Vincent Moon, o homem do La Blogotheque

09/12/2010

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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09/12/2010

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Vincent Moon está no Brasil há um mês e passou por Porto Alegre na quarta-feira, 8, exibindo sua produção e a comentando. É pouco provável que o nome Vincent Moon lhe seja familiar, mas há grandes chances de você já ter investido alguns minutos nos vídeos do La Blogotheque. Basicamente, se não lhe é estranha a imagem de músicos alternativos tocando e cantando em situações nada convencionais – caminhando pela rua, sentados nos trilhos de um trem, passeando de elevador –, então é quase certo que você já viu o trabalho de Moon ou uma das infinitas cópias que surgiram desde que o videomaker francês iniciou as atividades uns 5 anos atrás.

“Não costumo ver meus vídeos em salas de cinema”, comentou ao adentrar o local do encontro porto-alegrense. “Normalmente meus vídeos envolvem pessoas que beberam ou fumaram alguns baseados”. Os Concerts à Emporter (ou Take Away Shows, ou Shows Para Levar) são isso mesmo: Moon encontra o músico ou a banda, conversa com eles e chega a algum acordo de local para o qual todos rumam. Os artistas começam a trabalhar: a banda toca sua música, algumas vezes de forma inusitada (usando apenas a boca ou instrumentos improvisados). Vincent filma com naturalidade e fluidez, como se fosse velho amigo dos músicos; utiliza apenas uma câmera.

O resultado, que tem sido apontado por muitos como algo no limite entre o videoclipe e o documentário, é, para o autor dos vídeos, o registro do nascimento de novas amizades. “O que me interessa é a troca com as pessoas”, sintetiza. Não soa piegas porque é mesmo a impressão que dão seus vídeos: registros informais, cheios de sentimento verdadeiro. “A maioria é gravada em um take. Os que não saem de uma vez, em geral nunca ficam bons. Como este”, afirma, referindo-se à performance de Femi Kuti (a sessão #115, que deve entrar no ar em breve, mesmo desagradando Moon).

Na passagem pelo Brasil, captou o sambista José Domingos em seu apartamento, tocando seu violão, recitando um poema, cantando no elevador, embaçando a câmera de tanto transbordar verdade e sentimento. Não há produção, não há máscaras. Diz-se que seu trabalho é marginal, que é antropológico, etnográfico. O que parece mais certo, ao ouvi-lo falar, é que Moon encontrou uma maneira de capturar pedaços de vida – o que, segundo o próprio, é sua definição de cinema: pequenas coisas –, transmitindo-os sem interferência. Sua câmera é seu olhar a observar o ambiente. Mesmo o som varia de acordo com o posicionamento do cameraman (ele), se as condições de captação de som assim o determinarem. E assim, despretencioso, tornou-se precioso.

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09/12/2010

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