O lado feminista de Kurt Cobain

15/04/2015

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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15/04/2015

O líder do Nirvana sempre pensou fora da caixa em formato de coração. Desde pequeno, preferiu fazer amizade com mulheres, muito por perceber o quanto forte são, mesmo quando oprimidas. Os vestidos no guarda-roupa, a amizade com uma feminista punk, a admiração por uma drag queen e a consciência de atos e músicas machistas sugerem que Kurt Cobain estaria do lado das mina se ainda estivesse vivo.

Não que o feminismo precise da legitimação de Kurt Cobain, mas achamos importante você conhecer esse lado do músico que muito antes de você e o reality show de drag queens RuPaul Drag’s Race era fã das performances de RuPaul. Drag queens são homens que se montam com todos arquétipos das mulheres, subvertendo a identidade de gênero. Admirar isso já é um grande passo. Não só Kurt, como todo Nirvana amava RuPaul. “E eles realmente gostavam do que eu estava fazendo, eu acho que principalmente porque pensavam fora da caixa e entendiam o que a drag é na sua essência: puro punk rock”, disse RuPaul nesta entrevista com os fãs.

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No vídeo abaixo, o Nirvana deseja um feliz Natal e Ano Novo a todos, especialmente a RuPaul:

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Kurt Cobain foi o melhor amigo de Kathleen Hanna, a poetisa que deu início ao movimento de empoderamento feminino – ainda que majoritariamente branco – Riot Grrrl. Consequentemente, Bikini Kill e Nirvana acabaram se influenciando. Agradeça à Kathleen pelo hino juvenil “Smeels Like Teen Spirit”. A inspiração pra música surgiu de uma frase que a cantora pichou ao compositor: “Kurt smells like Teen Spirit”. Ao contrário do que muitos pensam, o Teen Spirit que Kathleen menciona é nada mais que uma marca de desodorante.

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O vocalista era fã de vocalistas como PJ Harvey, e essa também foi uma das razões pelas quais Dave Grohl e Krist Novoselic decidiram chamar apenas mulheres para cantar o tributo ao Nirvana quando a banda entrou no Rock’n’Roll Hall of Fame, em 2014.

Led Zeppelin e Aerosmith eram referência para Kurt (a faixa “Aero Zeppelin”, da compilação Incesticide (1992), é uma homenagem às bandas), mas o sexismo presente em algumas músicas o incomodava. Escreveu então “Polly” e “Rape Me” para falar sobre problemas que as mulheres enfrentam. Apesar dos versos fortes de “Rape Me”, a letra, segundo o próprio compositor, é anti-estupro e apresenta a vingança poética de uma mulher que foi assediada. Sobre a cultura do estupro, que continua viva, Kurt falou em entrevista à publicação NME, em 91: “o problema com os grupos que lidam com o estupro é que eles procuram educar as mulheres para se defenderem. O que realmente precisa ser feito é ensinar aos homens a não estuprar”.

Em outubro de 91, o Nirvana participou da primeira edição do festival beneficente Rock for Choice, organizado pelo grupo feminino de grunge L7 em apoio à liberdade de escolha das mulheres em relação ao aborto. No ano seguinte, o Nirvana marcou um grande show em Buenos Aires, e trouxe apenas bandas de mulheres para fazerem a abertura. Quando subiram no palco, a resposta do público foi negativa por ali estarem mulheres. Extremamente irritado com o ocorrido, Kurt foi convencido por Krist Novoselic a não deixar a apresentação. Em vez disso, “antes de cada música, eu tocava a introdução de “Smells Like Teen Spirit” e parava. Eles não perceberam que estávamos protestando contra o que haviam feito. […] a maioria das músicas não estavam em Incesticide, então eles não reconheceram muita coisa”, contou Kurt Cobain certa vez sobre o show na Argentina que você assiste abaixo.

Claro que Kurt Cobain deve ter tido suas contradições, mas a questão é que ele era consciente da sociedade sexista em que havia nascido e estava fazendo algo para mudar isso, seja com sua arte ou respeitando a de drag queens e musicistas. É por essas e outras que Kurt dá saudade até hoje, quando seus pensamentos feministas estariam mais atuais do que nunca.

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Enquanto Kurt Cobain: Montage of Heck não chega no Brasil, a gente fica com mais um trecho do documentário. No vídeo abaixo, você assiste ao Nirvana fazendo um show caseiro para uma plateia de duas pessoas.

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15/04/2015

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