ideia muito clara do que gostaríamos de fazer com a banda, que era ligado ao som das bandas de mulheres dos anos 1960, como The Shangri-Las, The Brunettes, e nós realmente nos fixamos nessa fórmula. Até, em Encyclopedia, decidirmos tentar algo novo. Nada contra a fórmula anterior, só queríamos adicionar ingredientes que não provamos no passado. E, sim, nosso objetivo era fazer um destes discos que são decisivos na carreira, e sentimos que conseguimos. Estamos bem orgulhosos, sinto que aqui a 20 anos, vamos olhar pra trás e ainda vamos nos sentir muito bem por termos feito este disco.

E o disco tem algumas letras realmente tristes. Vocês disseram que o objetivo era serem realmente honestos, mesmo que isso fosse deixar as pessoas desconfortáveis. Vocês acham que isso aconteceu? É difícil ser honesto?

Nós sempre encaramos esse problema, desde o inicio, porque as pessoas queriam apenas que fossemos divertidos, com a cara do verão, do surf, da praia ou algo que o valha, e nós não somos essa banda, nunca quisemos ser essa banda. Se as pessoas querem isso, elas devem procurar em outro lugar. Até em resenhas as pessoas nos mandam “fiquem com a coisa fácil e feliz”. É realmente estranho pra mim que alguém faça uma resenha não pelo que o álbum é, mas pelo que queriam que ele fosse. Como se alguém pudesse indicar o caminho que eu devo seguir com a minha carreira, com a minha banda. Esse é o ponto de ser um artista, você tem que ir pela direção que você quiser. Às vezes vai ser triste, às vezes vai ser feliz, mas se as pessoas não entenderam até agora, eu explico: The Drums vai sempre ser meio deprê [risos]. Sim, o álbum tem alguns momentos tristes, e nós estamos bem felizes com isso.

E vocês também disseram que o álbum foi como uma busca por esperança. Está ligado a esse desejo de ser livre como artista?

Sim, nós gostamos desse lado da moeda. O disco termina com uma canção triste, mas tem um refrão ligado a sair de uma situação ruim. Gostaríamos que a esperança se sobrepusesse à tristeza.

Você e Johnny são muito amigos, certo? Como é ter uma banda com alguém tão próximo?

Quando nós ficamos amigos foi por causa de música, nós sempre nos conectamos nesse assunto, então funciona muito bem. Embora, claro, às vezes seja difícil.

E se tornar um duo novamente, como foi?

Pra mim não foi uma grande coisa, a maioria das coisas sempre foi feita entre nós dois. Não fez uma grande diferença pra mim.

Morrissey gosta de vocês, e talvez por isso as pessoas sempre comparem vocês com os Smiths, como vocês se sentem com essa comparação?

Eu não sei… acho que ok (risos). Eu gostava muito de The Smiths, embora não escute mais, cresci ouvindo. Mas acho que várias outras bandas nos inspiraram mais. Diretamente, eu digo. Acho que as pessoas estão sempre buscando comparações. Se temos que ser comparados com algo, acho bacana que seja com The Smiths.

E você sabe nos dizer o que aproxima vocês das bandas de garotas dos anos 1960?

Não sei nem o que nos aproxima, se são as mulheres, mas tem algo que torna essas bandas realmente únicas. Nossas músicas favoritas de todos os tempos foram cantadas por mulheres, “I Will Always Love You”, da Dolly Parton, “This Woman’s Work”, da Kate Bush. As mulheres comediantes também costumam nos fazer rir mais, são mil vezes mais interessantes do que os homens.

Que legal, o que a gente costuma ouvir é que garotas não são tão engraçadas quanto garotos…

Nossa, elas são mil vezes mais engraçadas. E sempre serão. Não sei se vocês tem “I Love Lucy” no Brasil, acho que é o seriado mais engraçado de todos os tempos! Eu acho que ninguém conseguiu ser engraçado antes de Lucille Ball.

E o esquema com a Elisabeth Taylor no fim do clipe de “Magic Mountain”?

Ela é uma inspiração. Nós dirigimos o vídeo sozinhos e no final percebemos os diamantes na água. E pensamos muito nela tipo “Nossa, parece o espírito da Elisabeth Taylor”.

Vocês lembram do Brasil certo? Estão empolgados para o show?

Sim, muito! Amamos o Brasil e estamos muito empolgados. Vai ser ótimo.

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04/11/2014

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