Nova fábrica de vinil promete revolucionar a cena musical brasileira

18/01/2016

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Marília Feix

Por: Marília Feix

Fotos: Divulgação

18/01/2016

Tudo começou em outubro de 2014, quando o músico Michel Nath resolveu lançar o seu projeto autoral Solar Soul em vinil. Insatisfeito com os processos e com o tempo de espera para receber seu LP no Brasil – que foi prensado na GZ, famosa fábrica da República Tcheca – acabou ficando amigo do importador Clênio Lemos, e junto com ele, adquiriu 7 máquinas de prensar antigas em um ferro-velho. As prensas, modelo Hamilton, pertenciam à antiga gravadora e fábrica de discos Continental e estavam precisando de muitas reformas. Mesmo assim, resolveram comprar os equipamentos em sociedade, cada um pesando em média 2 toneladas.

Segundo Michel, “máquinas para a produção de vinil, tanto no Brasil quanto no mundo, não existem mais. Encontrar estas prensas foi como abrir a tumba de um faraó, ou descobrir um navio viking congelado em um iceberg.” O melhor de tudo, é que todas estavam funcionando: “são máquinas de 1954, uma época em que as coisas eram feitas pra durar pra sempre. Só que estavam detonadas, mangueira estourada, válvula estourada, pintura enferrujada, suja, descascada. Era necessário trocar alguns componentes, precisavam de uma revitalização, mas a parte funcional delas estava perfeita.”

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A sorte estava ao lado de Michel, que agora já era o único proprietário dos equipamentos, e encontrou um antigo técnico de manutenção da RCA, chamado Luís Bueno (um senhor que havia trabalhado durante 20 anos com mais de sessenta prensas de vinil, na época aposentado). Em cerca de sete meses, depois de muitos estudos e aprimoramentos, Luís havia deixado a primeira prensa pronta para voltar a ativa.

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A previsão é de que a fábrica, que vai se chamar “Vinil Brasil”, comece a funcionar ainda no primeiro semestre de 2016. Localizada na Barra Funda, região central de São Paulo, a Vinil Brasil terá capacidade para produzir cerca de 150 mil discos ao mês, um número impressionante, se compararmos com a realidade de produção atual nacional.

“Estamos vivendo o momento mais especial da música brasileira. A nossa geração cresceu tendo acesso a informações e a pesquisas musicais que as gerações anteriores não tiveram. Acredito que estamos em uma época de ouro da música nacional. A gente tem muita coisa boa, singular e significativa, que precisa ser registrada, e eu quero ajudar nisso. Principalmente no que eu acredito que tem relevância cultural. A minha preocupação é em deixar um legado, quero contribuir para o mosaico da cultura universal. Eu me sinto responsável por algo muito legal. Eu estou cuidando de um negócio que faz bem para o planeta, que faz bem pras pessoas, que não gera prejuízo a ninguém. A música é algo que faz as pessoas felizes, mexe com emoções, com sonhos. A fábrica só vai funcionar nesta condição. Eu quero zelar pela cultura discográfica brasileira,” declarou Michel.

O músico ainda afirmou que pretende ter preços competitivos e flexíveis, segundo ele “não vou fazer um disco nem barato, nem caro. Eu preciso só fechar a minha conta. O valor deve seguir o mercado.”

Quando perguntamos sobre as expectativas dele em relação ao novo empreendimento, Michel foi categórico, “quero causar uma revolução no mercado fonográfico brasileiro, multiplicar por dez a quantidade de produção de discos que estamos tendo no país, mas também servir a Europa e Estados Unidos. Quero que a qualidade do vinil suba e que o preço baixe, para que mais pessoas tenham acesso”. E acrescentou “acredito que o vinil deve ser valorizado de verdade, o som é realmente melhor do que em qualquer outra mídia. Não quero que seja visto apenas como algo cool, mas como um formato que veio pra ficar. Vai nascer uma fábrica que estará a serviço da música.”

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18/01/2016

Marília Feix

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