Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, Elisa de Sena foi a indicada no BQVNC do Lado A da revista #128, que acompanha o vinil de “Milton”, da Milton Nascimento.
Elisa de Sena vem se firmando como cantora, compositora e percussionista na cena contemporânea de Belo Horizonte. Com formação em Música e Artes Cênicas, a artista de 40 anos integra, desde os 19, o Grupo Tambor Mineiro, de Maurício Tizumba, e é uma das fundadoras e integrantes do Coletivo Negras Autoras.
Em 2019, foi contemplada pelo edital Natura Musical e lançou o disco solo de estreia Cura (2019), de 11 faixas, com produção musical de Luciana Gomes, ou, como é conhecida, Dj Black Josie. O disco traz participações de Késia Estácio, Luedji Luna e Tizumba.
Pouco menos de um ano depois, a cantora divulgou o primeiro álbum do Coletivo Negras Autoras, elaborado em conjunto com as integrantes Júlia Tizumba, Manu Ranilla, Nath Rodrigues e Vi Coelho. Impávida, a cantora nasceu e cresceu no bairro de Goiânia, na periferia de Belo Horizonte, e atualmente se divide entre a moradia na Grécia e no Brasil.
Por onde começo? Pelo disco mais recente Cura (2019). Passe com atenção pelas faixas “Negra Rima”, “Raiz”, que tem um belíssimo clipe no Youtube, “Um Cheiro” e “Me Encanto”.
Mood? Sob discursos suaves, entre poesias, rimas e cultos para Orixás, Elisa exerce sua música tranquilamente, ao mesmo tempo que tem uma força de pulsão. Rompendo com as estruturas brancas e patriarcais de se contar a história, a cantora protagoniza e organiza novas formas de fazer música. Exaltando as mulheres negras, dá continuidade a sua narrativa a partir de um local de afeto.
Como soa? Para quem aprecia percussão, o trabalho de Elisa de Sena é uma ótima pedida. Na construção do projeto, a criação das faixas se deu primeiro pelo ritmo e em sequência vieram as letras e melodias. A artista tem seu trabalho musical enraizado na arte percussiva afro-brasileira, em especial no tambor de congado. Sintetizadores, duas guitarras, violoncelo e baixo somam-se ainda a elementos eletrônicos, dos graves do bumbo aos agudos da caixa.
Qual a vibe? Abertura para caminhos solares. Com toques de agogô inseridos em uma sonoridade que flerta com o pop, Elisa traz um alto astral junto de esperança por dias melhores. Recomendo escutar em atividades leves ao ar livre, desde uma pedalada pela orla até um passeio pelo parque mais próximo.
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