O cara por trás do Rubber Tracks

10/02/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

10/02/2014

Colaboração e foto: Felipe Martins

Já imaginou gravar com a sua banda num estúdio de primeira linha, com profissionais gabaritados do exterior, e não pagar nada por isso?

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O projeto Rubber Tracks Experience, capitaneado pela Converse, vem proporcionando essa chance para diversas bandas em Nova York, desde quando abriu o seu próprio estúdio, em 2011. O negócio deslanchou tanto que a função já saiu em turnê, pelos Estados Unidos e pelo México, garimpando novos talentos por aí.

Pela primeira vez no Brasil, o Rubber Tracks ganhou duas edições: uma no Rio de Janeiro, que encerrou na última quinta-feira, e uma em São Paulo, que vai até o dia 20. Uma dezena de bandas nacionais tiveram – e ainda vão ter – os seus trabalhos produzidos por Aaron Bastinelli, que já assinou músicas para quase uma cena de artistas, como The Hold Steady, Charli XCX e Cloud Nothings.

Nós batemos um papo com o cara por trás do Converse Rubber Tracks, que contou para a gente um pouco sobre projeto, os seus dias no lendário estúdio Toca do Bandido e sobre o grande desafio que é para qualquer banda iniciante gravar um álbum.

Já faz algum tempo que você está envolvido com o Converse Rubber Tracks. O que tem sido mais recompensador em trabalhar com o projeto?

Para mim, o mais recompensador é ver como as bandas ficam empolgadas ao entrar no estúdio. Gravar de graça é uma situação bastante incomum para todos os artistas, ainda mais para os iniciantes. Então, eu diria que é muito bom trabalhar com pessoas que estão sempre muito empolgadas e felizes de estar ali comigo.

No Rio de Janeiro, o estúdio escolhido para sediar o Rubber Tracks é o Toca do Bandido, um dos mais conceituados do nosso país. O que você já conseguiu perceber aí de diferente?

A Toca do Bandido tem exatamente tudo o que você precisa em um estúdio. Além disso, ele fica num lugar lindíssimo e tem uma ótima equipe, sempre pronta para auxilia-lo. A sala de gravação ao vivo do Toca do Bandido é uma das mais legais em que eu já trabalhei. Eu simplesmente adorei o jeito que ela foi projetada.

 

Alguns trabalhos legais que você se envolveu recentemente foram “Gone”, do Vacationer, e “Fierceand Grateful”, de uma banda nova chamada Beast Patrol. Como foi trabalhar nesses dois discos, que possuem estilos tão diferentes?

Eu me envolvi também de modo diferente com os dois álbuns. “Gone” foi um disco que contou com três produtores, eu, Matt Young e Grant Wheeler, ambos do Landau Audio Desgin, de Nova York. O trabalho com o Vacationer foi únicoe, e não só por isso. A banda tem uma sonoridade pop bem moderna e muita coisa foi gravada em separado. Eu, por exemplo, cuidei das baterias e das orquestrações de todas as músicas. A mixagem final também fui eu que fiz.

Com o Beast Patrol, por outro lado, eu me envolvi diretamente com todo o processo, fiquei muito mais próximo à banda. Nós gravamos todos os instrumentos ao vivo e só depois foram incluídos os sintetizadores e as vozes. Eu fiquei muito contente com esse trabalho, já que eu pude ver claramente a evolução da banda. Quando começamos a gravá-lo, o Beast Patrol recém tinha sido formado. Hoje a banda é uma das mais promissoras em atividade em Nova York.

Um disco é resultado mais do dinheiro ou do talento dos músicos?

Eu acredito que um bom álbum realmente é fruto do talento, mas é importante que todas as bandas entendam que gravar um disco é, acima de tudo, um investimento. O trabalho pode ser caro se você quiser fazê-lo do melhor jeito, mas o resultado final sempre vale a pena.

Há alguma marca sua que podemos ver em todos os álbuns que você produziu?

Eu diria que a marca de todos os meus trabalhos é que eu deixo sempre o talento da banda falar mais alto. Eu não gosto de editar bateria, modelar vozes com autotune, ajustar ou modificar o desempenho original da banda no estúdio. Eu prefiro que a gravação seja uma representação verdadeira de como a banda é ao vivo.

Para você, a produção é ou não é uma “ciência exata”? Há regras e uma fórmula para ser seguida sempre?

Há uma ciência por trás de todo o processo, especialmente quando falamos em engenharia de som. Mas, para mim, o mais importante é incorporar o conhecimento às suas emoções e extravasar tudo junto quando você entra no estúdio. O conhecimento é a emoção funcionam como a lei da física da ação e reação. Tudo está associado e não existe uma fórmula pré-definida para seguir.

A banda Featherface foi uma das participantes da edição do Converse Rubber Tracks realizado em Austin, no Texas, em março de 2013. A banda gravou o single “Ourselves Together” com Aaron Bastinelli.

É possível criar uma relação mais pessoal e menos profissional com o artista ou isso pode ser prejudicial?

Em minha opinião, eu acho importantíssimo criar os dois laços com a banda que você trabalha. Isso possibilita que um entenda o outro melhor. A sintonia entre artista e produtor só existe quando a gente consegue estabelecer as duas relações mutuamente.

Você é produtor, mas também trabalha como engenheiro de som. Para você, qual é a diferença das duas atividades?

Como produtor, você tem que organizar tudo o que a banda vai fazer no estúdio e ainda indicar a direção que o álbum vai seguir. O seu trabalho é meio que “servir à música” e resolver a equação matemática que é a banda no estúdio. O produtor é quem precisa encontrar a melhor resposta, a forma como a música vai ficar melhor. Você tem liberdade para propor mudanças na performance da banda e nos arranjos da música. O engenheiro de som, por outro lado, é quem cuida da parte técnica da gravação. Ele faz o que o produtor pede e tenta tirar da banda e do estúdio o que ambos tem de melhor.

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10/02/2014

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