Review | A melhor “traição” da história da música: Highway 61 Revisited

19/04/2012

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Por: Revista NOIZE

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19/04/2012


_Por Daniel Sanes

Disco: Highway 61 Revisited

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Bob Dylan, o grande poeta do folk, se consagrou com um disco de rock. Afinal, mesmo tendo uma carreira já consolidada, com álbuns brilhantes como The Freewheelin’Bob Dylan (1963) e Bringing It All Back Home (1965), foi com Highway 61 Revisited (também de 65) que o homem provocou uma verdadeira revolução no showbiz. E, para alguns, passou de herói a vilão.

Mas as mudanças não foram tão repentinas assim. Meses antes, em Bringing…, Dylan já dava mostras do que estava por vir. A primeira metade do disco era elétrica e com um apelo assumidamente rock’n’roll – ouça “Subterranean Homesick Blues” para entender. Os fãs mais conservadores tiveram que se satisfazer com o lado B, marcado por “Mr. Tambourine Man”, mas não se convenceram muito. Afinal, do que diabos esse sujeito estava falando? E as causas do proletariado, não tinham mais espaço em suas letras?

Em 25 de julho de 1965, veio a gota d’água: no festival de Newport, o menestrel ligou uma… guitarra elétrica! “Toque música folk!”, “Vendido!”, “Traidor”, “Isso é um festival de folk!” e “Suma com essa banda!” foram alguns dos comentários nada elogiosos feitos pelo público, que esperava ver o antigo herói do movimento folk. O problema é que Dylan não queria ser esse herói. Nunca quis.

Com o lançamento de Highway 61…, foi-se a última esperança dos puristas. Nesse álbum brilhante, que influenciou de Rolling Stones a U2, o compositor assume a postura rock’n’roll definitivamente. As letras de protesto deram lugar a reflexões intimistas sobre o mundo, sobre relacionamentos, sobre a vida.
O disco começa com o som marcante do órgão de “Like a Rolling Stone”. Simplesmente o clássico dos clássicos, a canção que encabeça a lista de 500 melhores músicas de todos tempos feita pela Rolling Stone. A última das nove faixas é uma transgressão dupla, pois além de ter a “demoníaca” guitarra elétrica, “Desolation Row” dura mais de 11 minutos, algo impensável para uma música folk. Mas tudo bem, este não é um disco de folk mesmo.

Intencionalmente ou não, até na capa o sr. Robert Zimmerman parece mostrar que o rock realmente havia lhe conquistado – nela, Dylan aparece com uma jaqueta colorida e uma camiseta estampando uma motocicleta.
Highway 61… é o que se chama – me perdoem pelo clichê – de “divisor de águas” na carreira do cantor. Foi através dele que fãs de Beatles e Rolling Stones começaram a prestar atenção naquele cara que não tinha uma baita voz, mas que tinha muito a dizer.

Highway 61 Revisited

Faixas:

1. Like a Rolling Stone
2. Tombstone Blues
3. It Takes a Lot to Laugh, It Takes a Train to Cry
4. From a Buick 6
5. Ballad of a Thin Man
6. Queen Jane Approximately
7. Highway 61 Revisited
8. Just Like Tom Thumb’s Blues
9. Desolation Row

@danielsanes Daniel Sanes é editor-assistente de Geral do Jornal do Comércio-RS, editor de Música do site Nonada e faz uns freelancers por aí. Ouve de (quase) tudo, mas sua devoção por Ramones e Motörhead é eterna.

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