O tempo passa diferente no estúdio Pedra Redonda, na Zona Sul de Porto Alegre. O som dos pássaros e o cheiro da grama compõem uma atmosfera à parte capaz de proteger os sentidos da criação do caos de fuligem e buzinas da avenida que passa alguns metros à frente da casa de Wagner Lagemann.
É aqui que a Dingo Bells está trabalhando desde o início do ano na produção do seu segundo álbum, previsto para sair no primeiro semestre de 2018. O disco está sendo feito com apoio do edital Natura Musical 2016 e, em novembro, sairá um single inédito antecipando uma faixa do álbum.
Com uma bateria montada no meio da sala em meio a um mar de cabos e amplificadores, o grupo trabalha nesse mesmo espaço desde o início do processo de pré-produção das novas composições e seguirá até fechar as gravações. Nesse momento, os instrumentos já estão sendo gravados, em uma dinâmica conduzida pela busca de novos caminhos e pela fluidez natural dos processos cotidianos.
Veja abaixo como é o ninho de som onde a Dingo Bells está gestando seu novo disco:
O sucessor de Maravilhas da Vida Moderna (2015), assim como o disco de estreia, conta com a produção de Marcelo Fruet, que compara os dois momentos do seu trabalho com o grupo: “Tem algumas diferenças que mexem com diversas questões, desde a expectativa, da responsabilidade da banda que já fez um disco bacana, até à própria maneira como está sendo feito o álbum. Na outra vez, o [guitarrista] Fabricio Gambogi não estava presente no processo como um todo e agora ele está inclusive na parte de fazer as canções. Só o fato de ele estar ali já mudou um monte como administramos as coisas. Estamos redescobrindo como fazer – diz Fruet.
“Como temos uma característica de escrita em grupo, e dessa vez havia um quarto elemento que era o Fabricio, as letras, por exemplo, acabaram sendo desdobramentos de muita discussão”, comenta o baixista Felipe Kautz. “Muitas vezes a gente fica rondando perguntas”, diz o músico ao tentar definir a temática do álbum.
Na visão do (não tão) novo integrante da Dingo Bells, esse segundo disco está permitindo que o grupo se detenha com calma e minúcia em cada elemento das composições. “Parece que a gente aprofundou as coisas, deu pra explorar mais alguns assuntos que reapareceram”, comenta Fabricio. O norte, segundo ele, é “não fazer as coisas de um jeito massificado como uma linha de montagem”. Fruet concorda: “De alguma forma, nem que seja só um pouquinho, a gente sempre tenta dar uma entortadinha”.