Tícia propõe mistura de pagodão baiano com dancehall e funk

18/01/2024

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Pedro Pinho/ Divulgação

18/01/2024

Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, Tícia foi indicada no BQVNC do Lado A da revista #136, que acompanha o vinil de “Nightingale”, do Gilberto Gil.

Cria da Cidade Baixa, Tícia canta o dia a dia dos habitantes das ruas e encruzilhadas de Salvador, a capital mais negra do país. Nascida em 1998, a artista se reconhece como uma observadora das narrativas afrodiaspóricas que ali acontecem. “Celebro as minhas raízes e as minhas vivências quando falo sobre mistérios, encantos e contradições”, diz a cantora. Ao desenhar o movimento da cidade por meio de sua música, ela conecta realidade com espiritualidade, amor e o crime, e exalta as ligações entre axé e sagacidade. 

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Por onde começo? Desde 2018, a artista vem cozinhando as músicas do EP Sagrada de Profana, lançado em janeiro de 2023 pela Batekoo Records, selo da festa Batekoo. Com quatro músicas – “Salcity”, “Nego”, “Retada” e “Fogo” – o trabalho é uma bela estreia. No final do ano passado, ela apresentou outro single, “Vai Bater Mais”. Em 2021, a convite do coletivo baiano, Tícia realizou uma apresentação em conjunto com a Deize Tigrona – que também faz parte do casting do selo – para a edição brasileira do festival Afropunk e o resultado do encontro está disponível online. 

Mood? Arretada, mas sem abandonar a sutileza e a suavidade. O seu flow melódico desliza de forma desapressada em meio a paisagem sonora composta por beats e percussão. “Ela é o próprio fogo, cuidado para não se queimar, sagrada e profana, ela é arretada demais”, canta em “Fogo”. Love songs sobre relacionamentos, mas também sobre autoamor e autoconfiança. 

Como soa? Na constelação de influências musicais estão os heróis locais, representados por Ilê Aiyê, Olodum, Gilberto Gil, Margareth Menezes, em contato com a cena pipocando atualmente, como no caso de Rachel Reis, Luedji Luna e Murilo Chester. O seu som bebe do pagodão, samba reggae, funk, dancehall e ijexá, em uma leitura contemporânea e eletrônica. Antes de lançar o primeiro trabalho, ela realizou duas colaborações que merecem a sua atenção. A primeira,”Boneca”, do disco Salcity Sounds Vol.1 (2020), do projeto RDD, criado pelo produtor musical Rafael Dias, conta com um feat de Tícia e Tertuliana Lustosa, vocalista do grupo de pagode A Travestis. E uma participação em “Cicatriz Lunar”, faixa do EP Esse É Sobre Você, da cantora Indy Naíse, remixado pelo produtor musical Vibox

Qual a vibe? Narrativas envolventes sobre relacionamentos, sensações e sentimentos, criadas a partir do ponto de vista de uma mulher jovem, preta e periférica. Em sua estreia, a cantora cria um mapa afetivo do espaço que considera a sua casa, o local que é palco para as vivências e para apresentar a sua arte ao mundo. 

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18/01/2024

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