André Prando revisita raízes capixabas em disco inspirado na contracultura 

06/08/2024

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Divulgação/ Melina Furlan

06/08/2024

Iririu, terceiro disco do músico capixaba André Prando, vem sendo desenhado há quase cinco anos. As duas faixas mais antigas, “Patois” e “Dharma”, surgem da parceria com o mineiro Luiz Gabriel Lopes. O restante do álbum foi lapidado a partir de 2020, sendo finalizado no ano passado com coprodução de Rodolfo Simor

“É um disco que vai além do formato banda, tem quatro bateristas, três pianistas, orquestra de violinos, sopro, cítara”, divide o artista. Criado e elaborado em Vitória, o trabalho reúne quase 40 pessoas de diferentes turmas que passaram pela vida de André em mais de uma década de carreira. 

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Não à toa, o show de lançamento aconteceu no festival TendaLab, no final de julho. “Tocar em Vitória é estar em casa. É um show com um formato diferente, mudou a estética do som, do figurino, e como o disco tem muitos elementos que consideramos importantes, trazemos isso digitalmente no ao vivo”, explica sobre a apresentação. 

Leia um bate-papo com o artista: 

Batismo hippie 

“Tinha a ideia de fazer uma música que falasse sobre ‘iririu’, essa palavra do Espírito Santo, uma gíria que conheci quando entrei na faculdade, na UFES, em 2009. A galera usava como cumprimento, mas depois entendi que ela vinha dos anos 1990, do pessoal que pegava carona para curtir cachoeira, natureza, e que gostava de tomar cogumelo. A palavra está ligada à psicodelia, então naturalmente está associada à ideia da contracultura, contravenção e liberdade. Subversões de forma geral. Acho muito potente ser uma palavra daqui que representa liberdade, dela estar conectada ao movimento hippie.” 

Pluralidade de estilos 

“Falei para o Rodolfo (Simor): ‘vamos fazer o disco que não fizemos em 2015’. Naquela época, eu pensava minha música como apenas rock, mas ele já via o potencial experimental. Falava para fazer algo mais Clube da Esquina, Sgt. Peppers, Tropicália. Desta vez, o disco tem vários estilos diferentes. O rock está ali como um tempero, mas as músicas passam pelo baião, bossa, tango, porém nada estereotipado. Quis aproximar o meu trabalho da minha pessoa. Eu tinha a impressão de que as pessoas tinham uma visão minha só no rock ou na psicodelia, mas eu vou no samba, jazz, reggae, então me perguntava porque a minha música não expressava isso, então nesse trabalho me preocupei em transmitir essa pluralidade.” 

Escalação de milhões 

“Quando fui fazer a ficha técnica, contei mais de 40 pessoas envolvidas. Tem músicos que conheci na noite, que toquei em outros projetos, que são os meus amigos, é um disco que conecta muita gente da cena daqui. Ele tem conexões de diferentes turmas.”    

Conexões interestaduais 

“Esse disco tem duas parcerias com o Luiz Gabriel Lopes, do Rosa Neon, um amigo querido. A gente tem em comum a coisa do canta-autor, de pegar a estrada com o violão e defender a própria canção. Tenho duas músicas com ele, que é a ‘Patuá’ e ‘Dharma’. Ele me mandou a música “Patois” sem letra, em 2017. Na época, eu estava fazendo turnê em Minas Gerais, então automaticamente quis escrever sobre estar na estrada, sobre os aprendizados de viajar. Já a segunda, eu mandei a música, ele começou a letra e terminamos juntas. Elas são as mais antigas, as outras do disco são de 2020 para cá, no momento pós-pandemia e após término de um casamento. A última que finalizei, durante o processo de produção, no ano passado, foi ‘Amorteconsidero’.” 

Encontro energético 

“Procuro sempre trazer participações no meu trabalho, no Voador  (2018) tem Duda Brack, Gabriel Ventura, Lucas Estrela, LUIZGA. Faz alguns anos que me sinto conectado tanto com Chico Chico, quanto com Juliana Linhares, desenvolvemos uma amizade mesmo não morando na mesma cidade. Existe uma apreciação mútua. Eles toparam participar do disco sem nem ouvir do que se tratava. Encontrei o Chico na esquina do Bar do Gomes, em Santa Tereza, e fiz o convite. Ficamos no dilema se a gente gravava uma composição minha ou dele, ou se rolava uma releitura. Eu tinha separado ‘Nuvem Passageira’, clássico do Hermes Aquino, e o convidei para interpretá-la. Nós temos muitas referências em comum dos anos 1970, dos malditos, das coisas lado B. Já a Juliana foi em Porto Alegre. Eu já tinha a pré-produção das músicas, então tinha um baião para ela, o ‘Zum Zum Zum’, fazia sentido a Juliana gravar o forró com a gente.” 

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06/08/2024

Isabela Yu

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