_por Bruna Valentini
Quinta-feira. Casa lotada. Já passava da meia-noite e acho que só eu me importava com o fato de ter que acordar cedo na manhã seguinte. O clima era mais de espera do que de festa, o que me fez acreditar que o aperto, e o empurra-empurra, no Beco 203, não era por acaso. Algumas cervejas e rocks depois, a Pública subiu no palco, e todo mundo parou para olhar e aplaudir. De alguma maneira, esses guris deixaram saudades em Porto Alegre. Resta saber que guris são esses.
A saudade seria da Pública, dessa banda querida porto-alegrense que recentemente partiu para viver a vida adoidado em São Paulo, ou seria uma saudade ainda ressacada desde o rompimento entre os irmãos Gallagher? É muita responsabilidade se botar pra tocar um álbum inteiro do Oasis, especialmente o (What’s the Story) Morning Glory?, um dos álbuns mais vendidos da história da Inglaterra. Quem encarou a fila que se formou ali na Independência para ver o show certamente não estava ali só por Wonderwall. Desde 1995 no coração de muita gente, o álbum todo é um grande hit, daqueles de cantar do início ao fim, com dor no peito e olhinhos fechados.
Alguém me perguntou: dá pra imaginar o tamanho do Oasis? Tem uma banda fazendo cover dos caras e o público responde aos gritos, jogando os braços em direção ao palco, como se fosse o Liam e o Noel que estivessem ali na frente. E foi assim mesmo. Com os guris da Pública, muitos olhos se fecharam pra cantar da primeira até a última música, com direito a um bis especial. A voz suave de Pedro Metz se impôs na medida certa pra tornar tudo muito familiar. Teve até um bracinho recuado pra trás, e um pescoço esticado em direção ao micronofe.
Além do Pedro, todo mundo que estava no palco deu aquela contribuição nos vocais. Muita harmonia. Era um monte de gente tocando, e cantando, e interagindo, e fazendo a noite ser muito, muito, bonita. Entre essa gente, o Gustavo Foppa, o Jojô, o Jonts Ferreira, o João Amaro… Um punhado de amigos aqui de Porto Alegre nos divertindo, e se divertindo no palco.
Aos trancos e barrancos, ou com inglês torto, todo mundo cantava, ou ao menos tentava. Repito: Até a última música. Quando a Pública deixou de lado o cover pra fazer tremer a casa com uma música própria. Long Plays, lá de 2006, do álbum Polaris.
@bruvalentini
Saudades. De quem, mesmo?