O que as lendas do rock ouvem (e tocam) depois da morte

19/12/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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19/12/2014

Quem não fica curioso ao imaginar o que lendas do rock como Jimi Hendrix, Janis Joplin e Raul Seixas estariam ouvindo hoje se estivessem vivos? E mais, o que será que eles estão ouvindo agora mesmo no além?

Buscando respostas para essas questões tão complexas quanto intrigantes, a equipe da Rádio Putzgrila lançou um projeto impressionante chamado R.I.P – Rest In Playlist. Através da médium curitibana Carmem Tiepolo, John Lennon, Kurt Cobain, Renato Russo, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones, Joey Ramone, Freddie Mercury, Jim Morrison, Raul Seixas, Cliff Burton e Dinho, do Mamonas Assassinas, (teoricamente) criaram playlists com a lista de músicas que eles estão curtindo do lado de lá. Essas faixas são tocadas toda semana em um programa semanal da rádio que você pode acessar aqui.

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R.I.P. Kurt Cobain / Rafael Malenotti, Six e Camilo Bassols by Rádio Putzgrila on Mixcloud

Algumas bandas internacionais que foram incluídas nas listas, inclusive, estão repercutindo o projeto em suas redes.

Aos 57 anos, Carmem Tiepolo é uma autoridade quando se trata de músicos mortos. Ela afirma que há 13 anos já havia sido avisada de que seria convidada para um projeto como o da Rádio Putzgrila e que ficou muito feliz com o convite. Porém, segundo a médium, a escolha dos artistas feita pela rádio causou-lhe uma saia-justa em relação aos outros espíritos de artistas com os quais ela diz se comunicar: “A rádio fez a indicação dos músicos, mas aí outros já falecidos que não participaram, como o Tim Maia, me perguntaram: “E nós? Vamos participar quando?”. Mexeu muito com eles lá em cima”, afirma.

Carmem preside a Casa de Orientação Espiritual Ecumênica e Medicina Alternativa Padre Cícero Romão Batista, centro que dirige há 30 anos, e trabalha como médium atendendo o público desde os 12 anos de idade. Nesse tempo todo, ela conta que desenvolveu um trabalho psicográfico sem paralelos: Carmem afirma que os espíritos de músicos como John Lennon, Kurt Cobain, Elvis Presley e Michael Jackson lhe passam músicas novas e inéditas compostas após a morte, compondo um repertório de mais de 3 mil composições. A equipe da Rádio Putzgrila fez um mini-documentário com a médium e nós fizemos uma entrevista com ela onde ela relata que tem um contrato com a gravadora internacional EMI para editar essas faixas do além. Segundo ela, quem gostou muito do seu projeto foi ninguém menos que Paul McCartney, veja abaixo.

Como você se sentiu quando a Rádio Putzgrila convidou você para o projeto Rest In Playlist?
Na verdade, o lado espiritual sempre falava que isso iria acontecer já fazem uns 13 anos. Aí aconteceu. Nesse meio tempo, eles me mandavam seu repertório pós-morte. Algumas músicas dessas eu gravei e coloquei no Youtube. Nunca parei de trabalhar com música, mas pra fazer o que a Rádio Putzgrila pediu, foi a primeira vez.

Foi tranquilo para você fazer esse projeto?
Demorou um pouco até reunir todos [espíritos]. Aí tinha dias em que faltava um ou outro… não foi fácil não. Mas com isso, outros que não foram selecionados também perguntavam: “Quando que vai ser o meu dia?”.

E o que você respondia pra eles?
Que o projeto já tinha fechado os nomes. E que, se um dia outra pessoa fosse fazer algo assim, eles seriam encaixados. Uma coisa interessante: primeiro eu trabalhava com [espíritos de] índios, preto-velhos, e quando eu comecei a trabalhar com os músicos, eu fui supervisionada pelo Chico Xavier. Eu saía de Curitiba e ia pra Minas Gerais levando as fitas cassetes [com as composições pós-morte gravadas] pra ele supervisionar. O Chico me falou em vida que tudo isso ia acontecer, foi o Chico que previu, inclusive, que as fitas iriam pro rádio – não existia nem computador na época. É importante pra mim que vocês deem o crédito total ao Chico porque foi ele que me incentivou, me supervisionou, foi ele que disse que era o John Lennon. Enquanto o Chico esteve vivo, eu frequentava a casa dele, ficava na casa dele, o mentor de tudo isso é o Chico Xavier. Eu sou só uma representante.

