Entrevista | Josyara sintetiza percussão baiana no disco ÀdeusdarÁ

02/09/2022

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Maria Mango/Divulgação

02/09/2022

Josyara revelou no seu disco mais recente ÀdeusdarÁ (2022), lançado no último dia 19 pelo selo Deck. A cantora conseguiu assimilar a façanha de criar beats, composições, ao mesmo tempo que canta e assina pela 1ª vez como produtora musical e os arranjos do disco. Composto por dez faixas autorais, ÀdeusdarÁ (2022) tem a presença marcante da percussão de Ícaro Sá, colaborador do BaianaSystem, que assinou o arranjo das percussões.

A artista, natural de Juazeiro (BA), fez sua estreia quatro anos atrás com o álbum Mansa Fúria (2018), mas sua trajetória musical possui longos anos. Ousando pegar o violão encostado de seu avô, ainda na infância, Josyara afirma que ali foi sua primeira performance: “Eu lembro desse desejo de querer tocar e cantar, a medida que eu ia aprendendo, eu ia gostando mais ainda.”

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(Foto: Maria Mango/Divulgação)

Admitindo ter tido um lado roqueira, se inspirando na baiana Pitty, aos 14 anos a cantora logo realizou seu 1º show. Anteriormente sua única apresentação tinha se dado no teatro da cidade, onde o palco despertou a aspiração da pré-adolescente em se tornar cantora. “A lembrança mais forte que eu tenho é com a projeção da voz, com essa coisa do microfone. Eu nunca tinha cantado em um microfone , eu só lembro do ato de pegar o violão e cantar. Tenho uma vaga memória da luz no meu rosto, tudo escuro e eu cantando sem enxergar, como uma magia acontecendo.”

Quando residia em Salvador, a cantora resolveu fazer uma breve passagem por São Paulo, mas admite que essa curta estadia proporcionou uma mudança 360º em sua vida, e Josyara decidiu se deslocar definitivamente para a capital paulista. “São Paulo me apareceu de surpresa. Vim com o objetivo de acompanhar uma ex-namorada com o movimento estudantil na capital, mas queria colocar a minha música em algum sarau, de me aproximar de algo. Neste momento conheci alguns músicos, um deles posteriormente me inseriu numa rede de barzinhos da cidade e comecei tocar nesses lugares e também na rua.”

Uma nova busca nas possibilidades sonoras

Dando continuidade aos álbuns solos Mansa Fúria (2018) e Uni versos (2012), Josyara apresenta uma nova performance, agora com mais segurança no violão e foco percussão. Isolada em sua residência no ano de 2020, a artista passou a fazer aulas à distância com um produtor musical, a intenção era criar músicas a partir de um outro ponto, o computador. “Eu pude sentar no computador e criar minha música de outra maneira, foi um novo encantamento. Fui botando a mão na massa com essas novas ferramentas, que foram o computador, os plugins e os sintetizadores. Tudo foi de uma forma intuitiva, como uma experimentação”

Gravado entre Salvador e Rio de Janeiro, o disco conta com participação da soteropolitana Margareth Menezes, na faixa “ladoAlado”: “Quando eu me certifiquei que iria fazer a música com ela, eu escrevi essa parte que ela canta. Na época, eu estava escutando muito a Margareth, escutando muito o Timbalada. Como eu estava presa em casa, com aquelas incertezas, saudades, aquela coisa toda, ouvir tanta preciosidade me confortou e me inspirou”.

A inspiração também se deu ao convidar Sá e SekoBass, que participa da produção musical de três faixas, “Bilhetinho”, que merece atenção especial pela entrada e saída de componentes sintéticos, “Melancia” e “Essa Cobiça”. Dentre as escolhas da temática abordada no álbum, Josyara se ancorou em questões políticas e reflexões sobre a sociedade brasileira, e afirma que sua escolha pela percussão foi para exaltar que a percussão não é só batuque. A percussão é tocada por Alana Gabriela, Jadson Xabla, Gabriel Santana, Larissa Braga, Lorena Caroline e Yasmin Reis, além do próprio Sá: “A percussão veio deste lugar de revisitar a música baiana. Queria trazer a Bahia do meu jeito, com meus recortes imaginários. Queria mostrar essa complexidade que é a percussão”, afirma a cantora.

A artista fará sua primeira apresentação com o disco na noite desta sexta-feira (02), na comedoria do Sesc Pompeia, às 21h30, acompanhada de Bruno Marques na bateria, Icaro Sá e Michelle Abu na percussão e Joana Cid no baixo. Os bilhetes estão sendo vendidos on-line, pelo site oficial do Sesc, e nas bilheterias de qualquer unidade do Sesc São Paulo. O show também contará com faixas do elogiado álbum Mansa Fúria (2018).

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02/09/2022

Gabriela Amorim

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