_por Daniel Sanes
Disco: Ringo 2012
Avaliação: Bom
Virou lugar comum criticar Ringo Starr por ser o Beatle menos criativo, o sujeito oportunista que estava no lugar certo na hora certa, o cara que mal sabia tocar bateria, etc. De fato, se o nível de comparação for John Lennon, Paul McCartney ou George Harrison, fica difícil não ser cruel com o baterista. É preciso avaliá-lo fora desse contexto.
Em sua carreira solo, Ringo nunca decepcionou de fato. E é simples entender o porquê. Ele nunca pretendeu reinventar a roda, nunca tentou concorrer com seus ex-companheiros e nem mesmo quis se estabelecer como um grande cantor ou instrumentista. Assim, o que se ouve em Ringo 2012 é mais ou menos o que ele propôs em toda sua carreira: um pop rock simples e eficiente.
O disco é bem curto. São apenas nove faixas, sendo duas delas regravações do próprio artista (“Wings” e “Step Lightly”) e dois covers (“Rock Island Line”, um folk de autoria incerta, e “Think it Over”, também presente em um tributo a Buddy Holly). Tudo bem arranjado e executado com a ajuda de diversos músicos, alguns deles integrantes da sua All Starr Band. A despeito das limitações, Ringo sempre foi um sujeito carismático, e consegue transmitir isso através de sua voz anasalada e em composições divertidas, como “Samba” e “Anthem” (em que cita seu eterno bordão sobre “paz e amor”).
Um álbum sem grandes pretensões, Ringo 2012 cumpre bem sua função de entreter o ouvinte, com um apelo radiofônico inegável – se as FMs ainda tocassem algo de um sujeito veterano como ele. Nada que vá mudar o mundo, mas para quem já fez isso nos anos 60, seria pedir demais.
@danielsanes Daniel Sanes é editor-assistente de Geral do Jornal do Comércio-RS, editor de Música do site Nonada e faz uns freelancers por aí. Ouve de (quase) tudo, mas sua devoção por Ramones e Motörhead é eterna.