Como funciona esse trabalho de psicografar músicas?
Veja bem, o John Lennon, por exemplo, me manda o repertório inteiro. Letra, melodia… E eu passo pra bandas aqui do plano terreno e elas executam. Eu entro no estúdio e fico junto, mas eu fico incorporada. Eu fui pra Londres mostrar isso e conheci muitas pessoas importantes, inclusive o Paul McCartney. Eu estive na EMI, fui contratada por eles. As minhas músicas, já que nós não vivemos só do espírito, são editadas todas na EMI.

Carmem Tiepolo em frente a EMI, em Londres

Carmem Tiepolo em frente a EMI, em Londres

Na gravadora EMI?
Na gravadora EMI. Tanto em Londres quanto no Rio de Janeiro. Eu tenho músicas pra orquestra, do Kurt Cobain, Leandro, Dinho, Mussum… O nosso trabalho é maior, é do céu pra Terra. Eu preciso é de bandas que queiram se arriscar. Qual é a banda que gosta de Nirvana, do estilo do Kurt? Eu tenho letras dele, melodias novas. É a continuidade do trabalho dele. Tenho muitas músicas do Michael Jackson já, mas eu preciso de alguém que entenda do estilo do Michael Jackson, porque a letra e a melodia eu tenho.

Você se encontrou mesmo com o Paul McCartney?
Sim, em Londres. Eu estava em Londres quando faleceu a Linda McCartney [1998]. O John Lennon me avisou que a Linda McCartney ia falecer e que nós estaríamos lá. Eu não tinha um puto tostão, e aconteceu. Um baterista que é muito conhecido aqui em Curitiba, o Rodrigo Bettega, vendeu uma bateria dele pra pagar, pegou três letras do John Lennon pós-morte, fez [a gravação] e eu levei o disco e entreguei pro Paul McCartney. Ele estava dentro da EMI. Foi naquela época a minha primeira estada em Londres e Liverpool. Inclusive, eu tenho músicas [gravadas] lá em Liverpool com bandas inglesas. Quando eu cheguei lá em Liverpool, a Grande Casa Maçônica de Liverpool, me ajudou. Muitos maçons foram distribuindo os CDs. Essas três primeiras letras do John Lennon estão hoje no Liverpool Institute for Performing Arts (LIPA), que é do Paul McCartney. Eu não trabalho só no Brasil, eu trabalho no mundo.

E como o Paul reagiu?
Ele sabia que era o John Lennon porque ele, espiritualmente, também se comunica com o John Lennon. Eu tenho revistas em que o Paul McCartney afirma isso, ele nunca escondeu a ligação espiritual com o John Lennon. Mas é importante falar também que eu tenho músicas de camioneiros, taxistas, empregadas domésticas, médicos, engenheiros… Não tenho só músicas de famosos, tenho também de pessoas que não eram músicos, mas tinham o dom.

Como você se comunica com eles?
Porque eu sou médium. Eu faço isso desde os 12 anos de idade e fui orientada pelo Chico Xavier. O Chico que me treinou, o Chico que me abençoou. Eu me sinto feliz porque, com o tempo de estrada e com o currículo que eu tenho, não tem outros. Por isso, quando o pessoal fala, “ah, mas será que é o John Lennon?”, eu não tô nem aí porque a sumidade nesse lado espiritual, que foi o Chico, foi quem me deu o aval. Eu só fui trabalhando.

Você chegou a mostrar suas músicas para outros artistas?
Não, eu deixo na mão de Deus. Se alguém quiser gravar, eu tenho certeza de uma coisa: se eu vender letras que pertençam ao lado espiritual, ou algo do gênero, vai ser pra caridade, como são meus livros. Eu tenho muitos livros editados. Cada um tem a sua missão e a minha é essa, eu tô fazendo com muito carinho.

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19/12/2014

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