Morrostock 2015 | Barro, rock e cúmbia em um lugar do caralho

14/10/2015

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Carolina Barcelos

Por: Carolina Barcelos

Fotos: Leonardo Kluck

14/10/2015

Colaborou Leonardo Kluck

Quando o Morrostock começou, já chovia há mais de uma semana. A edição 2015 – de Boa na Lagoa prometia muito barro e roupas molhadas por quatro dias. E cumpriu o prometido. Mas sabe qual foi a melhor parte? O barro e a chuva não chegaram nem perto de serem protagonistas do festival incrível que rolou em Capela de Santana de 9 a 12 de outubro. Na primeira noite, todo mundo já tinha esquecido que estava dançando de galochas.

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Quem optou por chegar na sexta-feira fria e molhada foi recompensado com uma noite que se estendeu até de manhã. A banda local Indecents foi a primeira a tocar, seguida de Motor City Madness (POA), da argentina Petit Mort e dos Vespertinos, de Santa Maria. E aí veio a fofa Ana Muniz, uma das grandes surpresas do Morrostock. Com uma voz linda e letras poéticas – de autoria própria, descobri depois -, Ana nos fez ouvir cada palavra com atenção. Depois, os peruanos da Los Chapillacs injetaram uma dose cavalar de ânimo com sua cúmbia frenética, seguidos da ópera rock de Capitão Rodrigo – um pouco lenta demais, na minha opinião.

A batida dos ritmos latinos, por sinal, foi uma presença marcante nos quatro dias de Morrostock. Sábado teve Cuscobayo, e no terceiro dia, Bombo Larai. Domingo foi encerrado pela sensacional Francisco, El Hombre – essa, sim, a maior surpresa do festival pra mim, confessa torcedora de nariz para cúmbia e seus semelhantes (acho que agora já posso me considerar ex-torcedora de nariz).

Francisco, El Hombre

A energia da banda no palco é contagiante. Não tem como ficar parado, não tem como não querer dançar com aquele quinteto simpático (quatro garotos e uma menina) que deixa claro todo o amor que sente pela música que faz. Acho que os aplausos ao fim do show confirmaram minha opinião.

Wander Wildner foi responsável por outro dos meus shows preferidos. Foi lindo ver o coro da galera uma música depois da outra, sem falhar uma, passando por vários hits da sua época de Replicantes, visitando Graforréia, voltando pra Wander. Showzaço!

Wander WIldner

Made in Brazil, banda com 48 anos de estrada, fez vários roqueiros das antigas enlouquecerem. Mas, por mim, não precisava ter tocado. Desnecessário o discurso contra o funk carioca e a letra que diz “não tenho culpa que você engordou”. Rock das antigas e cabeça também. Em compensação, adorei conhecer Repolho, de Chapecó, outra banda das antigas – essa, porém, com letras engraçadíssimas e performance que me fez rir até cansar. Gostaria de saber se Mamonas Assassinas conheceu a Repolho. Daria um belo encontro.

Repolho

Cartolas e O Terno completam a lista dos shows que fizeram o Morrostock 2015 ser inesquecível. Eles e Júpiter Maçã, usando uma peruca de cabeleira vermelha, encerrando o festival em uma segunda com sol, que chegou pra secar um pouco da lama da estrada e permitir que a volta pra casa fosse tranquila.

O Terno

Júpiter Maçã

Além das bandas incríveis, a organização do festival merece muito os parabéns: o local é lindo (teve banho de lagoa, sim), não faltou cerveja gelada, ninguém ficou com fome e o acesso ao bar era livre de filas. O coletivo paranaense Maracutaya! Sounds mandou muito bem no som entre os shows e Paulo Zé, organizador do Morrostock, personaliza a alma do festival como ninguém mais seria capaz de fazer.

Morrostock, pode me esperar na próxima edição. E avisem ao Júpiter que quem estava de boa na lagoa no último feriadão sabe bem aonde fica o lugar do caralho.

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14/10/2015

Carolina Barcelos

Carolina Barcelos