Dando continuidade aos nossos posts que falam sobre as peças dos toca-discos, chegou a vez do prato e do motor. Como sabemos, os equipamentos hoje em dia possuem tração automática e, com apenas um comando, podem botar um LP para girar. Mas, conforme já contamos em outro post, nem sempre foi assim: os antecessores dos toca-discos funcionavam, inicialmente, com manivelas.
O motor e o prato são os responsáveis por fazer os discos girarem na velocidade correta e, em contato com a agulha, fornecerem a informação da música que é reproduzida no seu sistema de som. Agora, vamos entrar um pouco mais nos detalhes sobre cada tipo de tração, da função de cada peça envolvida neste processo e também dar algumas dicas que podem ser úteis.
Não tem nada melhor do que curtir seu tempo em casa ouvindo o som especial do seu LP preferido. Ainda não começou sua coleção? O NOIZE Record Club entrega todo mês o melhor da música na porta da sua casa. Faça parte do NRC e receba seus kits exclusivos com LP + revista NOIZE.
O QUE FAZ O PRATO
Em relação ao prato, não existe muito mistério. Ele está ali para dar suporte ao disco e conduzir a bolacha na velocidade transmitida pelo motor. O prato é um apoio, uma mão amiga que conduz o disco para que a agulha trilhe seus sulcos. Normalmente essas peças são feitas de acrílico, alumínio, aço ou até vidro.
Apesar de não ser uma das peças mais complicadas do seu equipamento, também é necessário dar atenção ao prato. O material do qual ele é feito pode influenciar a qualidade sonora reproduzida. Isso acontece porque a agulha capta os mais mínimos ruídos gerados pelos movimentos (leia mais sobre isso clicando aqui). Se o prato vibrar muito em sua troca com o motor, podem haver ruídos perceptíveis saindo das suas caixas de som, especialmente em aparelhos antigos, que estejam precisando de manutenção.
FUNÇÃO DO MOTOR E TIPOS DE TRAÇÃO
Basicamente, o motor faz o disco girar, de forma automática, na velocidade certa para a qual foi gravado. Os discos de 12 polegadas (que são os discos grandes, no tamanho mais conhecido) geralmente são gravados em 33 RPM (Rotações Por Minuto). Isso significa que, nessas gravações, o disco gira em torno do próprio eixo trinta e três vezes em um minuto.
Entretanto, existem outras velocidades de rotação, como 45 RPM, mais usual nos discos menores, os compactos de 7 polegadas. O número de rotações por minuto do eixo do motor deve ser igual ao número de rotações no qual o disco foi gravado. Antes desse padrão, existiam ainda os discos de 78 RPM, que tornaram-se raros com o tempo, mas existem. Hoje em dia, muitos aparelhos não têm capacidade de reproduzir essa velocidade de gravação.
A tração se dá da seguinte forma: os movimentos do eixo do motor são transmitidos para o prato e o prato gira, transmitindo a mesma rotação ao disco. Existem duas maneiras mais utilizadas para realizar a tração sobre as quais você vai ouvir falar por aí quando quiser adquirir um aparelho. Vamos conhecer cada uma delas:
1. Belt Drive
“Belt”, em português, significa “correia”. Nesse tipo de sistema de tração, o movimento do eixo do motor é transmitido por uma correia até o prato. Uma ponta da peça fica presa no motor e a outra ponta diretamente no prato do toca-discos. A vantagem dos sistemas belt drive é que as vibrações do movimento do motor, que citamos um pouco acima, são absorvidas pela correia, que é feita de borracha. É justamente pela capacidade de reduzir os ruídos gerados pelo motor que os toca-discos que operam com belt drive costumam ser escolhidos pelos audiófilos na busca da maior qualidade sonora possível.
Mas nem todos belt drive são equipamentos hi-end, de alta fidelidade sonora e voltados para audiófilos. Quando o assunto são os toca-discos antigos voltados para o público médio, em geral, o custo é mais acessível se comparado aos toca-discos direct drive de mesmo perfil. Uma das explicações é que esse tipo de aparelho possui a desvantagem de poder perder a precisão da velocidade transmitida do motor ao prato. O principal motivo para que isso aconteça é a distância entre as duas extremidades da correia, que acaba sendo desgastada com o uso e o tempo. Por isso, as correias devem ser trocadas com uma certa periodicidade. Vale a pena prestar atenção nisso, pois, dependendo do estado de conservação do aparelho, pode ser necessária uma eventual manutenção.
