#ExclusivoNoize | Lançamento de “Batom na Cueca”, do Alaídenegão

11/03/2015

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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11/03/2015

Para muita gente, o Alaídenegão é uma novidade exótica e saborosa como uma fruta da Amazônia… Mas “novidade” não é um bom termo para definir um grupo que existe desde 2008. Na semana passada, mostramos a faixa “Caia em si” e agora a NOIZE lança com exclusividade “Batom na Cueca”, outra música que estará no primeiro disco completo da banda, Senoide Sensual. Produzido por Rafael Ramos e “meio que coproduzido” por Chuck Hipólitho, como nos disse o guitarrista e vocalista Davi Escobar, o álbum será lançado na internet no próximo dia 17 e sua versão física sairá no dia 10 de abril. Abaixo, você ouve “Batom na Cueca” e lê uma entrevista onde Davi fala sobre o passado, presente e futuro do Alaídenegão:

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Poxa, a banda já existe há um bom tempo. Vocês direto tocam desde 2008?
É, a gente começou em 2008. A Alaíde já é a 3ª banda que eu tenho com o Agenor [Vasconcelos, baixista e vocalista], no começo, o Alaíde era só eu, ele e uma bateria eletrônica. Começou comigo e o Agenor fazendo gravações e tocando, com o tempo é que foi formando a estrutura que tem hoje. Nós já saímos de Manaus, moramos um tempo em Recife, montamos uma outra banda lá, depois a gente voltou pra cá… A formação de agora já tem quase quatro anos. O ano de 2008 nós passamos boa parte gravando, sempre priorizamos esse lance da gravação. Aí fui pra Recife e, em 2010, voltei pra Manaus e o Alaíde voltou com uma formação maior. Não tinha trompete ainda, só depois entrou uma segunda guitarra… Vários artistas já passaram pela formação da Alaíde e deixaram um pouco da sua musicalidade.

Mas as composições são mais tuas e do Agenor?
As letras geralmente partem mais de mim e do Agenor, a gente faz muito a parte musical juntos no estúdio, mas as letras costumam ser comigo e o Agenor. O Vicente [Lima], que tocava conosco, saiu de Manaus, mas a gente tem muita música juntos. No disco que vai sair pela Deck tem umas quatro ou cinco faixas com ele.

A sonoridade da banda, que mistura o carimbó com a pegada de rock, reggae, psicodelia, já tava lá no início quando era só você e o Agenor ou ela foi sendo construída com as mudanças de formação?
Isso foi sendo construído de acordo com as nossas experiências mesmo. Desde o começo da Alaíde, a gente tinha uma pegada de Mutantes, sempre curtimos muito o rock psicodélico, Pink Floyd, etc, sempre gostamos muito. Mas a primeira banda que eu tive com o Agenor foi de punk rock, depois tivemos uma banda de MPB pra tocar na noite, só depois é que surgiu a Alaíde. Então, nosso som é o resultado de toda uma caminhada. Eu sou pernambucano, o Agenor é paraibano, mas a gente tá aqui no Norte faz uns 20 anos. Nos conhecemos em Boa Vista, tivemos essas duas bandas, viemos pra Manaus e já estamos aqui há dez anos. E tudo foi uma questão de construção musical. Aqui, tivemos uma aproximação com o beiradão, o carimbó, a guitarrada… E foi uma coisa muito impactante pra gente. Aí fomos misturando tudo aos poucos, nunca nos prendemos em coisas como: “ah, não pode misturar rock com carimbó”, “ah, não pode colocar reggae com guitarrada, com samba”… E a gente já pagou um preço caro por isso. Talvez por não se encaixar em determinados nichos musicais da cidade, a gente tá sempre circulando por todos. Isso é uma parada que foi sendo construída devagar, mas ao mesmo tempo despretensiosamente.

No clipe de “A Rabeta”, Alaídenegão é um casal, a Alaíde e o Negão, mas vocês já falaram que Alaídenegão é um personagem que vocês criaram. É aí, “Alaídenegão” é um personagem, são dois, ou é mais uma viagem de vocês?
Cara, a gente tava conversando agora mesmo sobre o roteiro de um próximo clipe e falamos: “tá, e agora, quem vai ser o Alaídenegão?”. É muito engraçado isso. Na verdade, Alaídenegão é um personagem que a gente criou. A gente queria um nome de banda que não fosse tendencioso, justamente por a gente misturar muito, não queria um nome que dissesse: “ah, isso é uma banda de rock”, ou de samba, carimbó, sei lá. A gente queria um nome que fosse universal. E Alaídenegão surgiu nessa brincadeira de brainstorm. Alaíde é um nome feminino, né? Aí no clipe de “Rodar Na Bica” o Alaídenegão foi um travesti. Nesse segundo, de “A Rabeta”, resolvemos fazer essa brincadeira de novo, aí Alaídenegão foi um casal, a mina era Alaíde, o cara era o Negão. É como a nossa música, né. Não tem nada muito certo, Alaídenegão é um personagem sim, mas pode ser o que a gente quiser. Tanto que chamam a gente de “os alaídes”. É um algo que não tem gênero, não tem sexo, Alaíde pode ser um cara, pode ser uma mulher, pode ser um trans.

