Segregação racial e Michael Jackson

25/06/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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25/06/2014

E lá se vão cinco anos sem ele. Michael Jackson nos deixou nesse mesmo dia para reinar onde quer que ele esteja. No dia em que a morte da maior figura da música pop completa cinco anos, relembramos a importância de Michael para os negros norte-americanos.

Desde os seis anos de idade e O The Jackson 5 ele era um espetáculo à parte. Todos percebiam isso. O pequeno Michael era o que mais se destacava entre os irmãos, tanto pelos seus movimentos, quanto pela presença de palco e, claro, sua voz soul, adulta e incrível demais para uma criança tão nova e disciplinada. O talento de Michael era tão evidente que em outubro de 1971 ele lançou pela Motown, também gravadora do The Jackson 5, seu primeiro single solo: “Got to Be There”.

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Lá no The Jackson 5, ele já começava a construir seu caminho e ganhar espaço na música. O próprio grupo dos irmãos foi um avanço na questão racial dos Estados Unidos, visto que eram cinco garotos negros que não precisavam se desfazer de suas vestimentas e de seu cabelo black power para ganhar o público.

A carreira solo de Michael só deslanchou oito anos depois, quando Quincy Jones decidiu produzi-lo. O primeiro filho foi o elogiadíssimo Off the Wall (1979). O som único criado com Jones, um funk com elementos do soul e jazz e o tempero do rock, foi então se aperfeiçoando cada vez mais. Até chegarem ao disco mais importante dessa parceria: o visionário Thriller (1982), o álbum mais vendido de todos os tempos, com mais de 110 mil cópias comercializadas no mundo inteiro. E foi aí que Michael começou a abrir caminho para outros artistas negros como Usher, Chris Brown, Pharrell Williams, e outros tantos do R&B.

Thriller ganhou clipes que eram muito além de seu tempo. Cinematográficos, Michael não queria pensar no orçamento de seus vídeos. Ele acabou criando clipes fantásticos como o de “Billie Jean”, que surpreendeu tanto o público que a roqueira MTV teve que abrir espaço para o R&B. Pela primeira vez, o canal transmitia o clipe de um artista negro.

Com isso, Michael tornou-se um dos primeiros músicos negros a ser reconhecido em todos os lugares. Mesmo como um artista global, suas inspirações iniciais jamais o deixaram: as improvisações vocais eram herança de James Brown e o soul.

Cinco anos depois de Thriller, chega às lojas mais um disco genial. Visto por alguns como o primeiro grande disco de um artista negro gravado para ser tocado ao vivo, Bad (1987) continha uma das primeiras canções bem-sucedidas que falavam sobre a mulher africana e sua beleza, “Liberian Girl”. O vídeo da faixa até que tinha alguns brancos, mas clipes como o de The Way You Make Me Feel” foram vistos pela MTV como “étnicos demais”.

As mudanças drásticas na aparência de Michael Jackson levaram alguns a pensar que ele estava tentando ser “menos negro”. Em entrevista ao programa de Oprah Winfrey, em 1993, ele disse à apresentadora que tinha vitiligo, uma doença que ocasiona a perda gradual da pigmentação natural da pele. Alguns anos antes, em 1979, Michael quebrou seu nariz durante um ensaio de dança. A rinoplastia que teve de ser feita não foi um sucesso e causou problemas de respiração que estavam afetando sua carreira. Mais tarde, Michael fez uma série de operações no nariz para consertar o problema respiratório.

Quem conhece Michael Jackson sabe que ele nunca teve vergonha de ser negro. Sua aparência foi levada em conta apenas por aqueles que nunca ouviram a música do verdadeiro Rei, que estava constantemente dialogando com a música negra. E hoje, é graças a Michael Jackson que artistas negros ganham milhões de dólares fazendo seu pop.

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25/06/2014

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