Era início de 2014 quando o Savoir Adore subiu no palco do MECA Festival para tocar pela primeira vez no Brasil. Nos três shows que fizeram por aqui, a dupla Paul Hammer e Deidre Muro ainda estava experimentando tocar como uma banda, com mais três integrantes no palco. A partir do próximo disco, eles estão fazendo isso desde o estúdio, e os shows prometem ser ainda mais mágicos.
Depois do MECA, Paul Hammer voltou ao Brasil algumas vezes para tocar seu DJ set – a última foi em fevereiro desse ano – e para os braços de um novo amor, como ele nos contou nesta entrevista que fizemos com o apoio da Deezer Brasil. Desde o festival em nosso país e o lançamento de Our Nature (2012), muita coisa já aconteceu com o Savoir Adore e tudo deságua no próximo disco, ainda em fase de gravação.
A capa do Facebook oficial do Savoir Adore desde o ano passado é uma foto do show no MECA, em Maquiné. Como foi essa experiência?
Fui um dos melhores shows que a gente já fez. Basicamente, uma das melhores experiências de todas nossas vidas. Todos nós sentimos falta daquele dia.
Como surgiu a oportunidade de você retornar ao Brasil para DJ sets?
Eu estava falando com meu amigo Lúcio Morais, ele toca na banda Database, e disse que seria muito interessante voltar, porque tem uma boa cena eletrônica nas boates do Brasil. Eu joguei a ideia porque toco como DJ em Nova York em festas e coisas assim, mas pensei que seria ótimo fazer isso no Brasil, tocar alguns remixes que fizemos. Foi demais! E acho que para nós é muito mais fácil também, porque é muito caro pra banda toda tocar no Brasil. Então esse seria um bom jeito de fortalecer nossa base de fãs e tocar nossa música sem toda a estrutura que precisaria se a banda inteira fosse tocar.
No seu DJ set, é muito interessante que você canta grande parte das músicas que toca eletronicamente. Desde quando faz isso?
Sabe Penguin Prison? Nosso baterista também toca com essa banda e eu fiquei sabendo que ele também faz DJ sets em que ele canta muitas músicas. E eu pensei que isso era uma ideia muito interessante, porque é uma maneira de tocar uma música, principalmente eletrônica, mas ainda ter a energia de uma apresentação vocal ao vivo. Me preparando para o set, eu acabei fazendo um remake de “Dreamers”, pra conseguir cantar junto com essa música. Foi um pouco disso e também pensar na sequência que iria se integrar a isso, um pouco de dance, eletro, house. Eu quero continuar construindo isso, porque muito do nosso material novo é inspirado na dance music, então vou poder fazer as duas coisas.
Os contos de fada e a mitologia ajudam o Savoir Adore a falar de assuntos mais complicados?
De certo modo, sim. Eu acho que é o mesmo motivo pelo qual a metáfora funciona tão bem na música: é porque lhe permite expressar uma ideia de uma forma mais poderosa, algumas vezes. Começou como um modo de conseguirmos nos expressar por meio de personagens fantasiosos e criaturas superpoderosas, mas nos permitiu não só falar das coisas de um jeito diferente, como também mais poderoso. Acrescentar esses elementos deixa tudo mais mágico, e essa é a ideia do Savoir Adore.
Além de compôr suas próprias músicas, você também gosta de fazer remixes de outras bandas. Como é isso?
Você sabe, Savoir Adore começou como um projeto de produtores. Na época, eu queria fazer algo mais eletrônico, então produzir algo era muito divertido pra mim. Começou com bandas de amigos: “nós queremos algo mais dançante e eletro”, e a gente acabava fazendo esses remakes. Foi bom porque me deu muitas ideias de músicas para o Savoir Adore. É divertido porque você pode experimentar com alguma coisa que não é 100% sua, então você se sente mais livre às vezes, não tem aquela pressão que é sua própria música. Enquanto trabalhamos no novo disco, eu faço um remix a cada mês. Tem sido muito divertido, acredito que no futuro faremos mais.
Como está a gravação do novo disco?
Especialmente agora, estamos em um ponto em que a sonoridade do disco está tomando forma. Será bem dançante. E eu tenho comentado com meus amigos que tenho sido muito influenciado pelo Brasil. Quando vim em janeiro de 2014, eu conheci uma garota aqui e nós nos apaixonamos. Então, de um modo muito diferente, eu tenho sido muito influenciado pelo Brasil, cada vez mais. Em maio, eu conheci o Maracatu, em Recife, e eu pensei “essa energia e percussão são lindas”. Então, definitivamente, o Brasil influenciou algumas músicas do novo disco.
O próximo disco também será o primeiro que vocês gravam como uma banda de cinco integrantes. Isso deve afetar no modo como pensam os shows também?
Eu acho que sim. Antes, tiveram muitas músicas que eu toquei tudo na gravação e nós tivemos que pensar como tocar ao vivo. Nós estamos tocando como uma banda de cinco integrantes por tanto tempo que vai ser até mais fácil o ao vivo. É também muito interessante porque nos força a pensar nos arranjos de um jeito diferente. Tem sido muito legal. Os shows serão um pouco mais fortes, porque todos estiveram presentes na composição.