Olhares Poderosos

29/05/2009

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

29/05/2009

“Eu sou o dono da maior galeria do mundo. Exponho de graça nas ruas e atraio a atenção de pessoas que não vão a museus. Meu trabalho mistura arte e ação, fala de compromisso, beleza, liberdade, identidade e limites. Sou um artivista”. Com essas palavras já dava pra esperar muito do fotógrafo francês JR. Ele é uma das atrações deste ano da França no Brasil e, literalmente, botou os olhos na favela. Misturando arte com crítica social, já expôs em lugares que vão desde as galerias mais respeitadas como o Centro Pompidou, em Paris, ou Tate Modern, em Londres, às zonas de guerra da Libéria ou comunidades africanas.

Pude ver a exposição no Tate ano passado quando não fazia nem idéia quem era ele. Eles tiveram uma idéia do caralho pra exposição que foi colocar a arte literalmente nas ruas e becos próximos ao museu e com um mapa dava pra ir seguindo e pirando. Mas a fachada era o carro chefe claro. E lá estavam também, a dupla brasileira Os gêmeos e o Nunca, juntos dos maiores grafiteiros do mundo. E tudo era grande. A fotografia de JR é a maior da história, segundo o Guinness Book. Esse link vale muito a pena, dá pra viajar direto pro Tate Modern, com pessoas caminhando e tudo.

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Mas voltando ao JR (ele não revela sua identidade nem idade, mas sempre diz ter 25 anos), o cara era grafiteiro e se interessou por fotografia quando achou uma câmera esquecida por um turista no metrô de Paris. Começou a fazer stêncils, fotografar e imprimir em tamanho grande pra colar nas ruas da cidade. Mas foi ganhar notoriedade no projeto que virou livro: 28 Milímetros: Retrato de uma Geração. Registrava jovens da periferia de Paris incorporando o rótulo de excluídos, de gangasta mesmo ou fazendo careta. Mas essas fotos foram parar nas paredes ao lado dos cafés mais chiques da cidade luz e ganharam notoriedade. E o Tate Modern.

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JR já fez muita coisa. Em 2005 foi ao Oriente Médio e concluiu que israelenses e palestinos são iguais. Se parecem fisicamente, falam línguas parecidas, são como gêmeos criados em famílias diferentes que não param de brigar. Ele decidiu tirar fotos de pessoas dos dois países que exerciam as mesmas profissões (taxistas, professores, comerciantes, etc) e colar os retratos lado a lado nas ruas de ambos os países. Ninguém consegue distinguir quem é o que.

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A melhor de todas foi retratar três religiosos de “deuses diferentes”: um rabino, um imã (autoridade religiosa do islamismo) e um padre cristão. Eles ficaram amigos. JR passou um tempo preso.

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Nesse ano, a favela mais antiga, mais perigosa e mais excluída do Brasil recebeu o olhar de JR. Lá não tem centro cultural, escola, instituição de apoio, nada. Mas tem mulheres de olhar poderoso. Liberado pelas autoridades locais ele estava com passe livre pra continuar seu projeto Mulheres, que já passou pela Africa. Fotografou mulheres com olhares experientes e cheios de força, sofrimento e ginga. Depois, escolheu as fachadas mais visíveis da Providência e estampou . Tudo documentado em vídeo e foto, com depoimentos daquelas que sabem tudo que passou na comunidade nascida nos tempos da Guerra de Canudos. A exposição está na casa França-Brasil no Rio de Janeiro até o dia 21 de junho com entrada franca.

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Ah e depois de autorização da Prefeitura do Rio, a Lapa ficou com a cara e o olhar da Providência também.

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Site oficial do JR: http://www.jr-art.net/

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29/05/2009

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