“Here Are The Sonics” no Brasil!!!

07/03/2015

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

07/03/2015

Fotos: Camila Mazzini

O homem-banda Chucrobillyman e a discotecagem de João Gordo fizeram o serviço, e pela meia noite e meia o clima do Audio Club estava no ponto, pronto para ser incendiado pela energia pura do garage rock. Aí vieram os primeiros acordes de “Cinderella” e… Here Are The Sonics!!!, pela primeira vez no Brasil, cinco de março de 2015, uma noite quente de quinta-feira, enchendo o ar com o timbre áspero e a agressividade da geração que distorceu o rhythm & blues e abriu caminho para o punk mais de 50 anos atrás.

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Como sempre, o show do Sonics foi uma mistura de músicas originais e standarts indispensáveis da música popular americana, e não foi só isso que se manteve. A guitarra de Larry Parypa continua afiada, a voz de Gerry Roslie segue sinistrona, Rov Lind destrói na gaita e no sax e Dusty Watson e Freddie Dennis seguram com competência o peso de Bob Bennett e Andy Parypa na bateria e no baixo/vocal, respectivamente. Hoje os Sonics são uns tiozinhos de cabelo branco, óculos de grau e camisa rockabilly que conservaram as faíscas de selvageria da juventude e seguem tocando como uns animais o som cru, barulhento, primitivo, divertido de então.

Foto: Camila Mazzini

Foto: Camila Mazzini

Quando o Here Are the Sonics foi lançado (pela Etiquette Records), em 1965, todo mundo fazia covers, era parte da cultura e era parte da indústria. Mas ninguém tocava como o Sonics, ninguém gritava como Roslie, sempre dando um clima mais sombrio, aumentando o grau de insanidade, indo no sentido oposto do comercial. Ontem, deu para ver isso, com esses olhos que a terra há de comer, em “Dirty Robber” (The Wailers), na versão clássica e contagiante deles de “Have Love, Will Travel” (Richard Berry) – que levou alguns para o palco, com direito a dancinha a Go Go e mergulho na galera –, “Keep a Knockin'” (Little Richard), “Money” (Barrett Strong) e, lá no finzinho, “Louie Louie”, talvez a versão mais sinistra que já foi feita do hit de Richard Berry. Muitos dos covers, de repente todos (difícil lembrar – é o que acontece quando a área de imprensa tem open bar de cerveja e rum Sailor Jerry) foram cantados por Dennis, que parece ter vindo de outro mundo quando grita à la James Brown.

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Pra mim, no entanto, o melhor do Sonics sempre foram as músicas próprias. E foi bonito de ver. Seguindo “Cinderella” vieram “Shot Down” e “He’s Waiting” (perdeu quem não cantou alto “He’s waiting [he’s waiting]/ He’s waiting [he’s waiting]/ For you, wowwww”) – uma sequência perfeita do Boom (Etiquette, 1966). Os clássicos “You’ve Got Your Head on Backwards”, uma das únicas do Introducing the Sonics (Jerden, 1967) – fiquei desejando “I’m Going Home” –, e “Boss Hoss” embalaram para o final, e então o peso: quase na sequência, “Psycho”, “Strychnine” e “Witch”, primeiro single da banda, fechando a noite com a fábula mais sombria e deliciosa sobre uma mulher perigosa.

O Sonics também aproveitou a primeira passagem pelo Brasil para apresentar algumas músicas do disco novo, o primeiro de inéditas desde que a banda acabou, no fim dos anos 60, que será lançado no fim desse mês. Os momentos menos animados do show, já que ninguém conhecia – e sons como “I Got Your Number (666)” e “Bad Betty” embalaram e atiçaram a curiosidade –, o que não mudou o clima no Audio Club (com capacidade para 3.000 pessoas), de excitação. A maioria cantou, dançou, pogou e parece ter realmente curtido o show, era só olhar em volta e ver. Parece ter sido recíproco: Lind, portavoz do grupo, agradeceu várias vezes e disse que estavam muito feliz por finalmente estarem tocando no Brasil, e de fato eles pareciam estar curtindo.

Foto: Camila Mazzini

Foto: Camila Mazzini

Quando se juntaram, na primeira metade da década de 60, em Tacoma, uma cidadezinha de Washington hoje com 200 mil habitantes, Larry Parypa, Andy Parypa, Lind, Roslie e Bennett só queriam tocar, fazer um som sujo, selvagem, agitar, como eles já disseram. O que aconteceu foi que eles desafiaram padrões e abriram caminho para o punk, fazendo o link entre Little Richard e MC5, servindo de estímulo para músicos que correram no embalo, influenciando até hoje bandas importantes e de garagem por toda a parte. A vinda do Sonics para o Brasil não foi só um deleite para quem pôde ver ao vivo, mas é uma oportunidade para quem ainda não conhece descobrir e explorar essa grande banda, umas das raízes do Stooges, do Cramps, e também do Nirvana, do Mudhoney, do Hives e do White Stripes, para citar alguns fãs confessos mais atuais.

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Set-list:

“Cinderella”
“Shot Down”
“He’s Waitin'”
“Dirty Robber” (cover The Wailers)
“Have Love, Will Travel” (cover Richard Berry)
“Sugaree”
“You’ve Got Your Head on Backwards”
“Be A Woman”
“I Got Your Number (666)”
“Keep a Knockin'” (cover Little Richard)
“Bad Betty”
“Boss Hoss”
“Hey Mamma Look At Little Sister”
“Money (That’s What I Want)” (cover Barrett Strong)
“Louie Louie” (cover Richard Berry)
“Psycho”
“I Don’t Need No Doctor”
“Strychnine”
“The Witch”

Dá o play abaixo para ouvir nossa playlist inspirada no show do The Sonics em São Paulo:

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07/03/2015

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