_por Crib Tanaka
Cantores e bandas volta e meia inspiram diretores e atores direta ou indiretamente, na construção de seus personagens. A vida real mistura-se ao que vemos no palco e o resultado são histórias, mitos ou não, que são transpostos em tramas, cenas, trejeitos, atitudes ou simples maquiagem.
This Must be the Place é um deles. O filme é estrelado pelo incrível Sean Penn e, apesar de ter ficado poucas semanas em cartaz, vale muito ser visto. A música que dá nome à película – uma das mais incríveis do Talking Heads – é o fio condutor da trama, onde aparecem outras fortes referências a personalidades da música, começando pelo principal: o visual de Sean, inspirado em Robert Smith.
Some a isso o nome dado ao protagonista, Cheyenne, numa alusão direta à diva oitentista Siouxsie, popularizada pela banda Cheynne & The Fellows (Cheynne é uma tribo indígena, assim como Sioux) e a participação de David Byrne.
Sean Penn como Cheyenne.
O diretor do filme, Paolo Sorrentino, declarou que acompanha o The Cure desde novo e sente-se fascinado ao ver Smith se vestir – se despentear e pintar – da mesma maneira há 25 anos. Daí, a inspiração para a caracterização de Sean.
Robert Smith em show recente.
Em A Fantástica Fábrica de Chocolate vemos Johnny Depp ganhar ares …uhn.. fastásticos ao interpretar Willy Wonka. A pele lisa e branca, cabelos penteados e postura lembram Michael Jackson, apesar do ator negar a inspiração e dar declarações de que teria se inspirado em George Bush e Howard Hughes.
Bom, a associação com o pop star excêntrico é imediata e, após o filme, até aconteceram boatos de que ele interpretaria Michael no cinema (o que não seria má ideia).
Johnny Depp como Willy Wonka.
Reparou na semelhança?
No musical Rock of Ages, Tom Cruise vive Stacee Jaxx, um astro decadente dos anos 80, que muito lembra Axl Rose. A interpretação de Tom acarretou críticas positivas, ao contrário do filme…
Tom como Stacee Jaxx, em editorial da Wallpaper.
Em Os Três Mosqueteiros, quem serviu de inspiração para Orlando Bloom foi o camaleão David Bowie. O ator, que interpreta Duque de Buckingham na trama, disse em entrevista: “Paul (o diretor) estava falando sobre como ele queria que todos os personagens do filme se sentissem como um rock star da época. Então quando ele disse rock star, porque eu tenho essas roupas super femininas e coloridas, pensei tipo ‘David Bowie!’”.
A referência pode não ser tão evidente, mas interessante pensar nessa inspiração como sentimento-construção do personagem.
O colorido Duque vivido por Bloom.
Misturas que dão samba. Ou melhor, rock.
@Crib Tanaka é carioca-sansei, jornalista e trabalha com marketing. Acredita cada vez mais no ditado que diz “temos dois ouvidos, dois olhos e uma boca para vermos e ouvirmos duas vezes mais do que falamos.”