Descubra 9 filmes gravados por Elza Soares

20/01/2023

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos: Arquivo Nacional/Reprodução

20/01/2023

Elza Soares (1930-2022), deixou uma discografia extensa, com mais de três dezenas de discos, estendendo a sua importância para além da música brasileira. O que poucos sabem é que a história de Elza Soares se cruza com a história do cinema nacional.

Na revista NOIZE #113, lançada no NOIZE Record Club ao lado do vinil de Elza Soares (1974), a seção “Pra Ver”, assinada pelo Editor Ariel Fagundes, apresenta nove filmes que contam com a presença ilustre da artista nos telões. Confira abaixo.

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(Foto: Bárbara Lopes/Agência O Globo/Reprodução)

Briga, Mulher e Samba (1961) 

Sanin Cherques

Comédia musical produzida ao ocaso da era das chanchadas. Trazendo no elenco Ronaldo Lupo, Renata Fronzi e Violeta Ferraz, o filme conta a história de Marcelino, um compositor que sai do interior pra tentar a sorte no Rio de Janeiro. Chegando lá, é enganado por uma cantora de boate, que promete dar atenção às suas músicas desde que ele busque algumas encomendas no cais. Na verdade, ela trabalha para um traficante e Marcelino acaba indo preso. Em 1961, Elza estava começando sua carreira (seu disco de estreia é do ano anterior). No filme, ela canta “Ziriguidum” ao lado do compositor da música, o sambista Monsueto. Moreira da Silva e Miltinho, grandes amigos de Elza, também estão no longa, que traz a direção musical do maestro Guerra Peixe (o mesmo de Os Afro-Sambas). 

O Vendedor de Linguiça (1962)

Glauco Mirko Laurelli

Outra comédia musical, mas dessa vez protagonizada pelo célebre Amácio Mazzaropi. Aqui, ele interpreta Gustavo, um humilde vendedor ambulante de linguiça que acaba sendo preso com sua família após sua filha Flora (Maximira Figueiredo) convencê-los a se passarem por uma família rica para impressionar o milionário Pierre, por quem Flora se apaixonou. Elza canta o samba “Não Ponha a Mão”, de Mutt, Arnô Canegal e Bucy Moreira. Miltinho novamente está presente nesse filme.

O Puritano da Rua Augusta (1965)  

Amácio Mazzaropi

Mais uma obra de Mazzaropi, que, aqui, é protagonista e diretor do filme. O longa conta a história de Punduroso, um empresário extremamente conservador que integra um grupo cristão puritano. Conhecido por censurar o comportamento de todos ao seu redor, ele surpreende quando, após um problema de saúde, apresenta mudança radical de personalidade. Elza participa de uma cena cantando com Waldyr Mussi e seu Conjunto a música “O Neguinho e a Senhorita”, de Abelardo Silva e Noel Rosa de Oliveira (não confundir com o outro Noel Rosa).  

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Um Caipira em Bariloche (1973)

Amácio Mazzaropi e Pio Zamuner

Terceiro e último filme de Mazzaropi que traz a participação de Elza, o primeiro deles que é colorido. A narrativa consiste em uma comédia dramática e gira em torno do inocente Polidoro (Mazzaropi), um homem simples que é trapaceado pelo seu genro e convencido a vender sua fazenda a um golpista. O suposto comprador não lhe paga e Polidoro, com ajuda da esposa argentina do vigarista, luta para reaver sua propriedade. A cena de abertura do filme é uma longa tomada que traz Elza cantando aos pés do Cristo Redentor a música “Rio Carnaval dos Carnavais”, que havia sido lançada um ano antes no disco Elza Pede Passagem (1972).

Cinema Falado (1986)

Caetano Veloso

Documentário musical dirigido e roteirizado por Caetano que une de forma livre atos de dança, apresentações musicais, cenas atuadas e entrevistas com diversos artistas sobre temas como política, meios de comunicação de massa e música. Estão presentes no filme de Dorival Caymmi a Mick Jagger, passando por Gilberto Gil e Regina Casé. No início dos anos 1980, Elza Soares viveu um período de ostracismo em que quase desistiu da sua música e Caetano foi quem a resgatou. No filme, Elza aparece cantando um trecho de “Língua”, faixa que gravou com o baiano no disco Velô (1984) e que foi fundamental para o movimento de retomada da carreira de Elza.

Garrincha – Estrela Solitária (2003)

Milton Alencar Jr.

Cinebiografia do jogador Manuel dos Santos, o lendário Garrincha. O filme foi inspirado no livro Estrela Solitária – Um Brasileiro Chamado Garrincha (1995), de Ruy Castro, e, como não poderia deixar de ser, o longa enfatiza bastante a presença de Elza Soares na vida do futebolista. A cantora é interpretada por Taís Araújo, porém ao final, quando sobem os créditos do filme, a verdadeira Elza surge na tela apresentando uma versão emocionante de “Bambino”, de Ernesto Nazareth, com letra de José Miguel Wisnik. 

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Chega de Saudade (2008)

Laís Bodanzky

Com um elenco que une artistas experientes, como Tônia Carrero e Betty Faria, a atores jovens, como Paulo Vilhena e Maria Flor, o longa promove uma celebração à história da música popular brasileira. O filme se passa em um baile, realizado em um clube de dança paulistano, e os músicos que comandam a festa são Marku Ribas e Elza Soares. A direção musical é do produtor Bid e a trilha sonora, que foi lançada como um álbum e está disponível nas principais plataformas de streaming, é um espetáculo à parte.    

História Antes de Uma História (2014) 

Wilson Lazaretti

Produzido pelo Núcleo de Animação de Campinas, este longa-metragem de animação levou 13 anos para ser concluído. A trama é carregada de uma metalinguagem: nela, o personagem principal, Dr. K, é um senhor que, ao lado do menino Matias, da menina Laurinha e da galinha Melodia, acaba se deparando com objetos, como lápis e papel, que o ajudam a compreender como funciona o processo de animação de desenhos. Elza Soares empresta sua voz para a personagem Feiticeira e também está presente na trilha sonora do filme, assim como a cantora Ná Ozzetti.

My Name Is Now (2014) 

Elizabete Martins Campos

Ao longo da vida, Elza Soares foi tema de muitos programas de TV e documentários televisivos. Mas após participar de tantos projetos audiovisuais, ela finalmente ganhou um filme para chamar de seu. Fugindo do formato mais convencional de documentário, My Name Is Now é, sim, um documentário que se propõe a dar um panorama amplo da história da artista. Porém, o filme cumpre essa missão sem se apegar às minúcias da cronologia biográfica, mas sim dando uma dimensão mais subjetiva, artística e emocional do que foi a trajetória de Elza. As apresentações musicais que o filme traz são de cair o queixo, no entanto destacam-se também os longos monólogos de Elza. Há cenas fortíssimas, em que ela expõe dores e sentimentos muito profundos em um tom quase teatral, como se estivesse encenando a vida que de fato viveu. É de arrepiar.


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