Fãs no céu, Blur no Terra.
Há exatos vinte anos, a banda voltava de uma turnê nos Estados Unidos, insatisfeita com o desrespeito do público que ainda estava na onda grunge e com a certeza de que o rock britânico tinha que ressurgir para o mundo. “Modern Life is Rubish” saia da fábrica em 1993, como uma resposta ao comportamento “enlatado” norte-americano. Foi nessa época que Damon, Graham, Alex e Dave começaram a impactar a história da britpop, usando terno, camisa polo e naipe de metais, quando toda uma geração só queria saber de camisa xadrez, baixo, guitarra e bateria.
A voz do Gorillaz deu boa noite pra plateia de 27 mil humanos no Campo de Marte, em São Paulo, e abriu com “Girls and Boys”, do terceiro álbum do Blur, “Parklife”. A partir desse momento, todo o resto ficou invisível e a banda, que voltou ao Brasil depois de quatorze anos, emendou um hit no outro, como se estivesse ouvindo os pensamentos do público, pedindo por todas aquelas músicas.
“Tender” teve um clima “Hey Jude”, já que a plateia mais próxima ao palco balançou cartazes com o trecho “Oh, My Baby”, em uma atmosfera de celebração coletiva.
Em “Parklife”, Phil Daniels, que atuou na clássica ópera-rock “Quadrophenia”, cantou a sua parte, relembrando o clipe da música. A bela e mais recente “Under the Westway” foi seguida de “For Tomorrow”, uma volta a 1993. Depois de uma hora e meia de show, que encerrou com o hino “Song 2”, fomos para casa com a garantia de que o rock britânico ainda tem seu reinado garantido por aqui.
Outros shows
Não foi só o Blur que proporcionou uma noite de devoção ao público que compareceu ao Planeta Terra Festival. A cantora norte-americana Lana del Rey, que se apresentou pela primeira vez no Brasil, mostrou carisma e sensualidade, num show que levou boa parte dos fãs ao delírio. E no final da tarde, os escoceses do Travis esquentaram a plateia com as músicas do seu último disco de estúdio, “Where You Stand”.
Com muita técnica e um leque amplo de influências, Beck foi quem fechou os trabalhos do Palco Smirnoff, um pouco antes do Blur começar a sua apresentação. Em 1h20 de música, o guitarrista desfilou hits como “Lost Cause”, “Hotwax”, “Trouble All My Days”, “Modern Guilt” e “Loser”. Porém, a grande surpresa do seu set foi uma releitura de “Billie Jean”, clássico absoluto de Michael Jackson.
O festival ainda animou o público durante a tarde com o show da banda The Roots. Os oito integrantes do coletivo norte-americano de hip hop/neo soul proporcionaram uma das apresentações mais intensas do Planeta Terra. E com uma energia muito parecida, o Palma Violets foi o primeiro artista internacional a pisar no palco montado no Campo de Marte. No repertórios, destaque absoluto para as músicas do disco de estreia, “180”.
Os brasileiros Clarice Falcão, BNegão e Os Seletores de Frequência, Hatchets e O Terno fizeram as honras de abertura, quando o sol ainda batia forte nos palcos Terra e Smirnoff.
(Fotos: Fabricio Vianna)