Como mihares de jovens brasileiros dos anos 1980, René Sampaio sabia de cor e salteado os 168 versos de “Faroeste Cabloco”, música eternizada pelo Legião Urbana. E quando começou a se interessar por cinema, o futuro diretor queria ver nas telonas as aventuras de João de Santo Cristo, o “bandido destemido e temido no Distrito Federal”, personagem criado por Renato Russo.
Oito anos se passaram desde que o roteiro começou a ser escrito e “Faroeste Cabloco” vai, finalmente, chegar às telas dos cinemas brasileiros, no próximo dia 30 de maio. O primeiro longa-metragem de René Sampaio é, como a música do Legião Urbana, o retrato da desigualdade social que assolava (e ainda assola) Brasília na virada dos anos 70 para os 80.
“Faroeste Cabloco”, o filme, é fiel à epopeia imaginada por Renato Russo, sem que isso signifique cumprir todos os versos da canção. Alguns trechos ficaram de fora em nome da fluência da trama, que acompanha o martírio de João de Santo Cristo. “Quem for ao cinema procurando um filme inspirado na letra e que amplifica e aprofunda diversas questões levantadas pela música, pode se surpreender positivamente”, avisou o dirctor. O que ele não revela, de jeito algum é como a música será mostrada pelo filme. “Quer saber como ela vai entrar? Então tem que ir ao cinema para ver”.
Cartaz de Faroeste Cabloco imita capa do jornal Notícias Populares
Mas afinal, quais foram os trechos da música que foram colocados no filme e quais que foram deixados de fora? A NOIZE adianta para você:
“Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu”
O trauma é mostrado na infância de João na Bahia e justifica o porquê do protagonista se tornar uma pessoa tão violenta.
“Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu”
É na esperança de dar certo o romance com Maria Lúcia que João tenta andar na minha.
“Logo logo os malucos da cidade souberam da novidade
Tem bagulho bom aí”
No centro do conflito do filme está a droga produzida por João e vendida em Brasília. E de melhor “qualidade” se comparada com o produto oferecido pelo traficante playboy Jeremias.
“Jeremias maconheiro sem-vergonha
Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar”
Festa verídica realizada em 1980, a Rockonha teve convites impressos em seda pela gráfica do Senado. No filme, como na letra, vira cenário da história.
Trechos descartados:
“Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de medico aos 12 era professor”
“Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar”
“Dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão”
“E o Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão”
“João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e
A gente da TV que filmava tudo ali”
“Ele queria era falar com o presidente para ajudar toda essa gente”
Na semana da estreia, o trailer de “Faroeste Cabloco” já ultrapassou a marca de 2 milhões de visualizações no Youtube: