Exclusivo | Ombu vai muito além no novo EP “Pedro”

24/06/2016

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Divulgação

24/06/2016

Era 2013 quando a Ombu estreou seu primeiro EP, Caminho das Pedras. O som cru e visceral que se ouviu na época foi só o começo de uma longa caminhada pela cena alternativa brasileira que, hoje, culmina no novo EP da banda: Pedro. Lançado pela Balaclava Records, o material está saindo com exclusividade pela NOIZE acompanhado de um faixa a faixa pra sacar bem a vibe (confira abaixo).

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Gravado no paulistano Estúdio Cavalo, sem pressão, Pedro é o resultado da interação fluída entre os músicos e o pessoal do estúdio: “A gente estava num estúdio de amigos, foi bem livre. Enquanto íamos tocando e ensaiando, foi decidido qual era a melhor forma de captar tudo aquilo. No final, estávamos seguros pra gravar ao vivo e eles pra fazerem uma captação foda”, dizem João Viegas (baixo e voz), Santiago Mazzoli (guitarra e voz) e Thiago Barros (bateria).

Ao dar play em Pedro, fica claro que aquela crueza instintiva do passado não foi abandonada, pelo contrário, foi refinada a partir de um trabalho intenso de pós-produção: “Nunca tínhamos feito um trabalho de pós que nem esse, separando música por música e pensando nas possibilidades de cada uma. Conseguimos dar as intenções que queríamos pro som”, comenta a banda.

O crescimento sonoro andou de mãos dadas com a expansão do trabalho da Ombu, que já não toca apenas em São Paulo, tendo viajado recentemente para estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Nesse sentido, a trajetória da banda é como a de todas as que circulam no universo artesanal e afetivo da música alternativa: “Vamos para lugares como Caxias do Sul e BH e somos recebidos pelas famílias dos produtores locais. Isso é do caralho, podemos estar bem longe de casa, mas sempre estamos no aconchego de uma”, dizem os músicos.

E se ter uma banda já é bom, por que não ter duas? A Ombu tem uma irmã siamesa chamada Raça e, às vezes, elas se fundem no que chamam de Omça. “Esse é um momento onde a gente se permite tocar instrumentos diferentes, todo mundo toca um pouco de tudo, podemos ficar mais a vontade”, comentam. “São bandas que tem propostas de show diferentes, interagem de forma diferente com o publico, mas são as mesmas pessoas. Isso que é bizarro. De certa forma, levar as duas bandas em conjunto faz com que possamos apresentar ambas sonoridades. Cada banda tem o seu poder de alcance e as pessoas estão começando a conhecer uma banda pela outra”.

Alimentando-se de música e amizades, a Ombu diz que se sente hoje mais madura e serena. “Desde o Caminho das Pedras, ficamos mais calmos. O primeiro EP foi muito um reflexo das nossas referências, a partir do Mulher o som começou a ter mais a nossa identidade”.

Pedimos para a Ombu comentar as cinco faixas de Pedro e, abaixo, você pode ouvir o EP completo sacando direitinho a atmosfera de cada música:

“Sem Mais”
A primeira vez que a gente tocou essa música foi lá na Audio Rebel do Rio, no show de lançamento do CD do gorduratrans, e apresentamos ela por inteiro. Naquele momento nem imaginávamos que ela poderia funcionar como duas músicas diferentes. Porém, no processo de pós produção resolvemos dividi-la em duas, pois achamos que faria mais sentido para o trabalho como um todo. Resolvemos gravar o clarinete mesmo que nenhum dos três saiba tocar muito bem. O Santiago tinha um parado em casa que o irmão costumava tocar, e já tínhamos experimentado ele em algumas composições, mas nunca para nada sério.

“Sina”
É a segunda parte da música. O legal é que dividimos elas ficaram bem diferente, essa faixa é quase toda instrumental e um pouco mais densa, com somente um verso, “Sem mais poesia”. Quando falamos sobre essa separação, o Gabriel (Estúdio Cavalo) ficou em choque e, apesar de duvidar que poderia dar certo, se empenhou pra fazer acontecer.

Omça”
Essa é uma música que tocávamos bem mais alto nos shows e sempre escapavam microfonias, e como é uma das músicas mais velhas e conhecidas dos shows, decidimos dar uma saturada na voz e captar elas em PAs. Hoje na medida do possível seguramos a onda das microfonias, mas escolhemos dar essa estética a essa versão mais como uma homenagem ao começo da banda, afinal o EP conta com músicas que nos acompanham desde o começo.

“Calma”
De todas foi a que menos trabalharmos durante a pós. Já tínhamos começado a pré produção na casa do Thiago quando, a partir de um teminha de guitarra, voltamos a olhar para ela dentro do estúdio e mexer na sua estrutura. Chegamos a pensar em não gravar ela nesse EP mas iria contra a ideia de gravar tudo o que temos composto. Gostamos muito do seu andamento, os momentos de respiro e como isso se relaciona com a letra.

“Queria”
Fizemos essa música na escola e ela fala sobre um velho homem se arrependendo de escolhas que fez na vida. Inicialmente ela se chamava “Câncer”, depois trocamos de nome. Ela era bem mais rápida e homogênea até decidirmos desenvolver mais a dinâmica e tocar ela do jeito que tocamos hoje, mais lento. Na verdade ela tem influência de uma versão que fizemos em alguns shows com a Omça, que tinha uma intenção meio The For Carnation.

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24/06/2016

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Ariel Fagundes

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