_por Patricia Palumbo
Elza fez aniversário dia 23 de junho e me dei de presente ler, finalmente, sua biografia. O livro se chama “Cantando Para Não Enlouquecer”, foi escrito por José Louzeiro e saiu pela Planeta em 97. Comprei pela estantevirtual.com.br, um site incrível que reúne sebos do Brasil.
Quem me chamou a atenção para a data foi a atriz e cantora Adriana Caparelli que preparava um especial pra rádio NBC de Hamburgo. Adriana fez um texto lindo, interpretou mais lindo ainda e a gente editou com as músicas pra colocar no ar também no Vozes do Brasil (dá pra ouvir aqui). Nesse mesmo programa Elza fala de Louis Armstrong e de sua voz de trompete. Gravamos em Salvador nos bastidores do Conexão Vivo quando ela se apresentou sentada a frente de uma banda de gafieira. Arrebentou! Levou a platéia ao delírio com seus improvisos, seu charme e seu incomparável talento. Não há ninguém como Elza.
Tenho visto Elza Soares nos palcos há bastante tempo, ouço seus discos desde sempre e acompanho as mudanças em seu repertório. Nem mesmo o samba mais tradicional soa igual com essa mulher. Tudo tem seu acento particular e pessoal. Suinga como ninguém, divide como poucos. Tem a escola do morro e vai do sofisticado Cyro Monteiro ao drama de Angela Maria – que tanto ouvia no rádio e foi inspiração pra se jogar de vez na música.
Foi depois de ouvir a Sapoti que Elza tomou coragem pra se aventurar no programa de calouros de Ary Barroso onde sua história nos palcos começou. Já naquela ocasião, ainda uma menina – ainda que muito vivida, sua musicalidade intuitiva fazia horrores! Hoje ela canta com computadores, fraseia como no rap, coloca onde quer sua voz que é veludo e metal. Amo. Me emociono. Ouço agora em alto e bom som enquanto escrevo uma seleção de suas gravações de diferentes épocas. Que maravilha!!! Quanta vida sai dessa garganta…
@patriciapalumbo é apresentadora dos programas Vozes do Brasil, no rádio, e o Instrumental Sesc Brasil na telinha. E uma de nossas jornalistas favoritas.