Dudu Tsuda já começou os trabalhos para o lançamento de seu primeiro álbum solo. Le Son Par Lui Même, vai ganhar um show de estreia no dia 3 de maio, na choperia do SESC Pompéia. Anote na agenda. O espetáculo começa às 21h30.
E não espere só um show. Tulipa Ruiz, Luiz Chagas e Tiê são só alguns dos convidados especiais da noite. Saiba também que Dudu não se apresenta se não for “completo“. Ou seja, projeções ao vivo não vão ficar de fora.
Talvez você já tenha visto ou ouvido ele por aí. Pra não dizer certamente. Afinal, o cara não fazia o tipo homem de uma banda só: Jumbo Elektro, Cérebro Eletrônico, Pato Fu, Trash Pour 4, ZeroUm, Elétrons Medievais, Luz de Caroline, são apenas alguns dos projetos paralelos em que Dudu Tsuda se fez presente.
Mas agora é diferente. O trabalho é autoral – praticamente solitário. E quase não há mais tempo pra qualquer outra coisa que não seja o Le Son Par Lui Même. Entretanto, o laço que permanece é com a Jumbo.
Aliás, tudo é diferente. Até mesmo a divulgação do novo álbum. Estêncis feitos com água estão sendo espalhados pelas regiões da Vila Madalena e Baixo Augusta, em São Paulo. Segundo Dudu, é uma espécie de twitter urbano e funciona assim: uma vez na rua, o grafitte vai gerar movimento, comentário, reflexão, vai ser fotografado, vai circular, e espontaneamente vai ser compartilhado e vivido.
“Cinemática experiência incomparável” é o conceito-mãe que guia e inspira o compositor por todo o disco.
Sim, é complexo. Mas nem tanto. Então dá uma olhada no bate-papo que tivemos com o cara – que tudo se explica.
NOIZE: O que fez você partir para a carreira solo?
Dudu Tsuda: Eu tive várias bandas. Em alguns momentos tinha ideias solas minhas, mas que não cabiam naqueles projetos. Sempre compus sozinho. Em 2009 fui indicado a um prêmio de arte e tecnologia [Prêmio Sérgio Motta], me convidaram pra tocar, e então montei a minha banda mesmo [Dudu Tsuda soloworks]. Depois desse prêmio peguei gosto. Comecei a dar mais atenção a isso – e as pessoas também.
NOIZE: Quais as influências para o novo projeto?
DT: Gunzburg, Melody Nelson, Beck, Sonic Youth, Neu, música sinfônica, trilha de filme, Ennio Morricone, Emir Kusturica, Villa-Lobos(Sinfonia 4), Ry Cooder, Rogério Duprat, David Bowie, Radiohead.
NOIZE: De onde surgiu a ideia dos grafittes para a divulgação do álbum?
DT: Eu escrevo artigos no yahoo sobre sistemas auto-organizados: como música independente, e aspectos politicos/artísticos desses grupos. Assim acabei entrevistando muita gente que faz intervenções urbanas, o que me estimulou, pois comecei a me interessar por espaços públicos – mas sempre trabalhei com pesquisa sonora em espaços. Aí escrevi um artigo sobre as redes sociais e a criação de memes, e cheguei no conceito de criar uma meme física na cidade. Um twitter urbano. E isso já acontece, só que eu não percebia. Não sou da rua, estou me introduzindo.
NOIZE: Como isso tem sido na prática?
DT: Quem assina [o projeto] é Dudu Tsuda aliado à Casa da Lapa. Junto com [o artista gráfico] Newber Machado tivemos as ideias. Ele criou os estêncis. Eu cheguei com uma ideia maluca e ele foi me mostrando o código ético da rua. Me associei a eles porque somos muito amigos. Quem me acompanhou foi Felipe Costa, fotógrafo urbano, que também faz estêncil e conhece bem a cidade. Ele fez todas as fotos. O estêncil parte de um meme/conceito-mãe que deu margem ao twitter urbano: “cinemática experiência incomparável”. Dentro disso criei vários conceitos que estarão no disco. Na minha cabeça as imagens geram som. O estêncil gera movimento, assim como a fotografia, a música.
NOIZE: Qual a diferença entre tocar sozinho e em grupo?
DT: Sou uma pessoa coletiva. Ao mesmo tempo senti que na música eu precisava um espaço meu que não encontrava nas bandas. Do ponto de vista musical, tiro de letra porque não dependo de ninguém. Do ponto de vista emocional, é complicado por perder experiência[compartilhar], porque se fica muito sozinho. No final, se decide tudo sozinho, e eu tô adorando. Ainda assim, às vezes me sinto nadando em um oceano.
NOIZE: Le son Par Lui Même é a sua cara?
DT: Sim. Mas tem muita intersecção com meus colaboradores, sou muito aberto. Tem a complexidade do Richard [Richard Held, guitarrista] – e vai se perceber bem que vem dele. Assim como o som do Guilherme [Guilherme Ribeiro, baterista]. São solistas, são peculiares, vai dá pra perceber.
NOIZE: O que esperar do álbum? E do show?
DT: A estranheza tá fazendo com que o disco se torne interessante. É um show integralmente videográfico. Evito fazer show quando não posso fazer ele completo. O vídeo interage, tem câmera ao vivo… Toda a parte visual do meu projeto é feita pela mesma pessoa, pela Cecilia Lucchesi, pra criar uma unidade visual.
NOIZE: Alguma apreensão por se tratar de seu primeiro disco solo?
DT: O único medo é me dedicar demais e perder [tempo].
NOIZE: Como se imagina “sozinho” no palco?
DT: Faz dois anos que estou brincando disso. Aprendi a cantar fazendo, ao longo do processo. Mas me sinto no lugar onde eu deveria estar.
Le Son Par Lui Même acaba de ser lançado pela gravadora YBmusic, mas chegou antes nas prateleiras de Tokyo que nas do Brasil.