Quase todos colecionadores de vinil dedicam a maior parte de sua coleção aos bolachões de 12″, mas não há como negar: as bolachinhas de 7″ tem todo um charme. Em Goiânia, um selo vem chamando atenção ao lançar apenas discos de psychobilly, garage, high energy e gêneros afins nesse formato. Chamado Mandinga Records, a gravadora independente já lançou quatro discos e prepara seu quinto lançamento para 2016.
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– A Mandinga nasceu a partir da necessidade de minha banda (a Bang Bang Babies) lançar um compacto havíamos gravado. A banda já tinha lançado material por outros selos anteriormente, mas não víamos nenhuma boa opção naquele momento, percebemos que estávamos carentes de selos para lançar esse tipo de material. A partir daí, bolei o nome do selo (algo inspirado em selos garageiros como a Voodoo Rythm Records), o amigo Marcelo Crasso bolou a logo (uma brincadeira com a logo da Stax Records) e dissemos “bora fazer”. Um lance totalmente do it yourself. Tempos depois, eu decidi que a Mandinga tinha que continuar e assumi a frente. Resumindo, essa foi a ideia: lançar bandas que eu acho legal, que não sejam obvias (a preferência sempre foi por rock cru, garage e punk) e em um formato específico e colecionável – conta Pedro Henrique Rabelo, responsável pelo selo.
Pedro Henrique Rabelo segura um dos seus compactos (Foto: Mônica de Carvalho)
Além de músico, Pedro é mais um dos viciados em vinil. A ideia de lançar apenas discos compactos de 7″ veio a partir da sua experiência anterior de consumidor: “Sou colecionador de compactos, várias bandas que eu gosto lançaram muito mais singles do que álbuns. Sempre achei isso tentador, dá muito mais trabalho correr atrás, mas o resultado compensa. Além desse fetiche pessoal, conta o fato que é muito menos estressante produzir um single ao invés de um álbum e os custos são bem menores”, explica.
Por enquanto, a Mandinga Records já lançou os compactos Bang Bang Babies (2014), da goiana Bang Bang Babies, Death Surf (2015), do Drakula, Jazz Beat Committee (2015), do Jazz Beat Committee (ambos grupos de São Paulo), e The Calling (2015), da banda sul-africana Dyna Jets. O próximo lançamento do selo será o EP da porto-riquenha Los Vigilantes.
– Eu já conhecia o trabalho das bandas há algum tempo, trocava ideia com os caras pela internet e tal. Os Dyna Jets faziam parte de outra excelente banda chamada The Future Primitives e já lançaram materiais por importantes selos, como a Groovie de Portugal e a Voodoo Rythm da Suiça. O Los Vigilantes é Porto Rico, país que tem uma cena interessantíssima, com boas bandas de power pop/garage, e já lançaram dois álbuns por selos do EUA. Daí foi só juntar os pauzinhos e eles toparam fazer um EP por um selo obscuro do Brasil. Sempre gostei de dialogar com pessoas de fora do país, trocar discos e essas coisas, lançar bandas estrangeiras facilita muito isso. É interessante lançar bandas de fora e que não são do eixo EUA/Europa, acho que elas são tão carentes como as brasileiras em relação à oportunidade de lançar discos e todas as condições que isso envolve. Vale lembrar que a Mandinga não faz as coisas sozinha, tudo que fazemos é em parceria com as bandas, via de mão dupla – comenta Pedro Henrique Rabelo.
Por enquanto, todos compactos da Mandinga Records foram prensados na fábrica da Polysom. Cada um deles foi feito em uma tiragem de 300 cópias numeradas à mão em uma produção um tanto quanto artesanal, como explica Pedro. “Os preços ainda são altos, acho que falta concorrência no Brasil para que os preços talvez possam ser mais acessíveis, tanto para as bandas quanto para os consumidores. Mas a gente vai fazendo do jeito que rolar, sem pressão, sem stress e sem muita pretensão. O que eu posso dizer é que tem valido a pena”.
Para mais informações sobre o selo, acompanhe sua página no Facebook. Ouça abaixo as bandas que já foram lançadas pela Mandinga Records: