Exclusivo | Os riffs hipnóticos da Walverdes estão de volta

25/07/2016

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Marília Feix

Por: Marília Feix

Fotos: Divulgação

25/07/2016

Em tempos tão apelativos, é raro encontrar uma banda tão sólida e genuína no Brasil. Com vinte e três anos de estrada e seis discos de estúdio, a Walverdes navega impávida entre as ondas dos momentos. Não tem frescura, são os quatro amigos de Porto Alegre: Gustavo Mini, Julio Porto (ex-guitarrista da Ultramen), Patrick Magalhães e Marcos Rübenich fazendo o som que acreditam.

Hoje é dia de lançar Repuxo, um EP de 7 faixas que vão do garage-rock ao dub, com direito a uma vinheta bem humorada e jazzística intitulada de “Jazz com Bacon”. Riffs hipnóticos, texturas e microfonias também carregam as referências que a banda traz desde o seu surgimento: de Mudhoney a Black Sabbath, com umas pitadas de Bob Marley.

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Assista ao clipe do primeiro single do EP, “É Muita Gente”, gravado nos estúdios do selo Loop Discos:

Produzido por Julio Porto, Repuxo traz um novo momento da banda, com sonoridades que vão além do garage rock e grunge de Breakdance, Playback e Anticontrole, seus álbuns anteriores. A trajetória da Walverdes é extensa e cheia de participações nos principais festivais alternativos do país, incluindo uma indicação de melhor clipe ao Video Music Brasil da MTV em 2006.

Ouça o EP completo enquanto descobre um pouco mais sobre eles em uma conversa com o vocalista Gustavo Mini:

Vocês passaram por muitos modismos mantendo a identidade de vocês. Consideram que essa autenticidade sempre esteve a favor da trajetória da banda?
Olha, talvez favoreça no sentido de que a gente tem uma certa liberdade de fazer o que a gente quer e um respeito adicional das pessoas que são mais apaixonadas por música. Acho que é isso. Fora disso, não tem nenhuma grande vantagem, a gente não tem desconto em nenhum lugar e nem vai mais gente nos shows por causa disso.

Vocês chegaram a lançar EP’s em fitas cassete e nos últimos anos esse formato voltou, até fábricas de fitas cassete estão sendo revitalizadas. O que você acha da volta desse formato?
Sim, a gente lançou cinco ou seis fitas cassete entre 1993 e 1997. Esses retornos são movimentos naturais da cultura, isso sempre acontece, né? Mas não estamos nessa onda. Particularmente, ainda tenho traumas de ficar copiando fita pra fita 100 vezes e ter que ficar indo nos Correios levar pacotes pra mandar fita pra fanzines e pra fãs. Ainda prefiro a praticidade do MP3 e do streaming, não tenho muitas saudades da fita cassete não. Não tenho vontade de andar por aí com um Walkman além do meu celular.

A revolução digital na música foi positiva pra vocês? Ainda sim, pretendem lançar Repuxo fisicamente?
A primeira contribuição da Internet pra ajudar a banda foram as listas de email da segunda metade dos anos 90, antes do MP3. Especialmente duas listas: a Indie Brasil e a Poplist. Nessa época, a gente usou essas listas pra se conectar com centenas de outras bandas, produtores e jornalistas de todo o Brasil. Foi a partir delas que a gente começou a tocar mais fora do RS e que acabou fechando o lançamento de alguns álbuns pela Monstro Discos de Goiânia. Temos planos de lançar o Repuxo em vinil. Talvez uma pequena tiragem de CDs, não sabemos ainda.

A entrada do Julio na composição e produção trouxe algumas mudanças no som de vocês que ficaram mais claras em Repuxo. Tem dub, tem jazz. Ficou menos classificável. Vocês tinham essa intenção ou foi acontecendo?
Na verdade o dub e o pseudo-jazz foram mais brincadeiras. Acho que a principal contribuição do Julio, além de trazer duas músicas pro disco, foi uma camada a mais de guitarras e texturas meio psicodélicas que surgiram de experiências no estúdio.

Pensam em fazer uma turnê com Repuxo? Quais são os planos?
Na verdade, há anos a gente não “sai em turnê”. A gente está permanentemente fazendo shows espaçados. Não temos essa lógica de “agora estamos em turnê / agora não estamos em turnê”. Como não fazemos muitos shows, pode-se dizer que estamos em uma eterna turnê com muitos dias de folga.

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25/07/2016

Marília Feix

Marília Feix