Donavon Frankenreiter, o surfista dos acordes

22/01/2015

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Por: Paula Moizes

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22/01/2015

Dedilhados e versos que saem de uma alma apaixonada pelas ondas do mar. O músico Donavon Frankenreiter está de volta ao Brasil para matar a saudade das praias e do público acalorados. Ele se apresenta no Cine Joia (São Paulo), nesta quinta-feira, 22 de janeiro, às 23h. Com os ingressos já esgotados, ele traz as faixas de Start Livin’ (2012) pela última vez ao país antes de entrar no estúdio novamente, como ele nos contou nesta entrevista exclusiva.

Donavon também contribui para diversas ONGs ligadas aos oceanos e à música, e também é muito ligado à moda. Já assinou linhas de roupas para surfistas e atualmente é embaixador da marca de calçados australiana Sanuk, que está apoiando sua atual turnê brasileira. Na conversa que tivemos com o compositor, ele conta sobre a relação com a família, como será a gravação inusitada do próximo disco e sua paixão pelo Brasil. Veja abaixo.

*

Start Livin’ foi muito inspirado na sua mulher e seus filhos. Com toda sua carreira como músico, você encontra tempo para ficar com eles?

Muitas vezes eles têm a oportunidade de vir comigo em turnê, mas quando não estou com eles eu fico muito triste. Quero dizer, é difícil ficar longe. E nós tentamos fazer com que isso funcione, como todos os altos e baixos na vida. Quando eles conseguem vir comigo é incrível, é maravilhoso poder compartilhar momentos na estrada com eles. Mas é muito difícil ficar longe de casa. E eu não tenho uma solução para isso, eu não sei… É a vida.

Em termos de composição e gravação no estúdio, o que você mudou ou experimentou em seu último disco?

Nós fizemos o disco inteiro em cinco dias, o que é muito legal e foi muito desafiador. Foi muito bom todo o processo de gravação, colocar os instrumentos nas músicas e tudo mais.

Faz dois anos desde de que Start Livin’ foi lançado. Você planeja gravar um novo disco em breve?

Eu estou muito animado, porque vou fazer meu novo disco em maio! E estou muito animado como será feito esse novo disco: eu irei publicar um link no meu site onde as pessoas poderão clicar e nos assistir ao vivo no estúdio, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Elas poderão assistir ao vivo à gravação do meu novo disco, então será muito divertido para todos.

A sensação de Start Livin’ de viver cada segundo intensamente vem da onde ou do que?

Eu não sei… É algo de que eu tento me lembrar, mas não é todo dia que consigo, sabe. Não é fácil, é difícil fazer isso todo dia. É apenas algo que eu sempre tento me lembrar, porque eu sinto que cada dia é muito precioso, e você nunca sabe quando tudo isso vai acabar. Você precisa viver todo dia ao máximo, aproveitar e ser feliz o quanto você puder. Você precisa se divertir, sabe?

Em que momento você se apaixonou pelo surf e pela música?

Na primeira vez que eu subi em uma prancha eu me apaixonei pelo surf. E quando eu estava em uma viagem pra surfar, eu peguei um violão na casa do meu amigo pela primeira vez e no momento em que eu aprendi um acorde e toquei eu senti a mesma coisa que com o surf.

O que você deseja fazer na música e no surf que ainda não fez?

Sabe, todo dia precisa ser um novo dia para o surf e para a música. Há tantas canções que você pode escrever, tantas canções que não foram escritas, e tantas praias e ondas que eu nunca surfei. Acho que isso é uma das coisas que me mantém de certa forma inspirado e sempre voltando pra música e pro surf, porque são coisas que estão sempre mudando. Sinto que nunca chegarei na linha de chegada. Se não fosse assim, eu ficaria muito entediado e não faria nada disso.

Você não se tornou um surfista profissional de campeonatos por não gostar dessa coisa toda de competição. O que você acha da pressão que esses surfistas sofrem?

Há muita pressão. A competição é muito, muito, muito difícil e, acredito que, muito, muito, muito estressante. É muito difícil chegar no World Tour [World Championship Tour, campeonato mundial que reúne os melhores surfistas do mundo]. A qualificação para o World Tour é muito difícil, e quando você chega no World Tour há muito mais trabalho. Imagine que você está surfando e está se sentindo melhor do que nunca e você não consegue ganhar um campeonato. Deve ser devastador, deve ser uma das coisas mais deprimentes do mundo. Competição é uma coisa que tira o melhor e o pior das pessoas. É uma coisa muito emocionante, mas também pode ser trapaceira, porque as ondas podem mudar rapidamente. Tem um pouco a ver com sorte e, eu não sei, karma, mágica. Você pode estar no lugar certo e pegar a melhor onda do dia.

Você vem ao Brasil sempre que pode, qual é a sensação de estar aqui?

É como minha segunda casa! (risos) Eu amo aqui. É muito, muito bom e incrível. Eu tenho vindo pra cá tanto por tanto tempo que eu me sinto muito confortável aqui. Eu deveria estar falando português já… Eu falo o que chamamos de portunhol. Estou ficando melhor a cada dia!

Quais são as praias mais lindas para surfar no Brasil?

Elas são todas diferentemente lindas. Florianópolis, Rio de Janeiro, você também pode ir à Praia de Maresias [SP] pra surfar, Bahia… São todas lindas e todas tem algo que as tornam incríveis.

*Horas após a entrevista com Donavon, o surfista brasileiro Ricardinho morreu vítima de três tiros na Guarda do Embaú, em Santa Catarina.

Não sei se você soube, mas um surfista brasileiro conhecido como Ricardinho foi atingido por três tiros na praia e está em estado grave no hospital. Ele precisa de qualquer tipo de ajuda no momento.

Eu soube disso. Estive acompanhando ele e tudo o que tem acontecido. Ele tem uma cirurgia importante hoje. Está perdendo muito sangue. Eu fiz tudo que pude para divulgar e conseguir que as pessoas doassem sangue pra ele. Isso é devastador. Ele está em uma situação delicada, espero mesmo que possa se recuperar.

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22/01/2015

InfinitA
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Paula Moizes