Enquanto houver distorção

16/05/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

16/05/2014

Fotos: Raphael Bispo

No momento que saí da Audio ontem, senti falta daquele barulho todo orquestrado por três bandas no primeiro Sub Pop Festival de São Paulo. Comecei a sofrer uma espécie de abstinência repentina: não havia mais batida de caixa de bateria seca e reta, constante. Não havia mais baixo fazendo meu corpo tremer involuntariamente. E principalmente, não havia mais distorção e riffs de guitarras altos, muito altos.

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A missão de continuar espalhando distorção é uma tarefa para a vida toda no caso dos veteranos Mudhoney e do Obits, e uma espécie de vocação irrepreensível para o METZ. Para ajudá-los a cumprir esta missão, a Sub Pop pega estas bandas, aponta para uma direção e deixa-as fazerem o que tem que ser feito. Um festival de uma noite, três apresentações e a certeza de que nós vamos precisar de mais noites assim.

Obits

Obits

Distintas abordagens ao barulho em ritmo 4×4 e solos de guitarra, mas mesmo assim ainda muito familiares a quem cresceu ouvindo esse tipo de som. Abrindo a noite, o Obits sabia com precisão que tipo de som queria fazer, e o tirou sem esforço, com ânsia de perfeição. Soa como uma banda muito maior do que é – talvez por isso mesmo tenha garantido um lugar cativo na Sub Pop logo em seu início.

Logo depois, aconteceu um negócio chamado METZ. Encarnando um meteoro inconsequente em chamas, consumindo tudo e todos ao seu redor, disparando rajadas inclementes de distorção e gritaria.

METZ

METZ

Os trejeitos nerds disfarçam à primeira vista todo o potencial do trio, que possivelmente é hoje em dia um dos mais devastadores em um palco. O inferno benevolente que se instaurou durante a apresentação do METZ é sinal claro de que a Sub Pop continua como uma das guardiãs fundamentais do barulho e distorção. Foi uma maçaroca sonora, que assaltou tímpanos e fez todo mundo levantar o celular pra tirar uma foto daquela destruição em cima do palco. A guitarra mais alta da noite e um baterista que aumentava de propósito as batidas, como se estivesse curtindo pisar no acelerador de um muscle car nervoso. Difícil não se mexer com uma banda dessas.

METZ

METZ

Fechando a noite, o supremo Mudhoney demonstrou total controle do caos, domando o seu barulho com a categoria de quem está há décadas fazendo isso, que sabe como cada riff vai soar e como cada batida deve ser acompanhada. A bateria nunca erra (pena que o som da Audio não permitia que ela brilhasse mais) e o baixo foi o mais divertido da noite, fazendo dancinhas desengonçadas pipocarem aqui e ali. São décadas e muitos discos, mas o som ainda está ali, intacto. Como é bom ver mestres executando o seu ofício com categoria.

Mudhoney

Mudhoney

Nos momentos em que reduziram a velocidade, apresentavam um peso singular, de quem esculpiu aquilo centenas de horas em estúdio, palcos e garagens. Podia ter feito um set mais curto, mas tudo bem: cada um tem a sua missão. O primeiro Sub Pop Festival cumpriu a dele com folga e objetividade.

Mudhoney

Mudhoney

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16/05/2014

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