Tagore bebeu de Alceu Valença e da música nordestina em novo disco

08/05/2024

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Divulgação/ Vinicius Lezo

08/05/2024

Para compor Barra de Jangada, Tagore revisitou ícones da infância na década de 1990. Da memória, lembrou da época em que se apaixonou pela música de Alceu Valença, Paulo Rafael, do Ave Sangria, e pela trilha sonora de novelas, como Mulheres de Areia (1993). Das músicas apresentadas no folhetim, jamais se esqueceu de “Sexy Iemanjá”, de Pepeu Gomes, “Ai Ai Ai Ai Ai”, de Ivan Lins, e “Caminhos Cruzados”, de Tom Jobim e Newton Mendonça, na voz de Gal Costa

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“A música é cíclica”, afirma o artista. “No álbum, tentamos traduzir os timbres analógicos em um contexto digital, porém preservamos os elementos protagonistas das referências: voz em primeiro plano, envolta em reverbs profundos, guitarras com chorus e outros detalhes dessa atmosfera. A missão era soar como a trilha de novelas antigas.”

Com nove músicas, o quarto trabalho do músico, lançado em 27 de março, leva o nome do bairro onde passou a infância no Recife. A partir do recorte da música criada entre 1980 e 1990, mergulhou na discografia de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Fagner e Zé Ramalho. 

“A escolha por esse período vem do resgate das minhas memórias, bem como a vontade de homenagear Paulo Rafael e seu estilo único de tocar e produzir, desenvolvido ao lado de Alceu”, explica Tagore. A última faixa, “A Mais Bela Devoradora De Vaidades”, conta com um trecho de uma entrevista de Lula Côrtes

A produção musical de Barra de Jangada foi criada ao lado de Pedro Diniz e João Felipe Cavalcanti. O desafio do registro foi refrescar a sonoridade da música nordestina daquele período para o contexto atual. Nas gravações, contou com Juliana Strassacapa (“Amor Perfume”), Juba Valença (“Maré Minina”) e Clayton Barros (“Maré Minina”). 

Confira um faixa a faixa do disco: 

“Paixão Revirada”: Compus a estrutura inicial dessa música durante uma breve passagem por Pato Branco, no Paraná, em um fluxo só no violão. A letra e a melodia possuem um gancho natural, que convida o ouvinte a abraçar essa “busca” por alguém ou algo, num galope corrido reforçado pela batida.

“Barra de Jangada”: Escolhi essa track como faixa-título por sintetizar perfeitamente o conceito do trabalho. Ela passeia por reflexões existenciais envoltas por uma instrumentação nostálgica, culminando numa descrição poética da geografia encontrada no seu lugar de inspiração, Barra de Jangada, onde a ilha do amor serve como cenário para o encontro do rio com o mar, salpicados pelo dourado do sol poente.

“Países Emoções”: Foi a última que compus, já em meio às gravações, e traz o DNA dos ijexás produzidos por Paulo Rafael, como “Anunciação”. Aqui há uma letra evocativa que versa sobre tempos de amor e união, à beira-mar.

“Amor Perfume”: É a mais antiga do disco. Tocávamos ela nos primeiros shows e nunca calhou de gravarmos. Quando iniciei o processo de registrar as demos na pré-produção, fez todo sentido incluí-la numa roupagem mais “vazia”, dando a deixa para as vozes serem protagonistas. Ela tem a participação de Juliana Strassacapa (Lazúli), vocalista da Francisco, El Hombre.

“Sargaços”: Essa traz uma pegada Fagner na forma como os versos são construídos, dando forma a uma estrutura clássica de canção dos anos 80, com um refrão de explodir o coração a là José Augusto e Leandro e Leonardo.

“Carcará”: Um xote delirante sobre um amor visceral, de embrulhar as tripas em meio a um cenário árido, por dentro e por fora. Tem uma pegada noturna e por vezes sensual.

“Destino Ligeiro“: Ela bebe diretamente da fonte “Tropicana”, entregando no balanço e no riffs das guitarras, as similaridades entre o xote e o reggae, algo como Jorge de Altinho e Paulo Rafael encontrando com Bob Marley.

“Maré Minina”: A última a ter sido gravada, conta com a participação de Juba Valença, filho de Alceu Valença, bem como o sanfoneiro do bicho Maluco Beleza, Julião. É uma embolada tropical com um flow a là Jackson do Pandeiro, revelando paixões de veraneio.

“A Mais Bela Devoradora de Vaidades”: A única faixa tensa do disco, carrega um tom introspectivo, que traz à tona medos antigos e traumas soterrados. A ideia foi criar uma parte B no final, que trouxesse de volta o ar solar de fim de tarde do disco, após um dia nebuloso. 

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08/05/2024

Isabela Yu

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