A caravana enérgica do Planet Hemp

07/12/2015

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Guilherme Darros

Por: Guilherme Darros

Fotos: Joel Vargas

07/12/2015

Uma nuvem de fumaça branca e densa, característica dos cigarrinhos de Cannabis já tomava conta do Pepsi On Stage, dando indícios da banda que viria a pisar no palco na noite nesta sexta-feira, 4 de dezembro. Com uma hora de atraso, que foi compensada com uma excelente discotecagem, Marcelo D2, BNegão, Pedrinho, Formigão e Rafael Crespo deram início ao segundo show da turnê do Planet Hemp.

Desde 2013 sem pisar em terras gaúchas, os maconheiros mais famosos do Brasil, como se autointitulam, apresentaram um setlist sem muitas novidades em relação à última passagem do grupo por Porto Alegre. A diferença mais notável ficou por conta da não divisão dos álbuns em blocos. O show iniciou com “Procedência C.D”, do álbum A invasão do Sagaz Homem Fumaça, seguida da “Ex-Quadrilha da Fumaça”, “Desdazseis” e “Legalize Já”, essas duas últimas do álbum O Usuário, que está completando 20 anos de seu lançamento.

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Se na música “Legalize Já” o público já tinha ido ao delírio, com “Dig Dig Dig”, as rodas, características dos shows da banda, aumentaram ainda mais, embaladas por um Planet Hemp enérgico, com os vocalistas Marcelo D2 e BNegão pulando e interagindo com o público do início ao fim, enquanto clássicos como “Fazendo a Cabeça”, “Punkhy Buddha”, “Mary Jane”, “Hip Hop Rio” e “Adoled”, eram tocadas em sequência, sem descanso, empolgando um público formado por jovens de 16 anos, até pessoas com cerca de 40 a 45 anos, confirmando que o Planet Hemp conta com um público que perpassa gerações.

A primeira surpresa da noite foi “Porcos Fardados”, do álbum “O Usuário”, que já entrou no setlist do show do dia anterior em São Paulo, e que segundo BNegão não foi ensaiada para a turnê. Em seguida, a música “100% HC” do álbum Os cães Ladram Mas a Caravana Não Pára, transformou a pista do Pepsi On Stage em uma enorme roda punk, mostrando toda a influência punk da banda, que misturada com o hip hop os alçou mundialmente.

Em seguida, BNegão anuncia: “Vamos de 051 para “ZeroVinteUm””, música que faz referência à violência no Rio de Janeiro e tem como nome o prefixo telefônico da cidade. Antes de cantar a música, D2 lembrou dos cinco jovens negros assassinados em um carro, pela polícia carioca no Complexo da Madeira, com mais de 100 tiros. “Tudo isso pra acabar com as drogas. Mais cinco”, criticou o músico e um dos principais defensores da legalização da maconha no país.

Na sequência, mais duas músicas ligadas à guerra às drogas, “Não compre, plante!”, que entoada em coro pelo público fez com que D2 brincasse, “Tem maconheiro pra caralho nessa cidade”, riu, antes de cantar “Mão na cabeça”, que há anos não entrava no setlist da banda. Depois, veio a segunda surpresa da noite, um cover da música “Crise geral” do grupo Ratos de Porão, que já estava sendo ensaiada e que parece cair muito bem no atual momento político e econômico do país.

Enérgicos do início ao fim, emendaram “Seus amigos”, “Futuro do país” e “Stab”, que teve seu refrão que diz “Nossa vitória não será por acidente”, mencionado por D2 em referência à ocupação das escolas estaduais pelos estudantes em São Paulo. antecedeu a clássica “Contexto”, fez com que a nuvem de fumaça branca se tornasse ainda mais visível, seguida de outro clássico da carreira do Planet, “Queimando Tudo”. Já na reta final, teve “Gorilla Grip” e “Quem tem seda?”, que fez com que os isqueiros fossem acesos e levantados ao alto pelo público.

Pra fechar, “A culpa é de quem?”, uma das músicas mais críticas da banda, além da tradicional homenagem ao Chico Science & Nação Zumbi, parceiros do Planet Hemp nos anos 90, cantando a música “Samba Makossa”, cantada em uníssomo pelo público gaúcho que possui um carinho especial por Science. Antes disso, teve uma breve homenagem a banda gaúcha Ultramem também, com D2 e BNegão cantando um trechinho da música “Dívida”. O encerramento ficou por conta da “Mantenha o respeito”, fechando com chave de ouro uma noite cheia de energia.

A sensação que se tem é que o público do Planet Hemp sempre fica com um gostinho de quero mais após o show. Talvez um álbum novo, ou apenas algumas músicas inéditas, já que isso não ocorre há 15 anos. O DVD O Ritmo e a Raiva, gravado em 2013, ainda não tem previsão para sair, “se é que vai mesmo sair”, segundo informou o próprio D2 em uma entrevista a Zero Hora. Já se falou em novas músicas e uma turnê pela América Latina. O que se vê no palco, é uma banda com energia e sintonia de sobra para tudo isso, é só não deixar a caravana parar.

SETLIST
Procedência C.D
Ex-Quadrilha da Fumaça
Deisdazseis
Legalize Já
Dig Dig Dig
Planet Hemp
Fazendo a Cabeça
Phunky Buddha
Mary Jane
RapRockAndRollPsicodelia
Hip Hop Rio
Adoled
Porcos Fardados
100% Hardcore
ZeroVinteUm
Não compre, plante
Mão na Cabeça
Crise geral (Ratos de Porão)
Seus amigos
Futuro do país
Stab
Contexto
Queimando tudo
Quem tem seda
Gorilla Grip
A culpa é de quem
Samba Makossa

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07/12/2015

Guilherme Darros

Guilherme Darros