2. Direct Drive
Neste tipo de sistema de tração, o eixo do motor está conectado diretamente ao prato (“direct” quer dizer “direto”, em português), logo abaixo do eixo no qual você encaixa o seu LP. Ou seja: as rotações são transmitidas de uma peça para outra sem atravessadores. Essa característica faz com que os toca-discos direct drive tenham a tendência de possuir maior precisão na sua velocidade de rotação e também no seu torque.
O torque é a capacidade do motor de fazer força no seu arranque e sua rotação, o que é um fator decisivo para DJs. Alguns aparelhos demoram um pouquinho mais do que outros para dar seu arranque e começar a girar na velocidade correta para reprodução da música. Se o toca-discos estiver sendo usado para botar som em uma festa, por exemplo, isso pode fazer uma grande diferença.
A desvantagem da presença do motor logo abaixo do prato é que as vibrações geradas pelo movimento de um são transmitidas ao outro. Isso pode gerar interferências no som final que você curte, como já explicamos. Porém, não precisa se preocupar tanto: em um uso doméstico, com caixas de som (e pré-amp ou receiver) de qualidade regular, não é comum perceber tanto esse tipo de problema.
Além dos sistemas direct drive e belt drive, alguns toca-discos funcionam a partir de um sistema chamado “idler-wheel”, que funciona com base em uma polia de borracha. A polia fica posicionada entre o motor e o prato, realizando a ligação entre uma peça e outra. Esse tipo de sistema costuma ser encontrado em toca-discos mais antigos, então, caso você queira comprar um equipamento usado, vale observar esse detalhe.
EM DÚVIDA SOBRE QUAL SISTEMA ESCOLHER?
Como demonstramos, cada aparelho possui suas características específicas. Cada qual possui suas qualidades e defeitos e pode servir melhor ou pior para um ou outro fim. Se você quer um toca-discos para aproveitar e ouvir um som, sem muito compromisso, tanto o belt drive quanto o direct drive podem oferecer o que você deseja. A única dica que gostaríamos de dar, no seu caso, é que procure um toca-discos no qual você consiga alternar o RPM de forma fácil para, eventualmente, curtir discos de outros formatos.
Se você está em busca da qualidade sonora perfeita, sem mínimos ruídos ou interferências, aconselhamos que você vá atrás de um toca-discos com sistema belt-drive. Um modelo de alta performance desse tipo provavelmente vai custar um pouco mais caro, mas irá satisfazer os seus anseios.
Mas se você for DJ e estiver em busca de um toca-discos com o qual você pretende tocar seu set, aconselhamos que procure um sistema direct drive. Isso porque a maior precisão na transmissão da velocidade de rotação e do torque do motor nesses equipamentos permite que você inicie as músicas rápido e ainda possa realizar manobras, como os scratches, sem prejudicar o seu toca-discos.
E vale ressaltar o que já virou costume dizer por aqui: o melhor equipamento é o que atende às suas necessidades e cabe no seu bolso. O toca-discos ideal é aquele que está de acordo com a sua realidade no momento. Caso você ainda tenha outras dúvidas sobre qual aparelho deve comprar, você pode encontrar mais dicas aqui.
***
Se você quer saber mais sobre as outras partes que compõem o seu toca-discos, clique aqui e acesse a sessão “EM VINIL” do nosso site, com diversos posts sobre o seu equipamento e tudo o que envolve o universo dos LPs.
Ficou a fim de comprar um toca-discos e colecionar LPs? O NOIZE Record Club é um clube de assinaturas no qual todo mês você recebe um kit exclusivo com vinil + revista na porta da sua casa. Nosso lançamento do mês é “Roteiro Pra Aïnouz, Vol.2” do favorito dos favoritos, o rapper cearense Don L. Assine o clube e garanta agora seu exemplar!