NOIZE #65 Lado B | 10 músicas de protesto pelo mundo

02/10/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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02/10/2014

Quando o discurso é revestido de uma intenção política, uma sequência de versos e acordes podem se transformar em fermento para insurreição. Mas o que define uma música na protesto vai além do som que sai da boca de um violão ou de um cantor. Antes de chegar à canção, é preciso passar pela arte.

Na NOIZE #65, falamos sobre arte engajada e músicas que foram escritas para expressar um ideal político. São canções que, em geral, questionam a ordem vigente defasada. Algumas ganharam novos significados e interpretações ao longo do tempo, retornando à superfície quando reaparece um conflito claro entre dois lados.

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Relembramos abaixo 10 canções indignadas com a realidade:

1. “Like a Rolling Stone” – Bob Dylan (1964)

Desde a letra, passando pelos diferentes elementos musicais até seu tempo de duração, esta canção de Dylan não era nada parecida ao que se conhecia até então. Aqui, ele deixa seu lado folk de lado para eletrificar. Com pouco mais de seis minutos de duração (as rádios não tocavam músicas mais longas que três minutos até “Like a Rolling Stone” chegar) e versos sobre um debutante solitário na alta sociedade, Dylan marcou a história da música, mais uma vez.

2. “Imagine” – John Lennon (1973)

Entre as diversas composições indignadas com a Guerra do Vietnã, temos a canção de John Lennon do disco solo de 1971. Ele propõe um mundo livre de barreiras sociais, religiosas ou políticas em um manifesto musical pacífico que até hoje serve de inspiração para as pessoas.

3. “Zombie” – Fela Kuti (1977)

O afrobeat pode ser um ritmo extremamente dançante e alegre, mas não deixa de carregar mensagens políticas densas nas letras. Fela Kuti era um artista que não tinha medo de expressar-se pela música e “Zombie” foi uma de suas composições que mais repercutiu na Nigéria. O título é uma referência à ação brutal e sem nenhum tipo de discernimento – como seriam os zumbis – do exército militar de um corrupto governo nigeriano contra sua própria população. A resposta do governo à canção foi a destruição massiva da comunidade construída por Fela, a Kalakuta Republic.

4. “Spanish Bombs” – The Clash (1979)

Décadas depois da Guerra Civil Espanhola, o The Clash escreveu essa canção inspirada no conflito, mas dentro de um painel histórico ainda maior, uma vez que abarcava o período Pós-Franco. Ameaçada por separatistas bascos do ETA, a Espanha nos anos 70 recebeu ataques de bombas desses grupos que queriam ver o país e a França separados do região conhecida como País Basco. Ao ouvir no rádio sobre esses ataques e lembrar-se da Guerra Civil Espanhola, Joe Strummer comentou com a sua então namorada Gaby Salter que alguém deveria escrever uma música chamada “Spanish Bombs (Bombas Espanholas)”.

5. “People of the Sun” – Rage Against The Machine (1996)

Nos anos 90, o RATM foi uma das principais bandas a representar o movimento Zapatista. Zack de la Rocha escreveu essa música após uma visita a Chiapas, no México. Na letra, referências à destruição do império asteca pelos espanhóis, ao último imperador asteca que acabou sendo executado e às Zoot Suit Riots, conflitos que ocorreram entre a Marinha americana e jovens latinos em Los Angeles durante a Segunda Guerra Mundial.

6. “Irhal” – Ramy Essam (2011)

Em árabe, “irhal” significa algo como “vá embora” e foi o hino dos protestantes egípcios contra o governo ditatorial do então presidente Mubarak. A canção era entoada na praça central das manifestações, chamada Tahrir, até que Mumbarak entendeu o recado e foi forçadamente destituído. O autor da música, Ramy Essam, voltou à praça após os movimentos e, surpreendam-se, foi preso e detido por algumas horas acusado de “agitador”.

No Brasil, a Ditadura Militar foi um período fértil e perigoso para nossos compositores. Com a censura em cima, letras subjetivas e codinomes foram os jeitos que os músicos encontraram para protestar contra o que opressão. Por conseguirem driblar a censura foi que os artistas tornaram-se um dos principais meios de expressão da população.

7. “Opinião” – Zé Keti (1964)

Inicialmente escrita como uma crítica ao governo estadual do Rio de Janeiro que estava varrendo as favelas dos morros, a canção depois alcançou dimensões maiores e tornou-se mais um dos hinos contra a Ditadura. Na letra, Zé Keti retrata não só a indignação, como também o conformismo da sociedade diante da repressão.

8. “Pra Não Dizer que não Falei das Flores” – Geraldo Vandré (1968)

A crítica do paraíbano Geraldo Vandré não está nas entrelinhas, mas bem nítida na letra desta canção que logo foi censurada pela Ditadura Militar brasileira. Suas rimas simples e melodia em forma de hino fizeram dela uma das composições mais cantadas pela resistência.

9. “O Bêbado e o Equilibrista” – Aldir Blanc e João Bosco (1979)

É a resposta da ala artística para os militares. Poesia do início ao fim, a canção fala dos músicos contrários ao regime, representados pelo “bêbado”, e de uma esperança, a “equilibrista”, de que dias melhores virão.

10. “Diário de um Detento” – Racionais MC’s (1998)

A morte de 111 detentos no Presídio do Carandiru por policiais do Estado de São Paulo causou tamanha repulsa nos Racionais MC’s que eles escreverem “Diário de um Detento” pra mostrar ao Brasil que cadeia não é só assunto de polícia. O clipe da música, a favela e prisão acabaram chegando à MTV e, consequentemente, às televisões de brasileiros bem-acomodados.

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02/10/2014

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