#BQVNC| Ventre estreia entre os riffões do rock e a música brasileira

26/10/2015

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Lucas Lanzoni

Por: Lucas Lanzoni

Fotos: Divulgação

26/10/2015

É sob a alcunha de Ventre que um power trio formado por músicos que se apresentam com Cícero, Duda Brack, Lenine e Posada e o Clã traz seu álbum de estreia. Entre arranjos pesados e referências que vão de Who a Elliot Smith, o grupo lança esse mês seu primeiro disco.

A presença ruidosa e distorcida da guitarra de Gabriel Ventura é acompanhada pela cozinha de Larissa Conforto e Hugo Noguchi, que transforma seu baixo em um verdadeiro laboratório de experimentos harmônicos. Essa é a base que embala as letras confessionais e observações das composições, fazendo com que amores, saudades e rancores ganhem interpretações densas e carregadas.

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Ventre (o disco) é o resultado de dois anos tocando em centenas de palcos, músicos se dividindo entre outros projetos e gravações em horários alternativos e em muitos estúdios. Muitos estúdios mesmo. Pra sacarem do que estamos falando, o álbum passou pelo Ministéreo, de Júnior Tostoi, O Quarto, de Bruno Giorgi e pela lendária Toca do Bandido, em que ganharam uma diária com o badalado produtor americano Aaron Bastinelli (Marky Ramone e The Roots) em um concurso da Converse Rubber Tracks. Além desses, foram pelo menos outros oito locais envolvidos em todo o processo. Ufa! Ao longo desse extenso ciclo de gestação, o trio divulgou vídeos de algumas das faixas que fazem parte dessa estreia. Entre registros ao vivo e clipes, músicas como “Bailarina”, “Pernas”, “Carnaval”, “Quente” e “Peso do Corpo”, primeiro single lançado em agosto, já mostravam um pouco do som agressivo e tenso que a Ventre traria no disco.

Batemos um papo com a banda para falar sobre esse primeiro trabalho e as expectativas para esse novo momento, com ele finalmente lançado. Confira aqui a entrevista:

Tem aquele ditado “um é pouco, dois é bom, três é demais”. Vocês passaram por mais de 10 estúdios, trabalharam com diferentes produtores e mantiveram uma unidade sonora no disco. Qual é o segredo?
Larissa: Acho que a unidade tem a ver com a nossa preocupação com os timbres (pedais e instrumentos), que é muito forte, e também a masterização, feita pelo Matheus Gomes, que por ser amigo nosso entendeu o som e ralou muito pra juntar tantas mixs diferentes num disco só!

Vi que “Quente” foi apresentada pela banda como um “sambinha” e que o Hugo e a Larissa pedirão um “riffão” pra ela. Essa busca pelo peso e a tensão na sonoridade é algo natural para os três?
Larissa: É muito natural sim. Acho que nós três compartilhamos do gosto por música brasileira (mpb, samba, ritmos afro-brazucas) e ao mesmo tempo pelo lado mais sujo/garagem/freestyle do rock. Isso se reflete muito nos nossos arranjos, e foi o caso de “Quente”. A letra pedia um riffão arrastado, e foi o que a gente deu!

Ainda sobre gostos e referências musicais, quais sons fazem parte da playlist dos três e quais nem tanto assim?
Larissa: A gente já teve várias discussões sobre isso! Temos gostos completamente divergentes, e as interseções são muito nítidas no nosso som. O que a gente gosta em comum, a gente gosta muito! Exemplos que eu me lembro que são unânimes: Deftones, Hendrix, Jeff, Radiohead, Buckley, Nirvana, Smashing Pumpkins, Fiona Apple, Warpaint, PJ Harvey, Gil, Caetano, Lenine.
Outra influências: The Who (Hugo), Gonzaguinha (Gabriel), Queens Of The Stone Age (Larissa e Gabriel), Toe (Hugo e Larissa).

Vocês lançaram dois singles em videoclipes que trazem linguagens bem distintas. O primeiro com um roteiro bem definido e segundo mais “sensorial”. As escolhas foram propositais? Como os vídeos “ajudam” na interpretação da música?
Gabriel: As músicas foram representadas da maneira como as imaginamos e acho que até agora achamos as pessoas certas pra fazer isso. Os vídeos são muito importantes pra gente, sentimos a música mais viva com eles, tirando o lado comercial e de circulação dessa coisa de clipe, que justifica criação e o trabalho pra fazer um, você traz pra musica as reações que a visão dá, é uma outra intervenção, essa soma torna a experiência muito mais emocionante. Por mim tinha clipe de todas as músicas.

Com o disco finalmente lançado, quais os planos? Algum sonho especial para essa estreia?
Gabriel: Primeiro vem a sensação de extremo alívio! Foi um parto sofrido pra gente, mas que trouxe muita coisa boa, antes mesmo de acontecer, então agora é só curtir, criar e apresentar o garoto da melhor maneira que pudermos sempre. Outra etapa do trabalho começa agora, sem muitas expectativas pra não se decepcionar, mas também sem deixar de correr muito atrás e aproveitar tudo o que vier.

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26/10/2015

Lucas Lanzoni

Lucas Lanzoni