Sobre o cenário musical de Manaus, a impressão que eu tenho é que a cidade fica muito isolada e não chegam notícias dela pro resto do Brasil. O que está acontecendo em Manaus hoje?
Tem vários artistas super talentosos, saca? A cena não é tão unida quanto deveria, mas têm várias pessoas que tão nessa batalha, a gente participa de vários movimentos culturais da cidade. Aqui tem uma cena de reggae muito forte, tem a galera do rock n’ roll… Mas aqui a gente não pode ficar refém de lugares pra tocar, se não a gente tocaria pouquíssimas vezes. O máximo que a gente conseguiu até hoje foi fazer 130 shows, isso em 2012. Hoje, a gente faz de 6 a 8 shows por mês aqui em Manaus. Mas acabamos de voltar de Boa Vista. Também fazemos várias projetos com a Cauxi Produções pra não cairmos no marasmo e também romper aquela questão do lamento caboclo. Porque aqui é tudo muito longe, pra sair daqui é muito mais caro, às vezes a passagem daqui pra Belém é mais cara do que daqui pra São Paulo, então tanto pra sair quanto pra trazer artistas é complicado… Mas ao mesmo tempo tem que se articular pra isso, se a gente ficar chorando sempre vamos ser mais uma banda que ficou no meio do caminho. A gente já encarou várias vezes viagens bancando e acreditando na divulgação do trabalho, sabendo que pra colher os frutos temos que fazer esse investimento.

Vocês pensam em se mudar de Manaus?
Cara, por enquanto não tem demanda pra gente. A gente vive de música aqui. Tem bandas que largam tudo e vão pra São Paulo ou Rio e passam o mês inteiro tentando pra fazer dois shows. Não é fácil. Só poderíamos abrir mão de tudo se tivesse essa demanda. Mas vamos passar provavelmente umas duas semanas em São Paulo, Rio e Minas quando sair o CD novo, até pra abrir portas.

E como surgiu a parceria com a Deck?
Cara, rola um festival aqui chamado Festival Cauxi e a gente trouxe pra cá o pessoal do Zefirina Bomba, que já tinha feito turnê com a gente e já tinha gravado um CD com o Rafael Ramos. Aí o Wilson, que é o vocalista, pegou nossas demos e mostrou pro Rafael. Aí ele me ligou no mesmo dia, já tinha visto nossos vídeos no Youtube, uns até meio toscos, e ele se amarrou. A gente começou esse contato no meio de 2013 e começamos a gravar o CD com a Deck em outubro de 2013. Articulamos tudo com o Rafael e gravamos o disco no estúdio do Chuck [Hipólitho], o Costella. Gravamos 18 músicas em um dia. Foi um dia pra montar o estúdio, deixar tudo pronto, e no outro gravamos das 10h às 2h. Direto, todas as músicas. No disco vão sair 14 músicas, algumas foram caindo, outras vão sair só na internet.

Vocês gravaram tudo ao vivo?
A gente gravou como se fosse um show! A banda toda tocando junto. Depois a gente só refez as vozes. Fomos pro Rio e, no estúdio da Deck, regravamos as vozes, mas não refizemos quase nada dos instrumentos. Nosso trompetista sofreu um acidente e não pôde gravar, aí o Rafael chamou o Jessé Sadoc [trompetista de artista como Djavan] pra gravar, que foi uma participação mais do que especial no disco. Mas esse é um lance de gravar ao vivo é uma coisa que a banda sempre teve. Desde o começo sempre gravamos, pelo menos, baixo, bateria e guitarra juntos. Mas até então, o show da Alaíde era bem diferente das gravações. Nesse disco, nós e o Rafa quisemos registrar o que é o show, no CD. Foi mais ou menos essa a ideia.

Qual foi o papel do Chuck?
Ele foi um grande parceiro nosso, inclusive foi ele que fez o link com a MTV, levou pra lá o clipe de “Rodar na Bica”. A gente chegou até a tocar no Top 10 da MTV, coisa surreal, nenhuma outra banda de Manaus teve um sequer clipe tocando na MTV. E ele meio que coproduziu do disco, gravou tudo com a gente no estúdio dele, e o Chuck e o Rafa são amigos de longa data. Então a gente tava em casa.

Como vocês vão fazer o lançamento do disco?

Com certeza vai ter uma circulação. Em 2012 fizemos dez shows em 20 dias pelo Nordeste e agora queremos fazer de novo, mas agora pelo Norte e Nordeste. Com certeza, vamos fazer no Norte inteiro e, provavelmente, também no Sudeste: São Paulo, Rio, Minas. Um trampo desses não pode ficar só aqui. Tem que rodar. Querendo ou não, o melhor ao vivo que a gente já fez em todo esse tempo de banda foi esse CD aí. Tudo profissa, ficou na mão de quem realmente entende, só passou cara foda pelo disco. É um filho que já tá grandinho, já tá passando da hora de nascer!

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11/03/2015

Revista NOIZE

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